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Leila ‘esquece’ Nobre e diz: ‘Ninguém na história fez o que fiz no Palmeiras’

Eleita conselheira com a maior votação da história do clube, presidente da Crefisa explica por que vai gastar quase R$ 150 milhões com o Verdão em 2017 e qual sua intenção política

O contrato com Crefisa/FAM renderá ao clube mais de R$ 200 milhões nos próximos dois anos
imagem cameraFoto: Jales Valquer/Fotoarena/Lancepress!)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 16/03/2017
19:55
Atualizado em 17/03/2017
07:00

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Leila Pereira é conhecida por não ter papas na língua, mas está tentando se controlar. Na última quarta-feira, horas antes de ir ao Allianz Parque para ver de perto a vitória sobre o Jorge Wilstermann, ela conversou por 90 minutos com a reportagem do LANCE!. Mencionou o ex-presidente do Palmeiras oito vezes, mas não citou o nome dele em nenhuma delas. Após tomar posse como conselheira, a dona da Crefisa quer deixar as fortes rusgas com Paulo Nobre no passado e olhar para a frente, com o menor número possível de polêmicas.

As frases fortes, porém, continuam sendo marcas registradas da empresária. Ela não tem medo de dizer, por exemplo, que fez muito mais pelo Palmeiras do que as pessoas que tentaram impugnar sua candidatura. E mais: afirma que ninguém, em 102 anos, fez tanto pelo clube financeiramente.

- Eu não esqueço jamais quem esteve ao meu lado, mas você pode ter certeza absoluta que eu não esqueço jamais quem foi contra mim, quem brigou contra mim, quem falou coisas absurdas, quem apoiou essa impugnação. Eu sempre quis colaborar. Nunca quis ser conselheira para ter carteirinha, para ter ingresso de graça. Estou lá para colaborar com o Palmeiras, como já venho colaborando de um jeito que ninguém jamais colaborou. Dá vontade de falar para esse pessoal que foi contra mim: "Meu filho, há quanto tempo você está no Palmeiras? O que você fez objetivamente para o Palmeiras? Você é advogado? Então você advogou alguma vez sem custos?". Pode ter certeza que a maioria absoluta dessas pessoas não fez absolutamente nada, sempre ficou à sombra do Palmeiras, querendo tirar algum benefício - desabafou.

Além de presidente das empresas que vão pagar ao Palmeiras em 2017 quase R$ 150 milhões entre contratos de patrocínio e reforços, Leila considera que pode fazer ainda mais. Agora, politicamente. Eleita conselheira do clube com votação recorde (248 votos), ela acabou de vencer o processo contra a impugnação de sua candidatura, ratificada por aclamação no CD.

Nesta entrevista ao L!, a patrocinadora/conselheira conta quais seus planos na política do Verdão, responde se este é o início do caminho para tornar-se presidente do Palmeiras, e o quanto vale para suas empresas pagar caro para patrocinar a camisa do atual campeão brasileiro.  

Quando decidiu concorrer ao Conselho?
Não pensava em entrar na política do Palmeiras até ser patrocinadora. Porque eu entrei como simples patrocinadora para ajudar, porque somos palmeirenses. Procuramos o clube, como vocês sabem. Mas viramos mais do que um patrocinador, viramos parceiros. A gente contribuía, como o hotel que tem o nome de Centro Crefisa, a sala de imprensa. Começamos a contribuir para adquirir jogadores. Não tinha nada a ver com patrocínio. Vi que a gente colaborando dava resultado. Queremos ver o Palmeiras vitorioso, é nosso objetivo. Como estou contribuindo financeiramente, com minha experiência de empresária, sei lá, a gente pode colaborar mais na política do clube. Como estávamos tendo a liberdade de ser um parceiro, pensei que poderia colaborar. Pensei que poderia entrar na política. Devem ter sido uns sete, oito meses que pensei antes de declarar algo.

Você comunicou Paulo Nobre de que iria ser candidata?
Com o ex-presidente a gente já não tinha relacionamento havia mais de um ano. Não conversei com o Maurício a princípio, mas quando saiu na imprensa ele já sabia. Vários conselheiros amigos e ex-presidentes já sabiam e apoiavam, porque sabiam das nossas intenções com o Palmeiras, que sempre foram as melhores. "Ela só vem para agregar", eles pensavam. Todos ficaram satisfeitos, e inclusive o próprio ex-presidente sabia, não que tenha falado com ele, mas ele sabia das minhas intenções. Me chocou muito ter sido impugnada por um fato que todo mundo sabia há meses que ia acontecer. Eu pleiteava só uma cadeira, nunca quis ser diretora ou ter um cargo indicado pelo presidente. Quis entrar em um cargo em que os sócios me colocassem, entendeu? Que as pessoas vissem que o que estou fazendo é o melhor para o Palmeiras. Tanto que tive uma votação histórica. 

