Dia 01/03/2016 03:43
O Vasco da Gama, que completa 115 anos de história nesta quarta, possui uma das cinco maiores torcidas do país. Porém, neste cenário, o clube não consegue capitanear um programa de sócios digno do tamanho de sua torcida. Pensando em mudar este panorama, o clube este ano fez algumas modificações em seu programa (a promessa era um novo ser lançado), como a reorganização da plataforma sistêmica de pagamento, de novos cadastros e ações de aproximação do clube com o seu maior patrimônio. Além disso, o departamento de marketing internalizou a operação do programa, após duas tentativas de impulsioná-lo com duas empresas diferentes SVI e Effect e Jeff Sports (ex-Torcedor Afinidade).
De acordo com Danielle Vilhena, gerente do programa de sócios do Vasco, o momento vivido pelo clube dentro de campo influencia a adesão de novos sócios e a manutenção dele, junto com benefícios que justifiquem a adimplência do plano de sócios adquirido. Ainda segundo ela, até o fim do ano, a meta do clube é chegar aos 30 mil associados, o que na linha de crescimento do clube é positivo, porém, em termos nacionais, ainda é muito distante dos números conseguidos por Internacional (104 mil sócios) e Grêmio (73 mil), clubes considerados modelos no assunto hoje no Brasil.
LANCE!Bizz: O programa sócio-torcedor só deslancha se o time estiver bem dentro das 4 linhas?
Danielle Vilhena: O fator campo influencia no cadastro de novos sócios e adimplência dos atuais já que o torcedor se sente ainda mais motivado a estar junto do time. Da mesma forma, os números apontam que durante uma fase de resultados que fogem do esperado a inadimplência aumenta consideravelmente. Com isso, é importante que os programas de sócios tragam novidades, por intermédio da criação de novos benefícios e experiências extracampo para estimular o torcedor. É uma mudança de cultura bem positiva que vivemos hoje, onde o sócio contribui não só porque quer contribuir para o crescimento do clube, mas porque terá, também, retorno financeiro através dos descontos e parcerias, assim como pelas experiências de viver um pouco o dia a dia do clube e estar em contato com os jogadores e diretoria. É o momento de estreitarmos o relacionamento entre o clube e o associado.
L!Bizz: Qual é meta do clube para este ano no que se refere ao programa?
D.V.: Seria ótimo chegarmos ao fim do ano por volta dos 30 mil sócios adimplentes. Pensando na grandeza e potencial da torcida que o Vasco tem, para 2014 conseguiríamos aumentar ainda mais. Mas, precisamos dar um passo de cada vez. Tivemos um ano de muito trabalho e reestruturação do programa. Nosso foco, durante o primeiro semestre, foi reorganizar toda a plataforma sistêmica de pagamento e de novos cadastros. Agora, todas as atenções estão voltadas para ações de marketing e divulgação efetiva do programa, assim como trazer novas parcerias e experiências.
L!Bizz: O Vasco é dono de uma das 5 maiores torcidas do país. Por que o programa é tão modesto em número de associados? De acordo com a medição do site do Movimento por um Futebol Melhor, o Vasco está na 12ª colocação, com pouco mais de 15 mil sócios, menos que Sport, por exemplo.
D.V.: Passamos por uma decisão importante, no final do ano passado, de internalização do Programa de Sócios. Atualmente, toda a gestão é feita dentro do Vasco. No início, foi preciso reestruturar e desenvolver muitos processos e agora caminhamos a passos largos. O maior patrimônio de um clube é, e sempre será, sua torcida. Ter uma das maiores e mais apaixonadas torcidas nos mostra o potencial de crescimento que temos pela frente.
L!Bizz: Somente descontos em ingressos são suficientes para atrair novos sócios? Quais benefícios para o torcedor que transcendam esse desconto?
D.V.: Antes, a maioria dos Programas de Sócios focavam somente no ingresso, um grande atrativo, principalmente quando o clube está disputando campeonatos ou jogos importantes devido à demanda acima da média da partida. Contudo, é possível perceber que os interesses e necessidades do associado estão mudando. Além de ajudar, o sócio quer e precisa ter retorno e exclusividade, seja através de descontos nos ingressos, em compras ou participando de promoções e experiências que só sendo sócio poderia conseguir. Chegou o momento que precisamos sair da caixa e trazer cada vez mais benefícios ao associado.
L!Bizz: Que avaliação a senhora faz da iniciativa da Ambev, criadora do Movimento por um Futebol Melhor?
D.V.: O Movimento por um Futebol Melhor tem ajudado bastante os clubes em relação à ativação, divulgação do conceito de ser sócio, além da própria mudança de cultura. O torcedor se associa ao clube porque é apaixonado e quer estar cada vez mais perto. Mas, porque não ter benefícios em troca? Já recebemos feedbacks de sócios que disseram que a mensalidade saiu de graça devido ao desconto recebido com os produtos parceiros. O Movimento é mais um dos nossos alicerces para o relacionamento com o torcedor.
