Técnico do Botafogo, Renato Paiva ficou satisfeito com o desempenho ofensivo da equipe no empate em 2 a 2 com o São Paulo nesta quarta-feira (16), pela quarta rodada do Brasileirão. Em entrevista coletiva após a partida no Nilton Santos, o português afirmou que o Glorioso fez "o suficiente para ganhar este jogo".
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— Acho que fizemos o suficiente para ganhar este jogo, pelo menos em termos ofensivos. A equipe estava com alguma dificuldade nos últimos jogos, que por ironia até ganhou, com exceção do Bragantino, claro, e da Universidade do Chile. Mas os jogos em que ganhou, e mesmo os que não ganhou, a equipe sentia dificuldade em criar. Eu próprio sentia isso, a equipe gerava poucas oportunidades de gol. Parece-me óbvio que hoje geramos as oportunidades suficientes para ganhar este jogo, umas não fizemos por ineficácia, outras porque o homem do jogo é exatamente o goleiro de São Paulo ele está lá para isso — declarou Paiva.
— Mas, de fato, tenho pena que tanto volume de jogo ofensivo não tenha terminado com mais gol. E depois, os gols que sofremos, uma situação individual do Ferreirinha, que já sabemos que joga daquela forma e que vem muitas vezes para dentro, e um erro coletivo numa saída de bola, que acaba por nos penalizar e ficamos atrás do São Paulo. Portanto, da exibição fica claramente um crescimento da equipe em termos ofensivos, isso é claro, em que geramos de muitas e diferentes formas as situações de gol. Há que continuar a trabalhar a nossa eficácia. Acho que hoje a eficácia do São Paulo premia mais o São Paulo e a ineficácia da nossa parte, ou a eficácia do goleiro de São Paulo, penaliza-nos. Em relação aos próximos jogos, é já olhar para o próximo adversário, o Atlético Mineiro, equipe com muita qualidade individual, coletiva, que também está com alguma dificuldade, dos jogos que eu já vi, em materializar em gols as oportunidades que queria. Portanto, vamos com o mesmo espírito de olhar para o jogo, para o ganhar, não sabemos estar de outra forma no campo — completou o técnico do Botafogo.
Vaias da torcida do Botafogo
Apesar dos elogios de Paiva à atuação do time, a torcida presente do Nilton Santos demonstrou insatisfação ao longo do jogo, com direito a protestos contra o treinador. Sobre as vaias, o português amenizou as reações e explicou as decisões tomadas ao longo do duelo com o São Paulo.
— A torcida tem o direito de se manifestar, um direito democrático e público. Treinador tem que saber viver com isso. Mas o treinador tem que saber das decisões que toma em consciência. Nós estávamos a perder de 2 a 1, o Gregore é mais defensivo do que o Marlon e aquilo que me interessa é levar a equipe para frente, quando entendo que o adversário está cada vez mais recuado, cada vez mais com menores jogadores na frente e cada vez mais jogadores dentro da área. Portanto, não me interessa ter dois zagueiros, um meia mais defensivo e dois laterais que muitas das vezes são dois extremos — afirmou o técnico do Glorioso.
— Tomo as decisões pelo conhecimento que tenho dos jogadores, da minha experiência de vida e da forma como leio o jogo. Falar antes, criticar antes é um fato. Depois, a verdade é que eu acho que é unânime que a equipe melhora depois das substituições. Acho eu, na minha visão, que o volume de jogo acentuou mais, o critério de posse melhorou, fomos mais verticais nem que seja por fora. E continuamos a gerar mais situações. Portanto, a torcida é soberana, tem direito a se manifestar e ponto final, parágrafo. É a vida do jogador, do técnico, do presidente, de quem anda nesta vida profissional. A torcida está revoltada com o resultado? É óbvio, porque quer ganhar, como nós também queremos. Nós também estamos revoltados. Podemos olhar para esse jogo e dizer assim, “cara, fizeste número de finalizações suficientes para ganhar esse jogo e não ganhaste”. Isso que me deixa triste e me leva para casa — completou.