Durante a campanha você conversou com centenas de sócios. O que apresentou a eles nessas reuniões?
Eu relembrei o que já tinha sido feito. Ninguém na história da Sociedade Esportiva Palmeiras fez o que eu fiz pelo Palmeiras. Nem quero desmerecer os que trabalham e vivem o Palmeiras, mas digo em matéria financeira. E futebol é investimento, não é boa vontade. Se você não coloca dinheiro, o negócio não vai. Quando a gente faz investimento não cai do céu, a gente trabalha muito. Tem gente que gosta de separar o patrocínio da pessoa física. Mas é a mesma coisa. Porque quem determina o investimento sou eu. Nos 102 anos do Palmeiras, nem na época da Parmalat o investimento foi tão grande. Muitos vivem o Palmeiras, colaboram de outra forma, mas financeiramente ninguém fez na história do Palmeiras. E dá resultado. Ganhamos a Copa do Brasil e Brasileiro, temos um elenco capaz de disputar com chance de êxito em todos os campeonatos. Evidente é impossível ganhar todos, mas eu gostaria muito. E por quê? Porque tem investimento. Temos seis jogadores, porque o Barrios saiu, foi para o Grêmio. Temos seis jogadores que foram adquiridos com contribuição da Crefisa e da Faculdade das Américas (Fabiano, Thiago Santos, Vitor Hugo, Guerra, Dudu e Borja). Eu falava isso para os sócios e da possibilidade de ajudar a sede social, não só o futebol, com investimento via leis de incentivo. É possível, posso direcionar para o Palmeiras, desde que apresente um projeto bem elaborado, fazer como o Pinheiros faz, que tem a maior parte dos recursos captados por lei de incentivo. Eu posso fazer isso.

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'Mustafá Contursi é a alma do Palmeiras. Ele pensa 48 horas no Palmeiras. Eu sou muito grata por concorrer na chapa dele, muito honrada'

A ajuda como conselheira não poderia fazer só como patrocinadora?
Eu, como patrocinadora, não tenho como ter voz ativa dentro da política e do Conselho. Eu não poderia participar das reuniões do Conselho. Mas tem muitas diretrizes determinadas no Conselho em que eu, até como empresária, posso colaborar. E também fazendo aportes. Poxa, até poderia fazer com leis de incentivo como uma simples sócia. Mas quero fazer como conselheira, porque dessa forma foge da história de foco comercial, de exibir a marca. Meu interesse é ajudar o Palmeiras. Saber quais departamentos precisam de ajuda. A ajuda que quero dar na parte social ou esporte amador será sempre com o aval do presidente, não faço nada sem ele. Como temos um ótimo relacionamento, só posso contribuir mais no mandato do Maurício.

Então você quer estar dentro do Conselho para entender melhor as necessidades, conhecer mais gente no clube...
Claro! O Conselho determina as regras e diretrizes do clube. Quero ser mais uma a colaborar com isso. No futebol já ajudo sobremaneira e vou continuar colaborando. Porque, querendo ou não, o que queremos é um time vitorioso. Nossa grande estrela é o time. Pela grandeza do Palmeiras, merece ter um clube social com mais atenção. Eu acho.

A Crefisa voltou a investir diretamente em jogadores depois da saída do Paulo Nobre. O clube perdeu oportunidades antes pelo rompimento de vocês?
Pode ser. Neste período de um ano sem relacionamento direto com o presidente não soube de qualquer necessidade. Mas claro que atrapalhou. Não dava para fazer qualquer contribuição extra com o relacionamento que tínhamos com o ex-presidente.