L!Bizz: O clube desde o início do ano planeja lançar um novo programa de sócios. O que falta? Vai mudar de nome? Quando será lançado?
D.V.: Na verdade, desde o início do ano, já começamos esta mudança. A gestão do programa passou a ser do Vasco. Desenvolvemos um novo site e nova plataforma de pagamento e relacionamento. Fizemos uma análise das categorias e perfil do torcedor e percebemos que faltava algo exclusivo para aqueles sócios sentimentalmente ligados ao clube, que querem estar presentes e apoiar, mesmo estando longe. Criamos a categoria Vascaíno de Coração, uma modalidade mais acessível e está sendo um sucesso nas adesões, tanto para os associados de fora do Rio, quanto para os que moram na cidade mas não frequentam os estádios. Temos outras duas categorias, Proprietário e Geral que dão direito a voto, acesso ao clube e desconto no ingresso. Todas as três modalidades dão direito à promoções exclusivas e a participação no Movimento por um Futebol Melhor. Porém, teremos novidades nos próximos meses, principalmente com relação a benefícios.
L!Bizz: Que ações o Vasco tem em mente para atrair o torcedor que mora fora do Rio de Janeiro?
D.V.: Esse é um ponto que que começamos a trabalhar. O Vasco é um clube nacional e tem muita história por todo país. Estivemos em Brasília há pouco tempo e o resultado de adesões foi muito positivo. Esta semana faremos ações em Manaus, outro lugar que é nossa casa, e voltaremos a Brasília no final da semana. Além das captações nas cidades, na semana das partidas, fazemos concursos e promoções onde os sócios locais podem participar de encontros com os jogadores, assistir ao treino de dentro do campo, ganhar produtos do Vasco. É uma forma de retribuir todo o apoio encontrado, além nos aproximar.
L!Bizz: Existe alguma proposta voltada diretamente para a comunidade portuguesa aderir?
D.V.: Assim como iniciamos as captações em lojas, estádios, locais com grande concentração de vascaínos nas cidades, está nos planos fazer ações em casas portuguesas para trazer mais torcedores e associados da comunidade para dentro do Programa.
L!Bizz: No seu modo de ver, por que Internacional e Grêmio são tidos como exemplos a serem seguidos pelos demais clubes?
D.V.: Os times do Sul são grandes "cases", possuem seus planos de sócios há mais de uma década e estão consolidados neste setor, assim como os clubes europeus. Mas isso não aconteceu de um dia para o outro. Trata-se de uma curva de amadurecimento. Estruturamo-nos e temos uma caminhada pela frente. O primeiro passo foi internalizar a gestão. Hoje, contamos com uma equipe envolvida 24 horas por dia no projeto, dentro do Vasco. Isso faz a diferença. Além disso, é preciso ativar constantemente o torcedor, traçar uma comunicação direta, dar a contrapartida, afinal, um programa de sócios nada mais é que um programa de relacionamento entre o clube e seu torcedor apaixonado, é necessário esse envolvimento de ambas as partes.
L!Bizz: O marketing do Vasco pretende instalar quiosques itinerantes nos estádios por onde o clube jogar?
D.V.: Sim, nosso objetivo é levar o programa para onde o Vasco for. Isto é importante para o aumento de sócios assim como para a ativação da marca Vasco. Os torcedores querem estar juntos de nós, muitos veem o clube uma vez ao ano e ser um associado, ajuda a aproximá-lo, mesmo distante fisicamente. Temos colocado stands de captação nos jogos do Rio também, tanto em São Januário quanto no Maracanã e o retorno está sendo muito positivo. O torcedor está comprando a ideia e aderindo na hora.
L!Bizz: Na programação de aniversário, qual o planejamento do clube em termos de relacionamento com o torcedor, consequentemente, em termos de marketing?
D.V.: As ações do aniversário iniciaram no último sábado, na partida contra o Grêmio. Convocamos o torcedor a comparecer ao jogo através do #vempracolina. 115 crianças entraram em campo para homenagear os anos de glórias do clube, fizemos uma enquete com a torcida para escolher o jogador que usaria a camisa representativa dos 115 anos e o mais votado foi o Juninho. Criamos, também, um concurso com os sócios onde deveriam responder o que mais marcou durante todos esses anos. Os vencedores assistiram a partida na Tribuna de Honra e, no final, o Presidente Roberto Dinamite os presenteou com uma camisa exclusiva dos 115 anos. No dia 21, teremos os eventos solenes com a tradicional alvorada, Missa de Ação de Graças e, à noite, um encontro na sede da Lagoa para homenagear os sócios que completaram 50 e 70 anos de vida associativa com a entrega dos distintivos do clube. Durante a semana ainda faremos algumas ações envolvendo os torcedores e sócios.