A confiança dos botafoguenses mais supersticiosos por uma boa atuação do Botafogo diante de uruguaios no Rio de Janeiro passa pelos pelos pés de Sinval. Em 29 de setembro de 1993, o atacante marcou um dos gols no empate em 2 a 2 com o Peñarol-URU, pela final da Copa Conmebol de 1993. Nos pênaltis, o Glorioso venceu por 3 a 1.
Passados 24 anos do título, o ex-jogador (que foi artilheiro daquela edição com oito gols) vê o Alvinegro almejar voos mais altos: encara o Nacional-URU, pelas oitavas de final, no Nilton Santos. Porém, ele aponta semelhanças entre a equipe de Jair Ventura e os heróis de 1993:
- Esse Botafogo atual parece muito com o nosso. O Jair Ventura conseguiu que a equipe comprasse a ideia, a pegada... Isso ajudou muito a gente lá na Copa Conmebol.
Em entrevista ao LANCE!, Sinval traz detalhes da partida em que foi herói do segundo gol e esteve à beira de ser vilão na disputa de pênaltis no Maracanã. Além disto, recorda a importância do técnico Carlos Alberto Torres e de como um Alvinegro desacreditado se ergueu para encarar o Peñarol em uma decisão.
BATE-BOLA
SINVAL
Ex-atacante do Botafogo
Como foi o clima entre a equipe e o Peñarol para a decisão?
A primeira partida já tinha sido bem intensa, e o empate em 1 a 1 aumentou o clima de rivalidade para o jogo daqui do Maracanã. No primeiro tempo, nós tomamos o gol (de Perdomo), mas continuamos em cima porque acreditávamos na gente.
Vocês chegaram ao empate com o Eliel e, depois, veio o seu gol. Como foi este momento da sua cobrança de falta?
Não sei se foi um pouco de sorte, né? A bola bateu no tornozelo de um adversário e mudou de direção. Naquela hora, parecia que a gente estava num momento em que deu tudo certo. Mas a gente se deixou levar um pouco pela confiança, e acabou tomando aquele gol no final (de Otero), quando a gente estava desconcentrado.
Você abriu a série dos pênaltis errando sua cobrança. A que atribui este erro?
Eu não queria bater o pênalti, estava abalado com o gol do Peñarol. Mas o Carlos Alberto Torres foi e disse: "Que é isso? Você é o batedor oficial do time!". Acabei metendo a porrada, quase botei tudo a perder. Tinha feito oito gols em oito jogos na competição, estava em um momento bom...
Como foi a reação quando o William pegou o pênalti do Peñarol (cobrado por Ferreyra)?
Eu dei graças a Deus! Eu abracei ele e disse: "William, você salvou a minha vida!". Eu pensei que ia derrubar o sonho daquela torcida que acreditou em mim, e levou 40 mil pessoas ao Maracanã.
O Botafogo vinha desacreditado em 1993 e não foi bem no Brasileiro. Mas, mesmo assim, na Conmebol, foi passando pelos adversários até conquistar o título. De que forma a equipe encontrou forças para se firmar?
O Carlos Alberto (Torres) foi muito importante para a gente. Sabíamos da nossa limitação, mas ele disse que na pegada, na força, poderíamos vencer. Lembro de ele dizer para confiarmos em nós mesmos, porque, assim, poderíamos ganhar a competição. Isso ajudou a gente fazer uma campanha tão forte na Conmebol.
Como foi a semana que antecedeu a final da Conmebol?
Eu me lembro bastante de um treino em que estávamos mal, errando muitos passes, e o Carlos Alberto disse que não ia treinar mais daquele jeito. Realmente, ele não fez nada. Lembro que eu fui treinar falta, outros jogadores tentarem finalizações. Aquilo mexeu com os brios da gente, ajudou a ganhar o título.
Qual o peso deste título para você?
O título do Botafogo foi um divisor de águas para a minha carreira. Abriu muitas portas para mim no futebol, graças a ele pude passar por grandes clubes. Só acho que a gente que conquistou a Copa Conmebol merecia mais destaque na história. É o maior título internacional do clube!
Qual alerta você dá ao atual Botafogo sobre o estilo de jogo dos uruguaios?
Eles são muito aguerridos, têm um nível de concentração muito forte até o final. Não é bom relaxar, porque o jogo só acaba quando apita.