Como era patrocinar o clube sendo que você não falava com o presidente?
Eu não patrocinava o ex-presidente. Eu patrocinava a Sociedade Esportiva Palmeiras. Meu amor e meu respeito é, e sempre foi, pela Sociedade Esportiva Palmeiras. Com todos os problemas que tive, jamais deixaria na mão o Palmeiras, independentemente do problema que tivesse com o dirigente, porque consigo separar perfeitamente. Tinha um contrato a ser cumprido, tive vários fatos bem graves que poderiam causar até legalmente uma rescisão por descumprimento de contrato. Nunca quis prejudicar. O que estava ocorrendo é que o Palmeiras não tinha nada a ver, o problema era com o dirigente. Aguentamos bem, aguentamos firme o último ano para o bem do Palmeiras, tanto que com o suporte que tivemos, apesar dos problemas com o ex-presidente fomos campeões brasileiros. Sempre se separou o relacionamento, e todo o tempo tivemos o apoio e atenção do primeiro vice, que hoje é o presidente, Maurício Galiotte. No último ano tratávamos diretamente com ele.

Mustafá (Contursi, ex-presidente), Seraphim Del Grande (novo presidente do Conselho) foram outros com importância nesta relação na crise, certo?
Muito. O Mustafá Contursi é a alma do Palmeiras. Ele pensa 48 horas no Palmeiras. Eu sou muito grata por concorrer na chapa dele, muito honrada. É um presidente que trouxe momentos de glórias que nenhum presidente trouxe para o Palmeiras. É um dos que mais trouxeram títulos. Ele sempre me apoiou, o Seraphim também, porque eles entendiam da nossa importância dentro do Palmeiras. Eles dizem que o futuro vai dizer isso, da importância da nossa parceria. Eu tratava muito com o Maurício. Tive muitas pessoas, o vice (Antonino) Jesse (Ribeiro) também, uma pessoa muito consciente da nossa parceria. São pessoas que fizeram a diferença, são formadores de opinião, com muita credibilidade, que viram que aquilo que estava acontecendo era um absurdo, que estávamos buscando o bem do Palmeiras. Eles pensam no melhor para o Palmeiras, não para a Leila, para a Crefisa, para a Faculdade das Américas. Para o Palmeiras. Dá para ver nitidamente quem está ao lado do Palmeiras e quem só pensa neles próprios. Eu nunca fiz mal ao Palmeiras, eu sempre quis ajudar o Palmeiras. Se alguém falar algo, eu gostaria que alguém viesse falar quando prejudiquei, que estou errada em algum ponto. Que me digam. As pessoas que estavam contra mim queriam que eu me indispusesse com a Sociedade Esportiva Palmeiras e largasse como foi em 2014, quando quase caímos para a Segunda Divisão. Era o que as pessoas queriam. Os que votaram contra mim só pensam em benefício próprio.

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'Antes da Crefisa e FAM, qual foi o momento de ouro do Palmeiras? A Parmalat, quando tinha investimento. Depois, o ficou adormecido. Nós acordamos o Palmeiras'

O que poderia ter causado a rescisão de contrato?
O gravíssimo foi no título da Copa do Brasil. O que o patrocinador quer nesse momento? A exposição de marca. Estava no estádio e vi que estavam usando uma camisa branca na comemoração. Não nos comunicaram e a camisa (de jogo) estava toda coberta. É de uma falta de profissionalismo, de respeito, de uma irresponsabilidade ímpar. Imagina um time da Espanha, Inglaterra, comemorar o título e cobrir o patrocinador? Isso não existe! Ali poderíamos ter rescindido o contrato. E a gente fica como se fosse bobo, trouxa. Um absurdo. Ali foi o mais grave, mas sabíamos que era uma decisão de uma única pessoa, e não era o pensamento da Sociedade Esportiva Palmeiras. Como o presidente tem muito poder no Palmeiras, foi uma decisão unilateral, foi feito sem a comunicação, não sabíamos de nada. O fato mais grave foi esse.

No Brasileiro vocês estipularam uma multa e no pódio só uma pessoa foi sem uma camisa com a marca da Crefisa, o Paulo Nobre. Foi uma provocação?
Uma falta de respeito. Mas aí tudo bem, eu já esperava. Os campeões foram nossos jogadores, comissão técnica e todos respeitaram o patrocinador, que colaborou para o Palmeiras estar onde está. Eu tenho convicção que sem o investimento da Crefisa e FAM o Palmeiras não estaria no patamar hoje. Vamos raciocinar juntos, para não parecer prepotentes: antes da Crefisa e FAM, qual foi o momento de ouro do Palmeiras? A Parmalat, quando tinha investimento. Depois, o Palmeiras ficou adormecido, nós acordamos o Palmeiras. O Palmeiras quase caiu em 2014, então tem de ter investimento. Acredito que ajudamos bastante o Palmeiras a estar na posição de hoje. Falo com naturalidade e consciência tranquila. A Crefisa colabora, cabe ao Palmeiras ter pés no chão para seguir sendo um grande clube com Crefisa ou sem Crefisa. Mas não penso em sair do Palmeiras tão cedo, tá? Gostaria que o casamento fosse indissolúvel.

