Rua Haroldo Lôbo, 400. Este é o endereço que o Botafogo vai adotar nas partidas como mandante, pelo menos até o fim do ano. Para o Glorioso, uma solução. Para os moradores e trabalhadores da Ilha do Governador, as opiniões se dividem em relação à Arena Botafogo. O estádio já recebe o clássico contra o Flamengo daqui a dois sábados, em 16 de julho, em partida às 16h.
- Eu acredito que vai haver um crescimento nas nossas vendas, mas é assustador imaginar um jogo contra o Flamengo, por exemplo. É muita gente. A Ilha, mesmo nesta onda de violência que o Rio vive, é calma. Eu comprei essas chapas metálicas por segurança - aponta Nilo Sérgio, 63 anos, que tem um bar a cerca de 100 metros do novo lar alvinegro.
O bairro da Portuguesa é residencial e os arredores da Arena têm escolas, bares e padarias. A segurança é uma preocupação, mas há quem seja mais otimista quanto à presença alvinegra.
- Já melhorou (o movimento)! Tomara que o Botafogo não saia mais. O comércio aqui é pouco movimentado. Vai ser melhor para todo mundo. Escolas, hospital - acredita o botafoguense e otimista Rogério Tranin, dono de uma padaria-restaurante da região.
Alguns dos vizinhos mais próximos da Associação Atlética Portuguesa, que hospeda o Glorioso, são os taxistas. Eles fazem da pequena praça em frente ao clube o ponto-base, e sabem bem o que acontece e pode acontecer em dias de jogos. Por isso, se preocupam com o trânsito na rua do estádio.
- Há fila de carros dos dois lados da rua. Há dias de jogos da Portuguesa em que nós pegamos passageiros aqui e não conseguimos voltar. Tomara que não precise, mas se os bombeiros tentarem chegar, não conseguem - avisa Jairo Moreira, há décadas na profissão.
BONS VENTOS NA ÉPOCA DA ARENA PETROBRAS
A Arena Botafogo é o estádio Luso-Brasileiro, dos tradicionais “ventos uivantes”, próximos à Baía de Guanabara. O investimento de cerca de R$ 5 milhões por parte do Glorioso para utilizar o espaço minimiza os transtornos para a equipe, mas a presença alvinegra na Ilha não é novidade. Em 2005, o Alvinegro e o Flamengo mandavam seus jogos na então Arena Petrobras, no mesmo Luso-Brasileiro, numa parceria em conjunto com a petrolífera estatal.
A lembrança da Arena Petrobras faz com que Erivelto Reis, morador da região e porteiro de um colégio bem próximo ao estádio, veja com bons olhos a Arena Botafogo. Aos 53 anos, ele acredita que os possíveis transtornos serão apenas passageiros, porém os benefícios poderão ser mais duradouros à comunidade.
- Contra o Palmeiras (dia primeiro de agosto, uma segunda-feira), mesmo sendo à noite, o fluxo de veículos vai aumentar. É uma questão de se adequar, mas estávamos precisando deste movimento. Na época da Arena Petrobras, foi bom para os moradores. Na Estrada das Canárias, por exemplo, o pessoal deixa o carro a até um quilômetro do estádio - avalia Erivelto, citando um lado positivo para as finanças dos estacionamentos.