Kalil x Sette Câmara: novo capítulo da disputa na política do Atlético-MG

O ex-presidente e o atual do clube, estão trocando farpas via imprensa e, mais uma vez Kalil alfinetou o agora adversário. O vice, Lásaro Cândido, tenta por "panos quentes"

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Um novo capítulo de uma disputa de poder político no Atlético-MG entre o atual presidente do clube, Sérgio Sette Câmara, e o ex-mandatário e prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, revela mais uma aresta entre os dois, que vem travando duelos verbais há vários dias.

O início de outra celeuma entre os dois aconteceu depois que Sette Câmara postou um tweet celebrando o pagamento da dívida de mais de R$ 13 milhões à Udinese-ITA, após a perda de um processo que corria na FIFA havia seis anos.

-Agradeço ao nosso competente time do financeiro e, principalmente, aqueles que por amor não mediram esforços para ajudar. Obrigado Rubens Menin, Rafael Menin, e Ricardo Guimarães. R$13.454.328,54: fatura paga!#AquiÉGalo- postou Sette Câmara, que pouco antes do acerto com os italianos, alfinetou Alexandre Kalil em em entrevista ao Blog do Perrone, já que o ex-presidente havia feito o negócio em 2014.

-Não é só ficar levantando caneco e deixar a herança maldita para os outros presidentes. A conta chegou. E caiu no meu colo-disse o presidente alvinegro.

A reação foi imediata de Kalil, que durante uma live na prefeitura de BH, explicou o negócio e ainda devolveu o cutucão em Sette Câmara.

- Sempre precisei de dinheiro, mas vinculados em contratos de TV, e nunca precisei de caridade de ninguém quando fui presidente do Atlético - disse Kalil.

Falastrão e sempre com frases de efeito, Alexandre Kalil seguiu os ataques a Sette Câmara, desta vez, minimizando o tamanho do atual presidente na história do clube.

-- No Atlético eu posso rivalizar com Elias Kalil, com Nelson Campos (ex-presidentes históricos). Não tenho que rivalizar com ninguém do Atlético, não. E eu já saí de lá tem uma eternidade. Ele (Sette Câmara) que não consegue me esquecer.

Kalil citou ainda um matéria do jornalista Juca Kfouri, do UOL, em seu blog, que contava que o ex-presidente fez um acordo com patrocinadores do Galo para quitar débitos. E, na fala não perdeu a chance de cutucar outra vez Sette Câmara.


- Ele (Juca Kfouri) escreveu que eu fiz um contrato com a firma que era da MRV, que eu dei 13% do jogador(do atacante Guilherme) e tal. Eu não botei no meu Twitter "obrigado" pra ninguém, não. Eu cedi, eu fiz negócio. Eu fiz negócios no Atlético. Eu não tenho nada contra ninguém. O Rubens (Menin) é meu amigo pessoal, vamos deixar isso muito claro. Tenho por ele muito respeito. Espero que ele tenha por mim também - disse o prefeito, que seguiu atacando.

-Aquilo (tweet do Sette Câmara) foi uma jogadinha. 'Muito obrigado' e tal. Obrigado o quê? É de graça? Então fala: 'Está doado'. É isso que eu fiquei com raiva. 'Jogou o Maicosuel no meu colo'? Que isso?! Vamos respeitar! 'Obrigado' é quando papai me dava mesada. Não tem 'obrigado', não - disse, para em seguida explicar como funcionava sua gestão financeira no clube.

- Eu fiz questão de ligar pro (Carlos) Fabel (ex-diretor financeiro), que não trabalha mais no Atlético, pra vocês verem como muda a linha do tempo. Eu paguei, corrigido, de dívidas para trás, que não eram minhas, R$ 250 milhões. Estou tirando aí quatro meses de folha atrasada e R$ 2 milhões de cheque sem fundo que foi dado na praça. Eu peguei com quatro meses de salário atrasado. E entreguei o Atlético devendo também, menos que R$ 250 milhões, e com dois meses de salário atrasado. Entreguei pro Daniel Nepomuceno. E o Daniel deve ter repetido a fórmula, não sei como, eu já tinha um mandato fora, e entregou pro outro lá (Sette Câmara). Assim é sucessivo. Não tem novidade nenhuma - explicou.

Alexandre kalil também comentou sobre o bloqueio de dinheiro da venda do atacante Bernard, pela Fazenda Nacional. O ex-dirigente explicou que fez um acordo para pagar menos ao Profut(programa de refinanciamento de dívidas fiscais com o governo federal).

