O Botafogo pode coroar uma trajetória heroica, neste sábado (30), na final da Libertadores, contra o Atlético-MG. Quando foi rebaixado no Brasileirão de 2020, o Glorioso vivia um dos seus momentos mais distantes da glória. Quase quatro anos depois, agora como SAF, o Alvinegro pode enfim conquistar a "Glória Eterna". Relembre com o Lance! cada passo dessa caminhada.
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No Brasileirão de 2020, o Botafogo acabou rebaixado pela terceira vez na sua história. O clube confirmou a ida à segunda divisão após ser derrotado pelo Sport, por 1 a 0, na 34ª rodada. Naquela temporada, o Alvinegro teve cinco treinadores: Alberto Valentim, Paulo Autuori, Bruno Lazaroni, Ramón Díaz, que foi dispensado antes mesmo de assumir, e Eduardo Barroca.
No ano seguinte, na Série B, o buraco parecia ter ficado mais fundo. O Glorioso iniciou o campeonato mal e até flertou com a zona de rebaixamento por um período. A chave do Alvinegro virou com a chegada de Enderson Moreira, que comandou a maior reviravolta da história da segundona. Com 57 pontos conquistados dos últimos 78 possíveis, o Botafogo voltou à elite do Brasil.
Chegada de John Textor ao Botafogo
Na temporada de retorno à Série A do Brasileirão, o Botafogo foi comprado por John Textor. O americano assumiu o controle da SAF em março de 2022 e, com os aportes financeiros iniciais, já trouxe as primeiras contratações. Entre os principais nomes estavam: Tiquinho Soares, Patrick de Paula, Marçal, Eduardo, Tchê Tchê, Victor Cuesta, Victor Sá e o treinador Luís Castro.
- Estou muito grato por essa oportunidade, honrado pela confiança que depositaram em mim e cada vez mais apaixonado pela torcida do Botafogo. Estou muito orgulhoso de fazer parte dessa família: sou mais um escolhido. Vim para construir um time campeão e farei o meu melhor para isso. Vamos trabalhar todos os dias para levar o Botafogo de volta ao seu lugar na história - disse Textor, na época.
Apesar de ter flertado com o Z-4 em alguns momentos, o Alvinegro já dava sinais de organização. Criticado, Luís Castro teve a permanência bancada pelo clube, que demonstrava acreditar no projeto. Na reta final, o Glorioso subiu o nível de desempenho e chegou a sonhar com Libertadores. Mas, por conta do início ruim, o sonho foi adiado.
Em 2023, o começo do Botafogo no Carioca indicava que seria mais um ano duro de reestruturação. O torcedor, porém, parecia já ter entendido que isso fazia parte do processo. O que quase ninguém esperava é que esse processo seria tão curto. No Brasileirão, o Glorioso fez um primeiro turno avassalador, quebrando recorde atrás de recorde.
Antes criticado, Luís Castro era ovacionado pelas arquibancadas a cada jogo. O sucesso foi tanto que Cristiano Ronaldo ligou para o português e convenceu-o a deixar o Brasil para treinar o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Com Cláudio Caçapa, que substituiu Castro interinamente, o time conseguiu manter o caminho das vitórias. Mas, após a chegada de Bruno Lage, a temporada virou um completo caos.
Desgastado com a torcida e com os jogadores, Lage foi demitido. Mas Lúcio Flávio, que entrou no lugar do português, não foi capaz de reverter a situação. A temporada histórica foi de um título inesperado quase garantido a um pesadelo. 2023 virou uma cicatriz no coração do torcedor alvinegro.
A diretoria ainda tentou sua última cartada com Tiago Nunes, depois de demitir Lúcio Flávio, mas sem sucesso. A derrocada no ano foi quase perfeitamente desenhada na derrota de virada por 4 a 3 contra o Palmeiras, no Nilton Santos. O Alviverde conquistaria o título posteriormente.
Segunda chance no Brasileirão e a "Glória Eterna"
O maior desafio para 2024 era virar a página. Esquecer o que aconteceu em 2023 e entender que as decepções fazem parte do processo foi necessário para o Botafogo chegar ao momento atual da temporada. O Alvinegro fez uma reformulação no elenco e foi extremamente agressivo no mercado em 2024. Entre os principais nomes estão Luiz Henrique, Almada, Gregore, Igor Jesus, Savarino, Allan e Alex Telles. Foram mais de R$ 260 milhões investidos em contratações.
O investimento surtiu efeito. O clube superou a pontuação do ano anterior e se mostra firme na briga pelo Brasileirão. A vitória sobre o Palmeiras, rival direto na disputa do título, recolocou o Glorioso na liderança e afastou qualquer fantasma que restou de 2023. A todo momento, os jogadores e Artur Jorge reforçam a força mental do grupo.
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- Nos mantemos firmes todos os dias, mentalmente. Todo mundo se apoiando. E hoje, aqui diante do Palmeiras, conseguimos uma vitória muito importante. E temos que manter o pezinho no chão para que possamos continuar batalhando aí. Temos dois… Temos a final da Libertadores agora, temos que pensar nela e depois voltar e pensar no Brasileirão, que está vindo. Também um campeonato muito importante para nós - falou Igor Jesus, após a vitória de 3 a 1 sobre o Palmeiras.
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Neste sábado (30), o Glorioso pode enfim alcançar a "Glória Eterna", conquistando a Libertadores e coroando essa trajetória de reestruturação. Todo o processo que o clube enfrentou serviu como preparo para encarar uma competição dura. No mata-mata, o Alvinegro teve que passar por 11 títulos de Libertadores - três do Palmeiras, nas oitavas, três do São Paulo, nas quartas e cinco do Peñarol na semifinal.
Ainda assim, mesmo com chances reais de ganharem dois dos títulos mais importantes de sua história nesta temporada, os torcedores do Botafogo almejam mais.
- Um único jogador do ano passado é titular absoluto hoje. Todos outros viraram opção de banco. Marlon Freitas, só, que é capitão. Adryelson banco, Tiquinho banco, Eduardo, Marçal. Tinha um time que o Textor não planejou para ser campeão brasileiro, isso é dito internamente. Foi surpresa até para o Botafogo. Esse ano é outra situação, mudou de patamar em busca de títulos. Pode ganhar os dois, pode ganhar um dos dois. Daqui para frente, está nesse local. Vai disputar todos os títulos. Ouvi uma frase: esse é o pior Botafogo dos próximos dez anos - disse o jornalista Bruno Cantarelli.