'Não penso em sair do Palmeiras tão cedo, tá? Gostaria que o casamento fosse indissolúvel'

Você administra muitas empresas, passou por um processo pesado político. Não é só amor, há um retorno de marca. O que representa financeiramente para Crefisa e FAM a parceria com o Palmeiras?
Não consigo dizer que as vendas na Crefisa aumentaram um determinado valor, que as matrículas na FAM aumentaram um determinado valor. Não consigo mensurar isso. O que consigo mensurar é intangível, quantas pessoas passaram a conhecer a Crefisa e a Faculdade das Américas. Não tenho a menor dúvida. Vou para qualquer lugar do mundo - e tem brasileiro em tudo quanto é lugar - e falam: "nossa, Leila, parabéns pelo trabalho no Palmeiras". Eu sou presidente da Crefisa há 12, 15 anos e fundei a FAM com meu marido. Nunca tive tanto assédio às minhas empresas como agora. Por quê? Pela exposição da marca, por ser patrocinadora do Palmeiras. Tudo bem que sou uma grande anunciante das redes de TV, mas quem presta atenção na nossa marca são as pessoas do meu público. Com o Palmeiras atinjo a todos os públicos. A Crefisa sempre foi uma empresa muito grande, com 5 milhões de clientes ativos. Eu teria de fazer um trabalho para ver o valor anterior ao Palmeiras, que não fiz, e não me interessa, porque não vou colocar ações na bolsa. Não tenho dúvida que o valor que pagamos de patrocínio é muito além do valor de mercado. Mas esta outra parte é o amor que temos pelo clube. Somos palmeirenses. Gostaríamos de servir de exemplo para outras empresas que futebol dá retorno. O país passou por uma crise absurda. Pode ser que sem este investimento a gente sofresse algum abalo na empresa. Todo dia tem alguém falando de Crefisa e FAM e isso eu acho que se transforma em negócio.

Vão terminar o ano colocando mais de R$ 100 milhões no Palmeiras, um valor bem acima do mercado. Qual seria o valor de mercado? Os R$ 23 milhões do começo, em 2015?
Este é um grande problema para uma patrocinadora palmeirense dizer. Não posso dizer que vale menos, sei que o mercado pagaria menos, mas tenho que falar do Palmeiras. Se eu pago isso ao Palmeiras, é porque acho que vale. Não só pelo retorno ao meu negócio, mas tem valor colaborar por um time campeão. Se não contribuo para adquirir os jogadores que adquirimos, de repente o Palmeiras não seria campeão. Como vou manter um time campeão? E isto tem valor, gente. Tem o valor que não é financeiro, mas é emocional, que faz a marca ser bem vista, bem posicionada. Se pago o valor de mercado, R$ 35 milhões, R$ 40 milhões, não teria as estrelas que temos, o melhor elenco do Brasil, não é verdade?

Quanto o mercado paga para o patrocínio de grandes clubes?
As pessoas que bateram forte em mim não representam o Palmeiras. Não quero comprar cadeira nenhuma, fui eleita com a maior votação da história do Palmeiras e fui ratificada por aclamação pelo Palmeiras. Se a maioria esmagadora votou em mim, o Conselho aprovou, eu tenho razão. O Palmeiras não está à venda, são umas coisas que falam tão sem pé nem cabeça que fico besta. Eu acredito na força do futebol.

Você participa das tomadas de decisões no futebol?
Não tenho expertise para isso. O Alexandre Mattos conduz isso muito bem, é um dos grandes craques do Palmeiras, o melhor do Brasil na função dele. Nunca tive ingerência nenhuma. Nem palpite, nada. Seria ridículo. É como se o Alexandre Mattos viesse aqui na Crefisa falar o que deveríamos fazer. Cada um na sua, sou uma parceira e quero contribuir pelo Palmeiras cada vez maior. Imagine os grandes, médios e pequenos com bons patrocinadores. O campeonato seria espetacular. Vou falar tanto que vou colocar na cabeça de outras empresas: é importante investir em futebol. São milhões de torcedores apaixonados, entende?

