Os bastidores da acusação de infração disciplinar do Botafogo tiveram novo desdobramento. A organizada "Loucos pelo Botafogo" se manifestou acerca da acusação de que teria feito um slogan com apologia ao nazismo ao convocar os torcedores para a partida contra o Flamengo. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) ingressou na procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por conta da frase "Antes morto que vermelho", interpretada como uma adaptação de uma expressão veiculada pela rádio Werwolf, comandada durante o Terceiro Reich por Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Adolf Hitler.
Em nota, a organizada negou que a frase tenha a ver "com o nazismo ou qualquer outro contexto histórico e político e sim fazendo tão somente alusão a uma das cores do rival, a cor vermelha". A torcida mencionou que "outros clubes brasileiros e estrangeiros usam a mesma frase como forma de provocar seus adversários, baseado somente nas cores utilizadas por eles". Entre as equipes citadas como adversários de cor vermelha, estavam Internacional, Vila Nova e Benfica.
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A organizada frisou que é contra "qualquer tipo de insinuação política, nazista, preconceitos ou qualquer outra situação que ofenda pessoas, religiões, raça, etc.", além de ser "uma torcida extremamente engajada em causas sociais".
A organizada ainda se queixou da ABI vir a público " imputar ao Botafogo e a torcida um crime altamente periculoso como o nazismo", "sem ao menos averiguar de maneira ampla os motivos da postagem, colocando em xeque a idoneidade de uma instituição secular como o Botafogo e de uma torcida organizada com 18 anos de existência sem nenhum histórico de violência, sendo engajada em causas sociais provando o seu lugar como uma torcida de paz e de festa"
A Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj) também se manifestou, sugerindo que sejam promovidas visitas de torcedores alvinegros ao Memorial do Holocausto. O objetivo é conscientizar o meio do futebol sobre o nazismo. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) endossou a manifestação:
"É fundamental a reação da sociedade civil, da mídia e de autoridades dos poderes constituídos no combate às incitações ao ódio e à apologia ao nazismo porque as suas ideias extremistas e racistas colocam em risco o Estado Democrático de Direito e os avanços na busca de efetivar a plena cidadania para todos".