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Sincero, Paulo Autuori abre o jogo, critica CBF, calendário e muito mais

Incomodado com o cenário, o treinador não teve papas na língua e disparou a sua opinião em conversa com o Estadão

Paulo Autuori
imagem cameraDivulgação/Athletico-PR
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Lance!
Futebol Latino
Dia 15/12/2020
18:48

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Atualmente no comando do Athletico, Paulo Autuori é um dos profissionais que pensam fora da caixinha no futebol brasileiro e não costuma agradar dirigentes quando concede uma entrevista.

Nesta terça-feira, o treinador do Furacão abriu o jogo ao Estadão. No modo sincero, comentou sobre calendário do futebol brasileiro, diálogo com a CBF e muito mais. Confira os principais trechos:

Calendário bagunçado

‘Por ser um ano atípico, deveríamos ter refletido sobre isso. 2020 foi um ano prejudicado e 2021 também será, porque as competições vão avançar. Não tem a menor condição de acabar o Campeonato Brasileiro e quatro dias depois começar os Estaduais. Não faz sentido. Até porque os clubes estarão ainda tentando se reequilibrar financeiramente. Aqui no Brasil é pior ainda por causa das autoridades negacionistas dessa pandemia’.

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Insegurança para disputar os torneios

‘Acredito que ninguém se sente completamente seguro. Escuto apenas que o protocolo é excelente, que está tudo bem pelos responsáveis do futebol brasileiro. Mas não é a realidade. Sem tirar o mérito daqueles que atingirem seus objetivos, mas é uma competição que já tem sua verdade desportiva ferida, comprometida’.

>TABELA BRASILEIRÃO

Mudança na fórmula de disputa do Brasileirão, rebaixamento e acesso

‘Deveria ser disputado de uma maneira diferente. Argentina e México tiveram uma postura extremamente louvável. Devem ter refletido e não houve descenso e tampouco acesso nas competições. Foi um ano que impactou o mundo todo. A grande maioria dos clubes brasileiros está fragilizada em termos financeiros e econômicos. Se reerguer em um momento como este, com a necessidade de ter no projeto desportivo vitórias, não é fácil. E não é justo. É um campeonato complicado. Você põe em risco os jogadores. Quantos membros de comissão técnica já contraíram a Covid-19? Alguns têm idade dentro do grupo de risco. É um descaso total com os profissionais. É um desdém que leva ao descaso. Ninguém é ouvido. Que pelo menos tivessem ouvido todas as classes intervenientes. Mesmo que não propusessem nada, acabaria com o espaço futuro para possíveis reclamações. As reclamações acontecessem porque não somos ouvidos. E quando se fala, é punido. Porque a gente fala em termos conceituais e já levam para o aspecto pessoal’.

Falta de diálogo com a CBF

‘É a ausência e carência de um debate profundo no futebol brasileiro. Um debate que não pode ser feito de maneira circunstancial, mas sistêmica. Em que você, etapa a etapa, pense o futebol brasileiro como um todo e não apenas na seleção brasileira, em patrocínio, em situações que levem a terminar competições porque interessam a situação econômica das instituições’.

Ditadura no ‘estilo de jogo’

‘No futebol, estamos vivendo uma tremenda ditadura. As equipes têm de jogar todas da mesma maneira: marcando alto, sair jogando desde trás, quando muitas vezes você não tem jogador no seu grupo para fazer isso. Mas você se sente obrigado a fazer. Porque se não fizer, você está em outro mundo. Jornalistas ou ex-jogadores de futebol que analisam, praticamente, cobram que todos joguem assim. Conheço profissionais com metodologias diferentes que são vitoriosos. O futebol permite isso. É essa diversidade. Existem equipes que vão ser, por característica dos seus jogadores, mais ofensivas. Outras, mais defensivas. O importante é ser eficiente. Não importa a ideia de jogo. Se for eficiente e eficaz, será valorizada’.

Futuro no Athletico

‘O Athletico precisou que assumisse interinamente o comando técnico, mas para a temporada que vem vamos contratar um treinador. Não tenho a menor chance de continuar como treinador no futebol brasileiro. Já falei isso. O Eduardo Barros não continuou e o Petraglia pediu para ficar até fevereiro. Mas minha função é muito clara aqui: uma gestão técnica. É o que gosto de fazer hoje, trabalhar junto com as comissões técnicas de todas as categorias. Refletir as necessidades, analisar as tendências do futebol atual, as metodologias de treino, de ideias de jogo. Gosto de trazer esse debate para um fórum interno. No futebol brasileiro, de uma maneira geral, não há tempo para pensar de uma forma abrangente no futebol como um todo. Porque são jogos, jogos e jogos’.

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