O Botafogo teve um importante reforço para as questões de fora de campo na temporada 2021: Jorge Braga, contratado para ser o CEO, função inédita no clube. Em entrevista ao "UOL" nesta quinta-feira, o profissional explicou como funcionou o começo do trabalho e os procedimentos nesses mais de seis meses no Alvinegro.
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– Passei 30 dias escutando e falando com todo mundo para ter um diagnóstico o mais isento possível. A vantagem de vir de fora é não ter a paixão do futebol na hora de olhar o que é bom e o que é ruim. Estava correto em relação às finanças, o clube só tinha caixa para mais algumas semanas. Seguimos fielmente o que vislumbramos. Há uma gestão muito forte de corte de custos e despesas, reorganização da casa, estruturar a dívida e buscar investimentos. Continuam sendo as quatro premissas básicas para o Botafogo atravessar 2021 e buscar a Série A, de onde nunca deveria ter saído - afirmou.
A principal questão envolvendo a contratação envolvendo Jorge Braga, claro, é a parte financeira. Com quase R$ 1 bilhão em dívidas e com cofres asfixiados, o CEO explicou que o Botafogo está realizando processos de reestruturação e que a tendência é de uma melhora nas receitas mesmo disputando a Série B do Brasileirão.
– O Botafogo colocou na rua um balanço sem ressalva de auditoria pela primeira vez em muitos anos. Era uma degradação acelerada das contas, a queda para a Série B prejudicou em quase R$ 100 milhões, entre direitos de transmissão, patrocínio e sócio-torcedor. Nosso produto é futebol, quando ele sofre, o negócio sofre - explicou.
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– Temos conseguido reverter esse quadro. Fizemos aprovação de planos de metas estratégicas até 2024. Para ter ideia, esse ano, cumprindo o orçamento à risca, apesar de ter receita R$ 70 milhões menor vamos entregar resultado R$ 70 milhões melhor, o que é uma resposta inequívoca da melhoria da gestão. Não é só questão de números, todos os processos de gestão, inclusive do futebol, avançaram. Isso não começou quando cheguei em março, veio no início da gestão, que tem objetivos claros e vem cumprindo. A própria estrutura de vice-presidentes é menor. A ideia é tornar a gestão profissional - completou.
No fim de abril, Jorge Braga afirmou, em um comunicado divulgado à torcida, que "se fosse empresa, o Botafogo já teria falido há tempos" e colocou o 4º lugar da Série B como meta. Quase cinco meses depois, dirigente explicou a declaração.
– Um dos meus objetivos é estabelecer expectativa. Quando cheguei, ainda era muito parecida com a de outras gestões, faça qualquer coisa, ganhe o título, depois vemos como fazemos. É claro que ninguém quer só o quarto lugar, mas qualquer um dos quatro lugares (da Série B) é o que precisamos para ter acesso. Entendo, respeito, também sou torcedor e gosto de títulos. Mas cabe uma discussão: o modelo de negócios do futebol está mudando no mundo e acelerando no Brasil. Para concorrer a primeiro e segundo lugares, o nível de investimentos em atleta tem que ser o dobro ou triplo. O modelo de negócios é muito alavancado e pouco eficiente para os que disputam as primeiras posições, exceto se tiver uma concentração de receitas de transmissão muito grande - analisou.
Jorge explica: a meta é retornar à elite do futebol brasileiro, seja lá em qual posição for. Em um pensamento financeiro, é essencial que o Alvinegro volte a ter contato com aquilo que a Série A do Brasileirão oferece e, então, pensar em realizar qualquer tipo de investimento.
– Temos que pensar no que é viável para o Botafogo. Brigamos para ser campeões, mas fazendo as contas friamente, nosso objetivo para o ano que vem é subir com responsabilidade. Voltando para a Série A são R$ 70 milhões a mais, talvez R$ 100 milhões, porque vem patrocínio, sócio-torcedor aumenta, licenciamento. Aí sim conseguimos colocar a casa em ordem e voltar a fazer investimentos conscientes para brigar por títulos. A expectativa de 2021 é sobreviver e obter o acesso em uma das quatro posições - admitiu.