- E o Atlético tem uma coisa que ninguém sabe. Quando bloquearam parte do dinheiro da venda do Bernard, talvez a torcida do Atlético não saiba, eu negociei o Profut de 2014 até 2021 adiantamento de parcelas com o valor retido. O Atlético só paga 50% do Profut porque os outros 50% já foram pagos adiantadamente. Isso a torcida não sabe, isso eu nunca falei. Isso não interessa. O que interessa é a bola entrando na casinha. Ah, pagou R$ 250 milhões de dívida, fez isso, fez aquilo? Não interessa. Interessa é botar caneco pra dentro. Isso é que a torcida quer saber - concluiu Alexandre Kalil.

Vice tenta apaziguar o ambiente

O vice-presidente do Atlético-MG, Lásaro Cândido, fez uma postagem nesta sexta-feira, 1º de maio, demonstrando preocupação com a tensão interna no clube.

-Em tempos de pandemia e início da construção do nosso Estádio-Arena MRV,considero ainda mais importante evitar os atritos entre pessoas importantes p o GALO; Valorizo a importância do Sérgio, Alexandre,Daniel,Castellar,Emir, Rubão,Rodolfo,Avelar,Ricardo e centenas de conselheiros- postou Lásaro em seu Twitter.

Saída de filho de Kalil do Galo aumentou a rixa com Ricardo Guimarães e “azedou” relação com Sette Câmara

A saída de Felipe Kalil, médico do Atlético-MG, e filho do prefeito de BH e ex-presidente do alvinegro, que pediu demissão do clube em março foi outro episódio recente dos bastidores quentes do clube alvinegro.

A motivação para deixar o Galo, tomada por Felipe, seria o desejo de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, e um dos atuais patrocinadores do time atleticano com o seu banco, o BMG, que o médico fosse demitido do cargo que ocupava na instituição. Ricardo teria feito o pedido da saída de Felipe diretamente ao atual presidente do alvinegro, Sérgio Sette Câmara.

Sérgio Sette Câmara tentou demover Felipe Kalil de sua decisão de sair do clube e continuar a compor o corpo médico alvinegro, onde trabalhava desde 2016. Todavia, os pedidos de Sette Câmara não foram atendidos por Felipe, que preferiu sair.

Felipe teve papel destacado no Atlético, estando na comissão médica da Seleção Brasileira que disputou a Copa América de 2019, no Brasil, a convite de Rodrigo Lasmar, chefe médica da Seleção e que também atua no time mineiro.

O pedido de demissão do filho de Alexandre Kalil, do corpo médico do Galo, expôs uma antiga disputa interna entre ex-presidentes. Ricardo Guimarães e Alexandre Kalil são adversários políticos no Atlético há muitos anos e o rompimento veio quando Guimarães era presidente e Kalil cuidava do futebol, em 2003.

A rixa aumentou quando Kalil assumiu o cargo de presidente do clube, ficando no Galo de 2008 a 2014. Ricardo dirigiu o clube entre 2001 a 2006. Com os recentes investimentos de parceiros do Atlético-MG, incluindo o BMG, Ricardo Guimarães ganhou força na gestão de Sérgio Sette Câmara, cujo ano de 2020 tem sido marcado por fortes investimentos em atletas mais caros.


O afastamento entre Alexandre Kalil e Ricardo Guimarães teve como mote principal a aproximação de Ricardo a CBF, então presidida por Ricardo Teixeira, que era desafeto de Kalil, que sempre foi contra se relacionar com a entidade, por considerar que em diversas vezes prejudicou o time alvinegro dentro e fora de campo.

A divergência fez com que Kalil deixasse a gestão de Guimarães em 2003 e, no ano seguinte,2004, virasse oposição a Ricardo ao ser o novo presidente do assumiu do Conselho Deliberativo do Atlético-MG, para em seguida se tornar o mandatário do clube.

A rivalidade pode ter aumentado, pois no período Kalil na presidência, o Galo conseguiu suas maiores conquistas, como a Libertadores de 2013; Recopa e Copa do Brasil de 2014, além três mineiros, em 2010, 2012 e 2013. Já no período de Ricardo Guimarães, o Atlético foi rebaixado em 2005, tendo sua gestão recebido muitas críticas. Ricardo Guimarães ainda não comentou os fatos descritos sobre o pedido de demissão de Felipe Kalil.

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