Como foi a novela Borja para você?
Eu não aguentava mais (risos). Era engraçado, porque eu frequento o clube e vinham criancinhas de cinco anos, mandadas pelo pai, perguntar: "tia, e o Borja?". Era muito engraçado. Eu dizia que tinha de perguntar ao Alexandre Mattos, ao presidente do clube. Era demais, já não aguentava. Facebook da Crefisa, Faculdade das Américas, nos sites, era só isso. A gente queria divulgar nossa marca, nossos produtos, e o pessoal perguntando do Borja. Era uma coisa infernal. E eu falando que não tinha nada com isso, imagina para o Alexandre e para o Maurício a loucura que foi?

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'Eu sou presidente da Crefisa há 12, 15 anos e fundei a Faculdade das Américas com meu marido. Eu nunca tive tanto assédio às minhas empresas como agora'

Como foi quando a novela acabou?
Curiosamente no dia que recebi o título de cidadã (paulistana) foi quando assinou. Tinha que acontecer. Eu sumia no evento, e o Maurício estava lá. Ele é nota 1000, eu disse que ele vai fazer a era de ouro no Palmeiras. É um cara competente, uma pessoa do clube, honesto, pé no chão. Tem o diálogo muito franco, muito claro, entende a importância do parceiro, ele tem respeito com o parceiro. Ele estava lá pelo meu título, e o Alexandre na Colômbia. Tanto que quando assinou, chamaram o meu marido (José Roberto Lamacchia) na sala e ele falou com o Borja no telefone. Foi superbacana. 

Quando vocês aportam um valor para o Palmeiras fazer a contratação de jogadores, é devolvido apenas a quantia que colocaram?
Sem correção, sem juros, sem nada.

O Barrios tinha todos os gastos bancados por vocês e saiu gratuitamente para o Grêmio. Deu prejuízo?

Vou te falar com toda sinceridade: eu não contribuo em aquisição de jogador para ter lucro, contribuo para o Palmeiras ficar mais forte. Quando você adquire um jogador, pode ser que o técnico não ponha para jogar, pode ser que se machuque... Eu torço para que o Barrios vá bem, mas não contra o Palmeiras (risos). Torço por ele, gosto dele como pessoa, sempre foi um rapaz extremamente correto. Se ele não teve a oportunidade que gostaria, a responsabilidade não é minha, o técnico que decide, mas eu sei do risco. Esses outros seis que ficaram, eu sei que pode acontecer algum problema. Eu não empresto dinheiro para o Palmeiras. Tanto é que se venderem um jogador, a gente pode conversar com o presidente para adquirir novos jogadores com o dinheiro. Eu quero um Palmeiras vitorioso.

O mandato como conselheira dura quatro anos. É possível dizer que a parceria entre Palmeiras e Crefisa dura ao menos mais quatro anos, então?
Enquanto o Maurício for presidente do Palmeiras, e eu gostaria muito que ele fosse por quatro anos, terá como parceiras a Crefisa, a Faculdade das Américas, e a Leila conselheira como fiel escudeira.

Qual foi a sua reação ao ver a nova Academia de Futebol ser batizada de Centro Crefisa?
Eu não sabia e fiquei muito feliz, muito honrada. Acho que aquilo passou pelo COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) e a maioria entendeu a importância da parceria, tanto que colocaram nosso nome. Aquilo lá foi uma homenagem, não faz parte do contrato. Também porque fizemos 80% daquela reforma. O orçamento era de R$ 8 milhões, não foram R$ 16 milhões (a revista oficial do clube divulgou que Paulo Nobre aportou R$ 16 milhões para concluir a obra). E a sala de imprensa, fizemos 100%.

'Era engraçado, porque eu frequento o clube e vinham criancinhas de cinco anos, mandadas pelo pai, perguntar: "tia, e o Borja?"'

