‘Temos de ser parceiros dos clubes, atletas e governos na crise’, diz Lisca

Em entrevista à reportagem LANCE/Valinor Conteúdo, o treinador falou sobre a parada do futebol pelo coronavírus e diz que essa dificuldade pode ser uma oportunidade para todos

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O América-MG está lutando fora dos gramados para manter o clube funcionando de forma saudável, já que a pandemia de coronavírus afeta não só o futebol mundial, mas todas as atividades econômicas e de saúde no planeta. E, em tempos de pausa forçada, os torcedores sempre querem saber como andam atletas, técnicos neste período complicado para o mundo.

A reportagem do LANCE!/Valinor Conteúdo conversou com o técnico Lisca, do Coelho, sobre seu isolamento, perspectivas com a equipe para o restante da temporada, caso ela retorne em tempo hábil.

Lisca tem nove jogos no comando do Coelho, pelo Estadual e Copa do Brasil. O treinador e a equipe americana seguem invictas na temporada 2020, com o time mineiro tendo consistência em todos os setores do campo. No Campeonato Mineiro, o América é o líder com 21 pontos, classificado às semifinais da competição. Caso confirme a liderança, se o Estadual voltar, o Coelho poderá jogar por resultados iguais até uma possível final. E, técnico celebra esse momento do time e a tranquilidade de trabalho até aqui. Confira nossa entrevista com o técnico americano.

1- Como está a cabeça nesta parada forçada? O que tem feito para se manter a cabeça em forma e para passar o tempo, sem poder sair de casa?

R: O treinador está mais acostumado a ficar em casa, mas a gente procura compensar na relação com a família, na convivência, estudando e assistindo a jogos atuais e antigos. Assim a gente vai levando e fortalecendo principalmente o vínculo familiar, estamos aproveitando o máximo de tempo possível e mantendo a cabeça sadia e forte neste momento.

2-Concorda com esse isolamento social imposto para evitar a propagação do coronavírus? E sua família? Está seguindo as recomendações dos especialistas?

R: Concordo com as determinações dos órgãos de saúde, temos que respeitar as autoridades. Temos visto que no Brasil e em outros países esse isolamento total evitou uma propagação maior do vírus e estamos cumprindo à risca, saindo eventualmente para ir ao mercado, sem contato com quase ninguém, procurando manter esse isolamento.

3- Em relação ao planejamento do América para 2020. Quanto a parada pode prejudicar o time, que vinha em ascensão? Isso pode afetar na reta final do Mineiro e na Série B?

R: Tudo na vida tem seu lado bom e ruim. A parada é para todos. Não adianta ficar chorando. Vínhamos bem no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil, além de estarmos com o planejamento em andamento para a Série B. Temos de fazer desse limão, uma limonada. E quem souber voltar bem. não se descuidar bem nesse período parado, nessas férias diferentes, vai ter vantagem no desempenho nesse retorno. Também estamos cuidando dessa parte com os jogadores de manter eles bem fisicamente na medida do possível, inclusive na relação com a bola, para não ficarem muito distantes dela. Temos de ser parceiros dos clubes, atletas e governo neste momento. Não é hora de ficar chorando. Na dificuldade pode ser uma chance para todos.

4 -Concorda que o Coelho deveria ser declarado campeão estadual?

R: O América pode ser declarado campeão se não voltar, acho que nesse caso é o mais justo, apesar de faltar a gente jogar contra dois adversários na fase de classificação. Mas acredito que tenhamos uma continuidade, é importante e acho que vai ser viável completarmos todas as competições dentro de campo, como deve ser.

5 - O calendário do futebol brasileiro vai sofrer com essa pausa forçada. Como vê uma possível adequação do nosso futebol ao calendário europeu?

R: Olha, vai ficar apertado. Mas, teremos datas, pois não haverá pausas da Copa do Mundo , datas FIFA, eliminatórias, Eurocopa, Olimpíada, que foram canceladas para o ano que vem e acho que poderemos por em dia as competições. Quanto a adequação do nosso calendário ao europeu, eu vi o Pochettino, ou algum treinador europeu falando sobre a adequação do calendário deles com o brasileiro. Somos os únicos diferentes na América. Pegaria a Europa no meio da temporada e por aqui no fim. Essa peculiaridade é importante. Pela primeira vez ouvimos um treinador importante falar sobre adequar o calendário deles ao nosso. Ele não disse isso pela pandemia do coronavírus. É mais pela adequação para a Copa do Mundo de 2022, que será disputada em dezembro, no Catar. [E algo para se estudar e tem de ser bem pensado.

Nota da redação: a fala sobre adequar o calendário brasileiro ao europeu, foi dita por André Villas Boas, treinador do Olympique de Marselha da França.


6- Como estão sendo esses dois meses de clube? Esperava se encaixar tão rapidamente em BH e fazer o time engrenar?

R: No ano passado tive oportunidades de assumir alguns trabalhos mas escolhi aguardar um trabalho de início de temporada. Quando o Felipe tem o convite do Bragantino, já chego numa situação diferente, um clube que não passa por uma crise, uma falta de identidade, pelo contrário, tem uma identidade muito bem definida, uma comissão muito bem integrada e o modelo de jogo se encaixa com a filosofia que penso. Isso tudo foi importante para conseguirmos bons resultados no início do trabalho.

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