Dia 23/04/2025
08:30
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Sob o comando do Grupo City, o Bahia tem objetivos ambiciosos que vão muito além do futebol profissional. A ideia do conglomerado é investir na base para tornar o Tricolor uma referência na formação de atletas, metas que já começam a gerar frutos. A principal materialização do sucesso desse projeto é o trio Ruan Pablo, Dell e Jampa, campeões do Sul-Americano Sub-17 pela seleção brasileira e grandes promessas do futebol nacional.

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Em entrevista exclusiva ao Lance!, os jovens jogadores contaram bastidores do título Sul-Americano, falaram sobre o futuro da carreira e classificaram o Bahia como a melhor base do Brasil.

Por falar em melhor base, de acordo com o relatório financeiro divulgado pelo clube, foram investidos R$25,1 milhões nas categorias de base em 2024, valor 77% maior do que os R$14,2 milhões de 2022, último ano antes do City assumir agestão do futebol.

O resultado disso é o rápido desenvolvimento de jogadores como Dell e Ruan Pablo, que já participam de jogos com o elenco profissional, mesmo com pouca idade. Este último, inclusive, foi o mais jovem a balançar as redes pelo Bahia na história e entrou em campo na última segunda, contra o Ceará. Leia abaixo as entrevistas completas com os três atletas do Bahia campeões do Sul-Americano.

Ruan Pablo (16 anos) - atacante do Bahia

Ruan Pablo levanta a taça do Sul-Americano Sub17 Foto: Nelson Terme / CBF

L!: Como foi para você ser um dos protagonistas da seleção brasileira em um torneio tão importante como o Sul-Americano?

Ruan Pablo: É uma sensação inexplicável. Vivi um sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira e representar o meu país, isso não tem preço. E poder fazer gols, ser artilheiro, contribuir para o time e para a nossa conquista foi muito gratificante. O mérito não é apenas meu, mas de todo o grupo, que é muito forte e competitivo, da comissão. Uma união como a nossa, só me fez crescer dentro de campo para ajudar ainda mais nosso time.

L!: Facilitou para você ter Dell como parceiro de ataque no Sul-Americano, já que vocês jogam juntos pelo Bahia há um tempo?

Ruan Pablo: Sem dúvidas. Todo o elenco da Seleção é muito qualificado, mas claro que jogar não apenas com um parceiro de clube, mas um amigo como Dell ajuda demais. Acredito que quanto mais jogadores do Bahia tivermos na Seleção, mais entrosados vamos estar. Nos conhecemos muito dentro e fora de campo e sabemos dos nossos pontos fortes, isso ajudou bastante para nos completarmos em campo e ajudar o Brasil.

Dell e Ruan Pablo são companheiros na base do Bahia Foto: Divulgação / EC Bahia

L!: Vocês podem ser o futuro da Seleção, que vive um momento instável a um ano da Copa do Mundo. Como é para vocês essa sensação de ser o orgulho do futebol brasileiro em meio à crise na seleção brasileira e ainda serem vistos como a próxima geração a vestir a amarelinha?

Ruan Pablo: Como disse, representar a Seleção Brasileira é um sonho realizado. É a camisa mais pesada do futebol mundial, que tantos craques já vestiram e ainda vestem. É uma sensação inexplicável vestir essa camisa. E nossa seleção tem muita história, merece ser respeitada. Hoje temos grandes jogadores e craques em quem me inspiro. Vou seguir trabalhando cada vez mais para representar o Brasil sempre que puder. Não apenas eu, mas toda a nossa geração tem um grande talento, e certamente muitos também irão vestir a camisa do Brasil no futuro.

L!: Conta como foi a experiência do Sul-Americano para você, desde os primeiros jogos. A chance de conhecer outro país, outras pessoas, culturas novas e jogar contra escolas de futebol tão diferentes da brasileira.

Ruan Pablo: A cidade de Cartagena, onde disputamos o Sul-Americano na Colômbia, na região do Caribe, é bem especial, tem um clima contagiante. Conhecer este país e essa cultura foi sensacional. E enfrentar grandes escolas do futebol sul-americano, como Colômbia e Uruguai, por exemplo, com estilos de jogo distintos, mas com muita qualidade, também ajudou muito para aprender e desenvolver ainda mais o meu futebol. Certamente lembrarei muito desta experiência.

Ruan Pablo com a camisa da Seleção Foto: Nelson Terme / CBF

L!: Como estão as expectativas para o Mundial? Dá para ser campeão?

Ruan Pablo: Vamos entrar para buscar o título. Nosso time é qualificado e forte, e que cada vez mais estamos nos entrosando, e o técnico Dudu também tem feito um grande trabalho. Vamos com humildade, sabendo da qualidade das outras seleções, mas mostramos nossa força no Sul-Americano e não há dúvidas que vamos lutar pelo Mundial. É o que a gente vai buscar.

L!: Acha que o desempenho de vocês no Sul-Americano pode abrir mais espaço no time de Rogério Ceni para os garotos da base do Bahia?

Ruan Pablo: Confio muito nos processos do Bahia, sei que querem o melhor para o meu desenvolvimento. Vou seguir trabalhando, para buscar o meu espaço, e sei que a oportunidade vai aparecer na hora certa. O professor Ceni é uma pessoa que me ajuda dentro e fora de campo, e sei que ele confia no meu futebol, quando a chance surgir vou estar pronto. E o nosso elenco é forte, e com muita qualidade. Mas claro, estou pronto, e a disposição do time para ajudar muito dentro de campo, em busca dos nossos objetivos.

Ruan Pablo comemora vitória do Bahia contra o Ceará Foto: Rafael Rodrigues / EC Bahia

L!: Por que você acha que o Bahia conseguiu lapidar jogadores como vocês três para serem protagonistas da seleção brasileira? Qual o diferencial do projeto?

Ruan Pablo: O projeto aqui dentro é muito bem feito, em que o clube e o Grupo City nos dão totais condições de crescermos. O diferencial, acredito que além de ser algo totalmente inovador, que pensa na gente como o centro da formação, eles nos dão todas as ferramentas para evoluirmos, como por exemplo o intercâmbio de atletas com os outros clubes do grupo em que participei ano passado no Manchester City, que foi uma experiência que nunca tinha visto nada igual. É um projeto muito forte, e que tenho certeza que ainda dará muitos frutos. O Bahia hoje é o melhor lugar para um jogador da base estar.

L!: Qual o diferencial da seleção sub-17 que a fez chegar ao título do Sul-Americano?

Ruan Pablo: Acredito que nosso elenco e força como grupo. Estávamos concentrados há bastante tempo, nos entrosando. Nos conhecemos muito bem não apenas dentro, como fora de campo. E isso nos ajudou cada vez mais confiarmos uns nos outros, e na comissão técnica, para conseguirmos passar por cada desafio a cada jogo, e conquistarmos o título.

Dell, o 'Haaland do Sertão' (16 anos) - atacante

Dell com a medalha de campeão Sul-Americano Foto: Nelson Terme / CBF

L!: Como foi para você ser um dos principais protagonistas da seleção brasileira em um torneio tão importante como o Sul-Americano?

Dell: Foi um momento muito incrível e importante na minha vida. Ser campeão com a maior seleção do mundo não tem preço, sempre será um momento único. Estou muito feliz com tudo isso.

L!: Facilitou para você ter Ruan Pablo como parceiro de ataque durante o Sul-Americano, já que vocês jogam juntos pelo Bahia há um tempo?

Dell: Facilitou um pouco até porque a gente joga muito tempo junto. Então eu conheço muito as características dele dentro de campo, um cara bastante rápido, de muita qualidade e que tem um ótimo cruzamento. Isso facilita muito. Podia ter mais jogadores do Bahia na Seleção.

Dell comemora gol pela Copa do Brasil Sub-17 Foto: Catarina Brandão / EC Bahia

L!: Por que você acha que o Bahia conseguiu lapidar jogadores como vocês três para serem protagonistas da seleção brasileira? Qual o diferencial do projeto?

Dell: O processo do clube após a chegada do Grupo City é bem diferente de tudo o que eu tinha visto. Além da estrutura que melhorou bastante, a gente consegue perceber os processos, que existe um plano para gente. Podemos jogar em categorias mais velhas como o sub-20 e até o profissional eles dão essa oportunidade de treinar por lá. Conseguimos fazer mais jogos e treinos de alto nível e isso vai criando cada vez mais maturidade.

