O ano é 2016. O Botafogo, em plena ascensão no Campeonato Brasileiro, dá de frente com um problema. Após a vitória sobre o Grêmio, por 2 a 0, a equipe de Jair Ventura perde Luís Ricardo, com uma lesão no pé. O lateral-direito era um dos destaques da equipe e o Alvinegro se vê diante de um dilema, já que não havia nenhum outro atleta da posição no elenco. É aí que, rapidamente, a diretoria encontra uma solução no mercado: Alemão.
Vindo do Bragantino, Alemão foi uma grata surpresa. Em pouco tempo, se adaptou ao esquema e deixou a saudade de Luís Ricardo para trás. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o lateral-direito comenta o que sentiu quando o convite para atuar no Botafogo chegou.
- Passou um filme na minha cabeça, aquele friozinho bom na barriga, consolidando um trabalho que tenho feito desde criança. Era um sonho a ser realizado. Fiquei contente porque foi o meu primeiro contrato em um grande clube brasileiro. Para quem sempre rodou por time pequeno de São Paulo, do interior, chegar ao Botafogo foi a coisa mais maravilhosa que aconteceu na minha vida. Falo disso com todo o orgulho do mundo - admitiu.
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Alemão esteve presente na campanha do Botafogo no Campeonato Brasileiro de 2016. Após um primeiro turno lutando contra o fantasma do rebaixamento, o Alvinegro se recuperou na segunda metade do torneio e garantiu uma vaga na Taça Libertadores do ano seguinte.
- Foi o ano mais especial da minha carreira, um momento mágico que vivi. O Botafogo tem uma grande camisa e conhecida no mundo todo. Ter conseguido esse feito foi muito gratificante, coroou todo o trabalho que nós apostamos para conquistar a arrancada no segundo turno e a classificação para a Libertadores - completou.
O lateral-direito, porém, não fez parte do elenco que participou daquela Libertadores, quando o Botafogo chegou às quartas de final. Em 2016, Alemão foi contratado com uma opção de compra, que chegou até a ser discutida pela diretoria, mas, por conta de problemas internos, a negociação não ocorreu e o atleta foi para o Internacional no ano seguinte. O jogador explicou a situação.
- O Botafogo me ofereceu a renovação uma semana antes do jogo contra o Grêmio. Tivemos um acordo verbal em relação a valores, já tínhamos um contrato com opção de compra. Com meu desempenho, fui valorizado ainda mais, então fizemos um novo acordo de luvas e salários. Ao mesmo tempo, o Botafogo negociou com um jogador da mesma empresa que agenciava minha carreira. Já estava com o acordo formado, era só esperar acabar o Brasileiro e assinar a renovação, já estava tudo apalavrado. Depois da partida da classificação, o Botafogo negociava com outro jogador e se acertou com ele. Passaram alguns dias e a empresa decidiu negociar com outra equipe e tiveram desavenças. O Botafogo resolveu não fazer mais negócios com a empresa, mas falaram que iam fazer o acordo comigo com os valores de antes. Resolveram voltar atrás por conta de uma briga com a empresa gestora da minha carreira e outro atleta. Eu fui o mais prejudicado. O clube não voltou atrás em relação ao novo acordo e resolvi não aceitar aquilo. Acabei aceitando o convite do Internacional com uma frustração enorme. Por tudo que fiz não merecia aquilo. Peço até desculpa aos torcedores, mas eu tive que fazer isso porque achei um desrespeito muito grande - confessou.
Apesar do entrave, Alemão afirma que voltaria a atuar, caso tenha a oportunidade, de jogar pelo Alvinegro. À reportagem, inclusive, o atleta, com passagem recente pelo Figueirense, afirmou que repensaria sobre a decisão feita há três anos.
- Tenho um carinho enorme pelo Botafogo. Na vida, me arrependo pelo o que fiz e pelo o que não fiz. Se houver a possibilidade de voltar, eu voltaria sem dúvida nenhuma, com o maior prazer. É um respeito muito grande pelo clube, mas acho que não deveria nem ter saído - finalizou.
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Como foi a integração com o elenco em 2016?
- Fui contratado para substituir o Luis Ricardo, que infelizmente tinha quebrado o pé. Eu já conhecia o Sidão do elenco, tinha trabalhado com ele desde o sub-17, ele me ajudou bastante para que eu me ambientasse o mais rápido possível. O ambiente que a gente criou fora de campo, a amizade, acho que foi os fatores principais para que as coisas tenham dado certo dentro de campo.
Como era sua relação com o Jair Ventura?
- Conheci lá. Nunca tinha trabalhado com ele, mas é um profissional de alto nível. Não é à toa que passou por grandes clubes depois e mostrou isso no próprio Botafogo. Tem muita competência e humildade, por isso tivemos uma relação boa. Tenho máximo respeito por ele e agradeço por ter me dado a oportunidade naquela ocasião.
Ainda tem contato com alguém do elenco?
- A galera era toda do bem. Fiz vários amigos. Tenho contato até hoje com Camilo, Pimpão, Neilton, entre outros.
Qual foi o jogo mais especial daquela campanha?
- Contra o Corinthians, em casa. A gente venceu por 2 a 0 encostamos ainda mais no G6 e coroou minha estreia com a camisa do Botafogo. Não tenho como esquecer essa partida. Não que eu esqueça os outros, todos foram especiais, mas esse foi o mais marcante e vou lembrar pelo resto da vida.
Acha que a diretoria poderia ter feito mais esforço para te manter?
- Faltou um pouquinho de hombridade. Agiram pela briga com a empresa que gerenciava minha carreira por causa de outro jogador. Foi um desrespeito grande. Não quero julgá-los, mas faltou um pouco de bom senso, ainda mais por tudo que fiz dentro de campo. Acho que merecia o que estava no meu novo acordo. Não tenho ressentimento algum, sempre torci pelo Botafogo independente de continuar ou não. É do futebol, acontece.