Após ter amargado a terceira derrota consecutiva, o Botafogo, líder do Campeonato Brasileiro, lida com o desafio de mostrar poder de reação diante do Corinthians, na sexta-feira (22), às 20h (de Brasília).
A comissão técnica tenta contornar o momento de maior oscilação para evitar que os adversários cheguem ao retrovisor. Um dos caminhos passa pela Neo Química Arena.
APROVEITAMENTO COMO VISITANTE
O Glorioso iniciou o Brasileiro com um aproveitamento fulminante, atuando bem no Nilton Santos e obtendo vitórias significativas longe de seus domínios. Sob o comando de Luís Castro, a equipe teve quatro vitórias, incluindo cotados ao título como Flamengo e Palmeiras, e sofreu apenas uma derrota. No único jogo botafoguense sob o comando de Cláudio Caçapa, vieram três pontos significativos diante de outro favorito: o Grêmio.
Sob o comando de Bruno Lage, a equipe ainda não venceu fora do Rio de Janeiro. Além de empates arrancados contra Santos, Cruzeiro e São Paulo, a equipe sofreu a derrota para o Atlético-MG. O aproveitamento é de 25%.
Alguns fatores chamaram atenção nestas partidas. Diante do Santos, a dupla formada por Adryelson e Philipe Sampaio se ressentiu de entrosamento no início e acabou sofrendo dois gols. Porém, Adryelson foi relevante para a reação alvinegra que trouxe o empate em 2 a 2 no limite.
A ausência de Eduardo contra os santistas fez Tchê Tchê atuar como armador, e a formação não funcionou inicialmente. A equipe começou a demonstrar reação com a entrada de Victor Sá e deslanchou nos últimos minutos.
Diante do Cruzeiro, a equipe sofreu a baixa de Tiquinho Soares ainda no primeiro tempo. Aos poucos, veio o desgaste e a equipe se viu diante de um bombardeio no qual se destacaram a sucessão de defesas do goleiro Lucas Perri e a dupla Adryelson e Cuesta. No empate em 0 a 0 com o São Paulo, outro fator foi curioso: a equipe fez uma linha de impedimento de maneira impecável. Porém, a equipe passou por apuros.
Na derrota por 1 a 0 para o Atlético-MG, Marlon Freitas e Di Plácido chegaram a batalhar em meio às condições irregulares do gramado na Arena MRV. