Atentado. Não há outra palavra para classificar o que alguns torcedores do Bahia fizeram ontem à noite, atacando o ônibus que levava o time até a Arena Fonte Nova para a partida contra o Sampaio Corrêa, pela Copa do Nordeste.
O ato terrorista deixou jogadores feridos, sendo o caso mais grave do goleiro Danilo Fernandes, atingido por estilhaços de vidro - segundo o técnico Guto Ferreira, o jogador por pouco não perdeu a visão de um dos olhos. De forma inacreditável, a partida ainda assim foi realizada.
Guto alegou dignidade e profissionalismo do grupo, mas a bola rolar depois do episódio é um absurdo que não pode ser normalizado mais uma vez. Algo similar aconteceu no ano passado com um ônibus que levava os jogadores do São Paulo. Ninguém se feriu, e o clube acabou jogando o assunto para baixo do tapete.
No Brasil, o ódio se tornou protagonista na relação da torcida com o futebol, como reflexo da sociedade como um todo. Invasões a aeroportos e centros de treinamentos, agressões, tocaias, perseguições. Até na Copa São Paulo um torcedor invadiu o gramado para tentar agredir um atleta do time adversário.
Não adiantam mais notas de repúdio, a realidade exige medidas drásticas e união dos clubes. Orbitando num universo paralelo onde crimes são desqualificados e a violência quase sempre é relevada, o futebol continua sua jornada em direção a uma tragédia anunciada.