O dia 13 de janeiro ficará marcado para sempre na história do Botafogo. Em 2022, nessa data, o Conselho Deliberativo do clube aprovou a venda de 90% da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) para o bilionário John Textor. No dia seguinte, os sócios também participaram do processo e corroboraram com a aprovação. Um ano depois, o LANCE! faz um balanço do que mudou no Glorioso neste tempo e os desafios para uma nova temporada que se inicia.
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Após o resultado esmagador de 167 votos a favor contra apenas três contrários e uma abstenção, os torcedores fizeram uma linda festa dentro e fora da sede de General Severiano. O momento foi relembrado pelo clube nas redes sociais e celebrado por torcedores. No dia 14, os associados votaram presencial e virtualmente. 722 decidiram a favor, 11 foram contrários e ainda houve 7 abstenções. A oficialização, porém, só aconteceu no início de março devido à burocracia.
Mudanças estruturais e comerciais
Os desafios eram imensos dentro e fora de campo. O clube convivia com décadas de problemas oriundos de más gestões, que refletiam no desempenho e na qualidade do time nos campeonatos que disputava. Durante o anúncio recentemente do novo patrocinador master da Parimatch, o diretor-geral da SAF do Botafogo, Thairo Arruda, ressaltou algumas mudanças e a visão de um clube unificado.
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Dentre elas, contratações em toda esfera administrativa e a capacitação do RH com a chegada de 40 funcionários. Outra área importante, que teve sua reformulação praticamente do zero, foi a comercial. John Textor sempre deixou claro que o marketing também seria essencial para expandir a marca do clube pelo mundo. Ações ligadas ao Crystal Palace (ING) e Molenbeek, da Bélgica., clubes que o norte-americano também detém porcentagem, foram bem sucedidas.
O Botafogo realizou na última quarta o seu "Kick off" para a temporada de 2023. Com a presença de todos os funcionários da área corporativa e do futebol da SAF, o encontro realizado no Hotel Hilton, na Barra da Tijuca. Com isso, teve como destaque a avaliação geral sobre o último ano, apresentação do organograma atualizado e compartilhamento do planejamento estratégico de todos os setores em 2023.
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- Parabenizo a todos pela iniciativa e espero que isso seja uma constante. Que a gente possa se conhecer mais em prol da constituição da nossa Família. O Botafogo é um dos clubes mais importantes do país, com uma história gloriosa e a gente tem a chance de fazer algo diferente, como a gente já iniciou. Desde o ano passado, com a chegada da SAF, a gente ganhou mais responsabilidades para tocar o projeto e o foco é aumentar o nível de exigência para que a gente possa entregar cada vez mais. É isso que estamos fazendo aqui hoje - reiterou o Diretor de Futebol, André Mazzuco.
Espaço Lonier e Nilton Santos
Na estrutura, mudanças são previstas ao longo dos anos e sendo estudadas como a questão do CT Espaço Lonier, que foi criticado por Luís Castro. Todavia, houve uma evolução estrutural que fez o tom do português ser modificado. Desde o piso dos treinos até reformas no espaço, como no prédio administrativo, refeitório, vestiário e corredores de circulação.
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- Foi um choque para muita gente quando disse que o gramado do Lonier era bom para estacionar carros, falei para que as pessoas tivessem a precisão da dureza do piso. Fui mal interpretado e tenho que ter cuidado com o que digo. Primeiro, tenho que enaltecer os gramados do Lonier e houve um grande trabalho de pessoas que nunca aparecem nas câmeras mas foram fantásticas para termos três gramados muito bons. Hoje temos uma estrutura que nos sentimos muito bem nela - afirmou o treinador.
O próximo passo será mudanças estruturais no estádio Nilton Santos como a melhoria do gramado e uma intensa reforma. Ainda não foi definida a melhor forma: grama sintética, mista ou artificial são as opções, que foram, de certa forma, aprovadas por Luís Castro dentro do contexto do futebol brasileiro.
- Nas cinco maiores ligas do mundo, temos algum campo sintético? Não. Mas estamos no Brasil. Dentro deste contexto, aceito e aprovo, como o Athletico aceitou e aprovou. Como o Palmeiras aceitou e aprovou, e tem sucesso usando eles - concluiu.
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As conversas sobre a retirada da pista de atletismo não avançaram. Desde que Textor revelou o desejo de removê-la por achar que a torcida fica distante do gramado, o tema ganhou discussão em diversas esferas. Alerj, Câmara de Vereadores e Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) se posicionaram no ano passado, porém a pista ficará intacta até segunda ordem.
Fortalecimento do futebol e busca por títulos
Neste primeiro ano de SAF, o Botafogo encontrou um tempo curto para montar um time para a disputa do Campeonato Brasileiro. Vale lembrar o time foi sendo construído ao longo da campanha. No primeiro momento, Luís Castro teve muitos problemas pela frente e chegou a frequentar o Z4 para críticas e invasão do CT - momento mais difícil desde a chegada do português ao Brasil.
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Contudo, com o passar dos meses e na segunda janela de transferência, reforços importantes chegaram e formaram o pilar da espinha dorsal. Ao todo, foram 22 reforços, dois times inteiros. Adryelson, Marçal, Eduardo e Tiquinho Soares foram nomes que transformaram e elevaram o patamar da equipe que sonhou até a última rodada com uma vaga na Copa Libertadores.
O sonho não se concretizou, mas, em 2023, a Copa Sul-Americana será um dos grandes desafios da nova temporada que se inicia no domingo. Desse modo, neste segundo ano, o clube carioca procura ser protagonista das competições que irá disputar e elevar o nível do desempenho do time. A continuidade do trabalho com reforços pontuais é visto como algo importante para dar sequência ao projeto.
Com a virada do ano, três contratações já foram anunciadas, mas Luís Castro deixou claro que o time precisa de novos nomes. O sonho seria um camisa 10, e o nome de Matheus Pereira, atualmente no Al Hilal da Arábia Saudita agrada a torcida. Mas o comandante português observou uma tendência na Copa do Mundo, com a utilização de dois 8 no lugar de um 10, com ambos vindo de trás. Algo que traz volume ao setor de meio de campo e ajuda na marcação.
– Qual foi o 10 da Copa? Messi, quem mais? A posição 10, que tanta gente fala, foi trocada por dois 8 que chegam à frente e chegam atrás e têm grande volume de trabalho, porque os times não podem se permitir a ter um 10 que seja um jogador largado na frente e não entre na fase defensiva. Isso é impensável hoje em dia, a não ser que tenhamos um Messi. Como não temos um Messi, é melhor jogar com dois 8 e um volante, com esses dois 8 tendo a missão de chegarem à frente e atrás. A Copa nos mostrou isso como tendência – afirmou Luís Castro:
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– A Copa do Mundo é uma referência, porque lá estão os melhores jogadores do mundo e os melhores treinadores do mundo. O que vimos foi a alternância de sistemas ao longo do jogo, quer para se adaptar à outra equipe, quer para provocar desconforto no time adversário. Vimos também mudanças de uma linha de quatro para uma linha de cinco de forma repentina e o ajuste da linha do meio-campo. Vimos ainda as linhas de cinco sendo formadas não pelo volante entrando na linha de quatro, mas sim pelo ponta na descida do lateral - finalizou.