"O Botafogo criou uma identidade". Alberto Valentim já bateu nesta tecla em algumas ocasiões. A última se deu antes de encarar o Sport, na última segunda-feira. Mas, em Recife, o fato é que o Glorioso não rendeu o esperado - justiça seja feita, muito graças às condições do gramado. Portanto, a expectativa criada em torno do confronto contra o Grêmio, diante de sua torcida, neste sábado, era para ver se os comandados de Valentim repetiriam a atuação segura da estreia do Brasileiro, na qual empatou com o Palmeiras.
Se formos pragmáticos, enxergar a vitória contra um Grêmio repleto de reservas (porém com Luan) por 2 a 1, com gol salvador nos últimos minutos e de fora da área, será de uma ótica não tão positiva. Mas aí o tropeço virá se não olharmos o que o Botafogo alcançou quanto à performance e a não desorganização, comum quando um time se atira em desconforto.
Ainda com diversas peças importantes lesionadas, Valentim teve o reforço de Renatinho, que, recuperado, retornou ao time titular e fechou a trinca de meio-campistas ao lado de Rodrigo Lindoso e Matheus Fernandes. Sobretudo na etapa inicial, os três funcionaram muito bem, ainda mais com Matheus preenchendo todos os setores, enquanto Renatinho caía mais pela esquerda.
A boa movimentação de Brenner, autor do primeiro gol, também facilitou para que o Glorioso finalizasse 13 vezes na primeira etapa, sendo cinco na meta de Paulo Victor. Marcinho foi quem deu a assistência para o camisa 9 e outro que fez uma de suas melhores partidas pelo clube.
Deixando o quesito individual de lado, o que potencializou os bons rendimentos pessoais foram a organização e a sensata administração da posse de bola, peculiaridades na filosofia de Valentim, assim como a persistência - esta coroada com o gol de Gilson no fim, quando a torcida já estava impaciente e que fez lembrar o título carioca e a vitória na Sul-Americana, contra o Audax.
- Há três dias tive que diminuir a duração do meu treino, porque já tínhamos atingido o que queríamos na parte física, tática e técnica. O resultado está aí no jogo. Não quero decidir sempre nos últimos minutos, mas é um time que vai se manter organizado e compacto até o final - disse Valentim, em coletiva.
Na zona mista, Ezequiel e Marcinho também sublinharam o empenho do grupo nos treinamentos, sempre intensos e exigentes. Assim, se o Botafogo conseguir associar empenho e desempenho com a "humildade" citada pelo lateral-direito, que tem a compreensão que um jogador de um time de menor investimento precisa ter no Brasileirão, eis a chave para engatar uma boa sequência.
COMO O BOTAFOGO INICIOU
COMO O BOTAFOGO TERMINOU