ANÁLISE: Botafogo sofre, amadurece e dá mais um passo rumo à Glória Eterna

Alvinegro supera pressão uruguaia e chega à final inédita na Libertadores

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Botafogo perdeu por 3 a 1 para o Peñarol, nesta quarta-feira (30), no jogo de volta das semifinais, mas confirmou a vaga para a decisão da Libertadores de forma inédita. O confronto parecia que seria por mera formalidade depois da vantagem de cinco gols conquistada no duelo no Nilton Santos, mas com um time misto e desfalcado, o Glorioso sofreu mais do que esperava, em uma das partida mais tensas da campanha até aqui.

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Sem dúvidas, o jogo mais importante da trajetória alvinegra na competição foi a goleada de 5 a 0 em cima dos uruguaios, no Rio de Janeiro. Ali, perto da torcida, parecia o roteiro perfeito para consagrar, de fato, a vaga na final da Libertadores. Com o resultado, os torcedores puderam, enfim, respirar aliviados e transformar a viagem para Montevidéu em uma grande festa.

Mas, esta semana, o duelo se transformou em uma novela de bastidores entre o governo do Uruguai, Conmebol e os clubes envolvidos, em um imbróglio que perdurou até momentos antes da bola rolar, com ataques aos ônibus da delegação alvinegra e comitivas botafoguenses. O clima de tensão pairou no ar para uma partida que parecia, até então, resolvida. Mas, em campo, também ficou longe de ser tranquila.

Artur Jorge optou por poupar grande parte dos titulares para o confronto. Gregore, Luiz Henrique, Igor Jesus e Alexander Barboza começaram no banco, e entre os amarelados, apenas John foi escalado entre os 11 iniciais. Com um time misto, a equipe brasileira se viu entoada pela pressão do time de Diego Aguirre do início ao fim. O Peñarol fez 30 intervenções na área do Botafogo no primeiro tempo, o maior recorde de qualquer time, antes do intervalo, em fase final da Libertadores desde 2013.

Os uruguaios não se viram intimidados pela desvantagem de cinco gols no placar, e pareciam determinados e confiantes em reverter a goleada. Aos 30 minutos, Jaime Báez marcou o primeiro dos aurinegros, com um golaço de fora da área no ângulo do gol de John.

O filme se repetiu na segunda etapa, quando o camisa 28 marcou o segundo gol para os donos da casa para deixar até o botafoguense mais otimista roendo as unhas. Mas, apesar da pressão, que parecia interminável, a equipe de Artur Jorge superou a ofensiva dos Carboneros, com um time mexido, e ganhou a confiança necessária para seguir fazendo história com a camisa alvinegra.

Luiz Henrique e Igor Jesus, do Botafogo, comemoram classificação para a final da Libertadores em cima do Peñarol. (Foto: Vitor Silva/ Botafogo)

A trajetória já é marcante por si só. O Botafogo é apenas o quarto time a chegar à final da Libertadores vindo das fases preliminares. Até então, apenas o Estudiantes, em 2009 (campeão), Olimpia, em 2013 (vice) e Independiente Del Valle, em 2016 (vice) tinham esse feito. Além disso, passou por cima de Palmeiras, nas oitavas, São Paulo, nas quartas, e Peñarol, nas semis, que juntos, somam onze títulos na competição.

Apesar de ser um estreante na final, o Botafogo carrega na bagagem o amadurecimento e a mentalidade forte construída pela equipe de Artur Jorge após cada passo dado no mata-mata. Mesmo empilhando vitórias e classificações, tanto o técnico quanto os jogadores sempre presaram pelo pé no chão e o pensamento na próxima fase, frisando que 'nada está ganho'.

O Glorioso foi se construindo com a temporada em curso. Com desfalques importantes por lesões e reforços chegando na janela de transferência no meio do ano, o técnico foi formando o elenco ideal, que encaixou perfeitamente mesmo com pouco tempo de trabalho. É claro ver que o time, hoje, não se desespera em momentos de pressão e se mantém obediente taticamente até o apito final.

A classificação sobre o Palmeiras, com empate relâmpago nos momentos finais, testou a frieza e calma dos jogadores. Assim como a conquista da vaga para a semifinal, em cima do São Paulo, no Morumbis, nos pênaltis. Olhando para trás, uma classificação para a final por 6 a 3 parece até tranquila demais para o torcedor botafoguense.

Após a partida, o técnico admitiu que a equipe sofreu no Centenário, mas que nada além do esperado. Os jogadores souberam sofrer, defenderam mais que atacarem, e que para o balanço final, fica o resultado: 6 a 3 e uma vaga inédita para a final da Libertadores. Mais um feito histórico para um clube sedento por glórias, pela primeira vez, com o pensamento na Eterna.

– Defendemos mais tempo, defendemos mais vezes, defendemos mais baixo. Mas é muito difícil entrar na cabeça dos jogadores neste momento, porque é uma final. É um marco histórico, é chegar a um patamar muito alto. É estar no topo daquilo que é as competições sul-americanas. Mas, dois jogos, 6 a 3. Fomos melhor no completo dos dois jogos. Muito satisfeitos, estamos muito felizes. Muito felizes. Perdemos hoje aqui o jogo, mas ganhamos a eliminatória, estamos na final e o Botafogo está na final da Libertadores.

O Glorioso enfrenta o Atlético-MG pelo título continental, no dia 30 de novembro, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, em final inédita da competição. Antes disso, entra em campo na próxima terça-feira (5) em clássico contra o Vasco, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Nilton Santos, a partir das 21h30m (de Brasília). O Alvinegro defende a posição no topo da tabela, com 64 pontos, três a mais que o Palmeiras, segundo colocado com 61.

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