Três vices de Maurício Galiotte (Genaro Marino, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli) votaram pela impugnação de sua candidatura ao Conselho. Como fica a relação com eles daqui para frente?
Eu não lido com vice-presidente, lido só com o presidente. Todo o caso da impugnação muitos dizem que não foi pessoal, mas foi pessoal, sim. Estavam atacando diretamente a minha pessoa, dizendo que a Leila foi eleita de uma forma que não poderia ter sido. O problema era comigo, a maior patrocinadora da América do Sul, que sempre contribuiu, sempre fez as coisas mais corretas possíveis. Eu, como presidente da Crefisa e da Faculdade das Américas, jamais colocaria o meu nome em um projeto que não fosse absolutamente correto. Tentaram macular minha credibilidade e isso eu não admito. Por que comigo? Por que esse rigor, essa investigação profunda sobre o meu caso? Investigação profunda que acabou comprovando que estava tudo correto, tanto que mais de 200 conselheiros me aprovaram por aclamação. Lutei até o fim para comprovar que estava tudo regular e até para desmascarar essas pessoas. Inclusive, o ex-presidente não estava presente no dia da votação.

Os que eram contra sua candidatura alegavam que você tornou-se sócia apenas em 2015 e não poderia concorrer à vaga no Conselho por isso. Como foi o processo para você se tornar sócia?  
O ex-presidente Mustafá Contursi me concedeu o título em 1996 (nota da redação: no mesmo ato em que viraram sócios Josefina Farah e Eduardo José Farah, então presidente da Federação Paulista) e o presidente atual ratificou que o documento era válido. Fui eleita com a maior votação da história e o Conselho me aprovou por aclamação. É isso que interessa. Como eu sou sócia desde 2015 se votei no Maurício para presidente? Eu sou sócia desde 1996. Inventaram essa conversa, mas lutei pela verdade até o fim.

Todos conhecem a Leila Pereira presidente da Crefisa, patrocinadora do Palmeiras. Como era a Leila Pereira antes da fama?
Eu não sou famosa (risos). Famosas são a Crefisa e a Faculdade das Américas. Eu fui criada em Cabo Frio. Meu pai era médico, meus dois irmãos são médicos, minha família mora em Cabo Frio. Com 17 anos, fui para o Rio fazer faculdade de jornalismo. No mesmo ano, entrei como estagiária na TV Manchete, no departamento de esportes. Aí que começou meu relacionamento com o esporte. Meu pai e meus irmãos são vascaínos, mas eu nunca liguei para o futebol até trabalhar na Manchete. Com 18 anos, conheci o meu marido, que é extremamente palmeirense. Ele também escrevia em jornal, mas há 500 anos, nem existia faculdade de jornalismo. Ele sempre gostou muito do Palmeiras. Com meu namorado palmeirense doente, comecei a me interessar por futebol. Quando o Palmeiras jogava no Rio de Janeiro, a gente ia sempre com a comitiva, porque o Zé Roberto conhecia o pessoal. Quem me fez uma grande palmeirense foi meu marido. Ele é doente, mas não externa. Ele gosta muito de futebol, e eu também. Meu relacionamento como torcedora foi a partir daí. Me formei em jornalismo e em seguida comecei a fazer direito, sou advogada. Mudei para São Paulo, comecei a advogar. Quando meu marido desfez a sociedade com o irmão, comecei a trabalhar nas empresas como advogada. Fui muito bem, né? Me tornei primeiro diretora, depois presidente da Crefisa, e hoje sou a principal executiva da empresa. Ele não toca o dia a dia, só as questões mais relevantes, principalmente com relação ao Palmeiras (risos).

Seu marido também foi eleito conselheiro, e como ele está se sentindo?
Ele costuma dizer que está vivendo os melhores momentos da vida dele. As pessoas ficam falando que ele é louco, paga muito mais do que deveria, mas isso não tem preço. Meu marido está com 73 anos, teve câncer, um linfoma, graças a Deus saiu bem, ainda fica tomando conta para não voltar... Foi quando ele teve alta que começou a patrocinar o Palmeiras. Ele não ia mais a jogos, via na televisão, mas pelo patrocínio começou a ir ao estádio, ter relacionamento com diretoria, ir em festas do Palmeiras... Isso dá muita felicidade a ele. Ele fala: "Leila, estou passando momentos que jamais imaginei". Ele viu o time campeão com a participação dele. Ele saber que é responsável pela glória do time dele, por proporcionar felicidade para milhões de pessoas, as pessoas agradecerem a ele... São experiências que ele jamais imaginou. O Palmeiras está dando essa felicidade para ele. Vocês imaginam um grande torcedor poder patrocinar o seu clube?

Pensa em virar presidente do Palmeiras?
Não tenho tempo para isso. Para ser presidente de um grande clube como o Palmeiras você precisa se dedicar "full-time" e eu tenho que cuidar das empresas.

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