Carlos Nuzman admite que Brasil voltou à década de 90
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) comentou sobre a falta de investimentos após a Rio-2016; a entidade perdeu todos os patrocinadores privados
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Na noite desta quarta-feira, a Cidade das Artes, no Rio de Janeiro (RJ), ocorre o Prêmio Brasil Olímpico, que elegem os melhores atletas de 2016. Porém, a entrevista coletiva concedida pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, teve como principal tema a perda de patrocinadores, assim como o legado da Rio-2016.
Com a perda de todos os seus patrocinadores privados, Nuzman afirmou que o Brasil voltou no tempo.
- Era natural que eu enxergasse dessa maneira, um cenário mais difícil. O Brasil passou de 2002 a 2016 organizando grandes eventos, as origens de recursos eram diferentes. A partir de agora, a gente volta ao que era antes de Sydney-2000. Os patrocínios e recursos eram diferentes e menores. Não temos mais o ciclo de grandes eventos e investimentos. Por outro lado, temos os recursos da Lei Agnelo/Piva (proveniente das Loterias), algo que não tínhamos em 2000.
O presidente do COB afirmou que a entidade busca soluções para lidar com a falta de recursos.
- Temos uma equipe nova da área comercial. Não renovar alguns contratos é uma questão de apresentarmos novos projetos.
Nuzman admitiu que problemas e escândalos envolvendo as Confederações pioram a percepção das pessoas em relação ao esporte olímpico nacional. A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) está suspensa da Federação Internacional (Fiba) desde novembro de 2016 por problemas financeiros; a de Esportes Aquáticos (CBDA) segue com eleições suspensas e a de Taekwondo responde a diversas denúncias.
- É natural que tudo que sai ruim afete a imagem, não tem a menor dúvida. Mas é bom lembrar que falamos de 30 confederações olímpicas e citamos problemas com duas, três. Lógico que não é o que gostaríamos que fosse - comentou o presidente.
O presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016 também comentou sobre o legado do evento, afirmando que não vê erros.
- O legado esportivo não está comprometido. Nenhuma cidade tinha condição de fazer uma transformação como o Rio. Esse era o grande desafio. Nenhuma cidade em 120 anos teve uma transformação em benefício da população como aqui. Mais do que Tóquio (19 anos após a guerra) ou Barcelona. O legado esportivo existe. O que ele precisa é ser pautado em termos de projetos e desenvolvimentos.
Ele também afirmou que o legado é algo que será notado a longo prazo.
- É natural que a gente queria logo ter tudo sobre o legado, mas é bom vermos o tempo que leva para ser montado isso. Londres teve seu parque olímpico fechado por um ano, nós ainda estamos fazendo alguns eventos lá. Sobre a poluição de lagoas e outros locais, Pequim também não cumpriu sua meta. A demora é algo normal, os problemas acontecem. Mas temos caminhos para resolver. Quanto mais rápido, melhor.
Nuzman também falou sobre a atual situação do Maracanã.
- A relação não é boa com a Concessionária, mas é com o Governo do Estado. Eles receberam o estádio e disseram que estava tudo bem. Consertamos o teto do Maracanãzinho e cuidamos do Maracanã. O que acontece é que querem [Concessionária] desviar o foco diante de tantos problemas lá dentro. Nós fizemos a nossa parte.
Carlos Nuzman brigará, este ano, pela presidência da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) e terá como principal rival o dominicano José Joaquin Puello.
- Há uma crise de liderança na região. Minha ideia é transformar a Odepa. Vou rever também a questão de Odesur (Organização Desportiva da América do Sul. Mas a candidatura não atrapalha em nada minha atividade no COB.
Por fim, o líder do COB afirmou que a partir de agora a entidade não mais estabelecerá uma meta de medalha, a exemplo do que ocorreu na Rio-2016. Na última edição olímpica, a delegação brasileira conquistou 19 medalhas e terminou na 13ª colocação no ranking.
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