L!: Conta como foi esse trajeto de “quilômetros” até a marca do pênalti para fazer a cobrança decisiva contra a Colômbia. Ficou nervoso? O que passou pela cabeça?

Dell: Foi uma mistura de ansiedade com alegria, pois estava bastante confiante que eu ia fazer o gol do título e ia ficar marcado na história.

Dell comemora gol do título no Sul-Americano Sub-17 Foto: Nelson Terme / CBF

L!: E o apelido Haaland do sertão? Já pegou na seleção também? Acha legal esse nome ou traz mais pressão?

Dell: Eu gosto do apelido, achei bem legal e criativo. Algumas pessoas da Seleção me chamaram também, levo muito na tranquilidade, Haaland é uma referência para mim tanto dentro e fora de campo também.

Jampa (17 anos) - goleiro

Jampa com a camisa da seleção brasileira Foto: Everton Silveira

L!: Como foi para você ser um dos principais protagonistas da seleção brasileira em um torneio tão importante como o Sul-Americano?

Jampa: Sempre é uma honra vestir a camisa da seleção brasileira. Quando estamos ali, não pensamos em protagonismo, apenas em ajudar. O foco é estar na melhor forma possível para ficar pronto para as oportunidades. No Sul-americano a oportunidade veio e me senti pronto para o desafio. Fico feliz em ter feito um bom trabalho e recebido esse reconhecimento de todos.

L! Por que você acha que o Bahia conseguiu lapidar jogadores como vocês três para serem protagonistas da seleção brasileira? Qual o diferencial do projeto?

Jampa: O Bahia tem estrutura e planejamento incríveis! É o lugar em que todos os jogadores de talentos do Brasil deveriam querer estar. Os profissionais que estão aqui são da primeira prateleira do futebol brasileiro e isso faz com que nós, da base, tenhamos muita confiança no trabalho e possamos sonhar alto. Confiamos muito no processo. Não nos falta nada.

Jampa comemora pênalti defendido na final do Sul-Americano Sub-17 Foto: Nelson Terme / CBF

L!: O Sul-americano para um goleiro é um pouco diferente em relação ao dos jogadores, mas ainda assim você conseguiu ser destaque debaixo das traves como titular da Seleção. Como foi esse processo até ganhar espaço em um torneio tão importante?

Jampa: Muita paciência e respeito ao processo. São dois anos de orientações e treinos. Quando cheguei à Seleção, em 2023, no Sub-15, sabia que ali estavam os melhores de cada posição e que qualquer um que jogasse iria representar da melhor forma a amarelinha. Trabalhei firme no Bahia e durante as convocações, para me colocar apto para a comissão técnica. A decisão final é sempre deles e o atleta tem que estar pronto para qualquer oportunidade. No futebol não são só 11 jogadores, é um grupo com muitos profissionais somando forças e experiências em prol do mesmo objetivo.

L!: Acha que os treinos com o elenco principal do Bahia e a pré-temporada em Girona ajudaram na sua evolução até o Sul-Americano?

Jampa: Sem dúvidas. Antes de Girona, tive a oportunidade de viajar com o elenco principal do Bahia para Manchester também, onde passei duas semanas incríveis e de muito aprendizado. É algo que só o Bahia proporciona e nos ajuda muito. Estar entre aquelas feras faz com que a gente entenda o que é o futebol e onde queremos chegar. A cada treino com o profissional do Bahia, aprendo muito, seja fisicamente, seja tática e tecnicamente, ou mentalmente.

Jampa em ação pelo Bahia Foto: Catarina Brandão / EC Bahia

L!: Já recebeu dicas de Rogério Ceni? Ele tem ajudado nesse processo?

Jampa: Rogério é um grande ídolo e referência para todos nós, participa bastante dos trabalhos com os goleiros, sempre dando seu ponto de vista e dicas, algo muito importante. Cada treino é uma nova lição. Como disse antes, as comissões do Bahia, desde as das menores categorias até o profissional, são preparadas demais.

L!: Qual foi a sensação depois do apito final contra a Colômbia de ter sido decisivo para a seleção pegando um pênalti?

Jampa: Foi um momento de emoção máxima, graças a Deus. Ele me capacitou e pude ajudar o nosso país defendendo um pênalti. Acreditava demais no trabalho realizado em toda preparação e sabia que o título não podia escapar da Seleção Brasileira.

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