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Outras respostas de Renato Paiva após Botafogo x São Paulo
Pontas "mecanizados"
— Eu entendo a sua pergunta, concordo em 50%, os outros 50%, não concordo, porque é muito difícil entrar numa linha de três zagueiros, porque falamos da segunda parte, mas na primeira, quando Cédric tinha processo ofensivo, baixava e fazia uma linha de 5. Mesmo assim, no primeiro tempo o Cuiabano e o Matheus trabalharam muito bem, umas vezes por dentro, umas vezes por fora. Umas vezes o Matheus está por dentro, umas vezes está por fora. Essa relação entre os dois, na minha opinião, funcionou muito bem. A primeira oportunidade é nossa, do Savarino, e é uma jogada do corredor central. Problema é que depois o jogo vai avançando, a equipe adversária vai congestionando mais gente, às vezes que tentamos entrar por dentro geramos contra-ataque para o São Paulo. A ideia era colocar dois 9, o Igor e o Mastriani. Mastriani é um jogador de área puro e, obviamente, tentar os cruzamentos. Mas, mesmo assim, repara que não são cruzamentos do nada. Muitas vezes conquistamos a linha de fundo para cruzar. Cuiabano, Ponte, mais o Artur que vai para dentro porque os pés dominantes estão trocados. Muitas das vezes conquistamos a linha de fundo para afundar a linha defensiva para encontramos condições de finalizar. Eu acho que hoje até foi o jogo em que nós lateralizamos menos o jogo para entrar, circulamos bem, circulamos mais vezes e até não tivemos muitas precipitações para querer entrar. Há muitas bolas relações entre lateral e extremo com ajuda do Savarino, mas a verdade é que a bola não quis entrar em algumas oportunidades claras. Numa delas o goleiro está no chão e a gente consegue acertar no goleiro (risos). Portanto, a nossa missão, ofensivamente, enquanto técnico é levar nossa equipe do nosso campo para o campo adversário. Eu acho que isso foi muito bem conseguido, ao contrário de jogos. Faltou último momento de finalizar. Hoje finalizamos mais vezes, mas faltou eficácia.
Allan fora dos relacionados
— Allan está com problema pessoal, nesta semana praticamente não treinou. Não há problema algum grave, mas é um problema pessoal e, portanto, ele não foi relacionado exatamente por isso.
Priorizar competições
— Como clube grande, não vamos priorizar nenhuma competição. É jogo a jogo e olhar para as competições com os melhores jogadores. Agora, muitas vezes a revolta da torcida com as substituições é que você tira jogadores que são titulares. O Gregore, jogadores com utilização massiva. E as pessoas tem de pensar que o jogador não pode estar lá só o nome. Às vezes o desgaste é tanto que fica só o nome, mas o atleta não. Tem que colocar gente fresca, que mude a cara do jogo. Foi o que tentamos com o Jeffinho, um outro nove, Patrick. O Savarino quando entra o Mastriani continua por dentro e o Cuiabano tem o corredor. Olhar para o jogo e tomar decisões. Quando substituiu um jogador que a torcida gosta, eles criticam porque gostam, mas tem de pensar que são seres humanos. Gregore e Marlon tem jogado todos os jogos praticamente. Tiro aos 15, aos 10, alguns não tiro. Tenho de fazer essas substituições para melhorar.
Conversa com o árbitro
— Para mim, é claro, sem querer faltar respeito ao Zubeldía e aos jogadores, a partir de um certo momento, só uma equipe jogou. Acho que isto é um problema do futebol brasileiro. Goleiro cai 50 vezes, câimbra 50 vezes. Queria deixar uma palavra ao Calleri, porque a lesão parece grave. Deixar um abraço e desejar que não seja nada grave, mas, se for, as melhoras rápidas. É um grande jogador e grande profissional. Não queremos lesões nem nos nossos e nem nos outros. Mas se queremos que o futebol brasileiro melhore em muitas coisas, essa é uma delas. Entendo a manha e essas coisas, mas fazer às vezes é uma coisa. Acabar com o jogo há 30 minutos do fim… só há uma entidade que pode impedir: o árbitro. Ele pode contabilizar no fim e dar o tempo. Durante algum momento deram 10, 12 minutos. Para mim, hoje, tinha que dar 10 minutos. Não estou criticando decisões, apenas algo quantificável, o tempo. Sete minutos me parece escasso. Vão falar que digo isso porque estava atrás no resultado. Vou, mas quando não estiver, vou dizer o mesmo. Podem escrever. Nós, estrangeiros, estamos vindo para o país de vocês trabalhar e temos de trazer coisas diferentes. Vou tentar trazer o meu trabalho e tentar fazer o Botafogo voltar a ser campeão. Esse tipo de coisa não posso voltar para casa sem deixar de falar ao árbitro. Com toda educação, disse que isso eles podem controlar. Se não, quem vê esse jogo vai dizer que vale a pena fazer isso faltando 30 minutos. O público não vê o jogo, cai um, cai outro. O árbitro não pode temer dar 10, 15 minutos.
Problemas na recomposição
— Entendo a sua pergunta, os espaços estavam lá, mas os gols que sofremos não foram por aí. Nem houve grandes oportunidades por aí. Quando tem que ir atrás dos resultados, não pode ficar com as mãos cruzadas sem fazer nada. Os próprios jogadores, mesmo que eu não desse indicação, vão à procura do gol. Quanto mais recuava o São Paulo, quanto mais amontoavam jogadores ali, mais a gente subia. Obviamente há momentos em que os jogadores do São Paulo iam nos encontrar mais desequilibrados. Não há como, porque você está indo atrás do resultado. Nossa equipe foi a campo para ganhar, não critico a postura do adversário, mas quando começa a perder e está atrás do resultado é normal que isso aconteça. Temos que continuar a corrigir os desequilíbrios, mas não me parece que esse tenha sido nosso maior pecado da exibição.
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