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Da pira olímpica à cerveja em um posto de gasolina, Vanderlei festeja: ‘Eu recebi a minha medalha de ouro’

Horas depois de acender a pira na cerimônia de abertura dos Jogos Rio-2016, ex-atleta concedeu entrevista totalmente inesperada em um posto de gasolina. Após a cervejinha...

Vanderlei Cordeiro de Lima acendeu a pira olímpica<br>​
imagem camera(Foto: AFP)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 06/08/2016
13:53
Atualizado em 06/08/2016
18:24

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Um encontro inusitado, e uma entrevista mais ainda. Horas depois de ser uma das estrelas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio-2016, ao acender a pira olímpica, Vanderlei Cordeiro de Lima parou em um posto de gasolina nas cercanias do Maracanã para relaxar e tomar uma cerveja antes de ir para o seu hotel e descansar após um dia longo, puxado e emocionante. Mal sabia ele que, no mesmo local, por coincidência, seis jornalistas do LANCE! (Fábio Suzuki, Felipe Domingues, Marcelo Laguna, Guilherme Cardoso, Rafael Valesi e Thiago Perdigão) e uma outra repórter, do jornal "O Popular", de Goiânia, faziam o mesmo. Era a chance para abordá-lo para uma entrevista. Afinal, Vanderlei havia sido o "cara" da festa de abertura.

Já era madrugada, por volta das 1h30. Vanderlei, acompanhado de uma produtora de uma emissora de televisão, entrou na loja de conveniência do posto localizado no encontro da Avenida Professor Manuel de Abreu com a Rua São Francisco Xavier. O objetivo era beber uma cerveja bem rápido, ir para o hotel, dormir e pegar um avião na manhã seguinte para casa. Foi fácil identificá-lo, pois ele ainda não havia retirado o uniforme branco que vestiu para acender a pira olímpica. O medalhista de bronze na Olimpíada de Atenas-2004 fez a compra, e na saída da loja deu de cara com os repórteres e com funcionários do posto de gasolina, que já o aguardavam e queriam tirar fotos e cumprimentá-lo.

- Sou brasileiro, e também sou filho de Deus - disse Vanderlei, para gargalhadas de todos, com seu copo de plástico na mão. 

Em um bate-papo de cerca de cinco minutos e totalmente descontraído, Vanderlei falou sobre as emoções que havia acabado de sentir. Ele, que entrou para a história do esporte mundial na Olimpíada de Atenas-2004 ao ser agarrado pelo padre irlandês Cornelius Horan enquanto liderava a prova da maratona, diz que acender a pira foi como ter ganho a medalha de ouro que ele acabou perdendo na Grécia.

Vanderlei Cordeiro de Lima
A inusitada entrevista com Vanderlei, no posto (Foto: Rafael Valesi)

Confira abaixo a entrevista com Vanderlei Cordeiro de Lima:

Como recebeu a notícia de que você seria o encarregado de acender a pira olímpica?
Na última hora me ligaram para substituir o Pelé, cara! Foi uma surpresa para mim, eu não esperava. Hoje eu recebi a minha medalha de ouro. Viver essa emoção foi mais do que a conquista de uma medalha. Pude compartilhar isso com toda a nação, aqui representei cada um deles. Para todos nós esportistas que estamos vivendo este momento, é algo marcante fazer parte dessa grande história. Foi a primeira vez que eu participei de uma cerimônia de abertura. Eu nunca tinha participado, já que a maratona é sempre a última prova. Eu chegava depois. Foi muito gratificante, estou muito feliz.

Que horas você ficou sabendo que acenderia a pira?
Eu não marquei o horário, não (risos). Foi mais ou menos uma hora e pouco antes. Eu já estava no estádio.

"Na última hora me ligaram para substituir o Pelé, cara! Foi uma surpresa para mim, eu não esperava. Hoje eu recebi a minha medalha de ouro. Viver essa emoção foi mais do que a conquista de uma medalha."

Qual foi a sua reação quando soube da notícia? 
Recebi a notícia de uma maneira natural. Eu não esperava. Fiquei bem tranquilo, recebi o comunicado mas ainda precisava de uma confirmação. Fiquei tranquilo, recebi de uma forma natural. Claro que dentro das enquetes, sempre havia um apelo para que o Vanderlei acendesse a pira. Também dei entrevistas para a mídia brasileira e do exterior, lá fora cogitava-se que eu acendesse a pira, mas em momento algum eu havia pensado na possibilidade. Jamais pensei que pudesse ser essa pessoa. Tive o momento de conduzir a tocha olímpica (em Brasília, no primeiro dia do revezamento), mas esse da pira eu jamais esperava. Foi muito gratificante fazer parte desse momento e entrar para a história.

O que sentiu na hora de acender a pira?
Foi um momento bem tranquilo. Não dá para pensar em muita coisa. Eu estava curtindo aquele momento. Essa chama está acendendo o espírito de cada um dos brasileiros. Não estamos vivendo o melhor momento no país na questão política e econômica, então esse  é um momento que vem dar um pouco de alegria para os brasileiros. É hora de juntar forças e passar energia para os nossos atletas, eles precisam do apoio da nossa nação. Precisamos fazer não apenas essa grande festa, mas também uma grande participação.

Esta boa impressão deixada pela cerimônia de abertura pode fazer com que a Olimpíada do Rio caia nas graças do povo brasileiro de uma vez por todas?
Temos que aprender a cultuar um pouco mais o esporte, pois contribui com o desenvolvimento. Não com as conquistas, mas com os valores. Esse é o grande legado que a Olimpíada pode deixar, de bons exemplos. Claro que estar aqui e poder contribuir de uma forma positiva é gratificante. Aquilo que eu vivenciei (em Atenas) é a história de cada um dos brasileiros, a esperança de que o amanhã seja melhor, e não desistir jamais. Foi o que refleti no meu sorriso, acendendo a pira. Todos os brasileiros precisam disso, nesse momento de transformação do país.

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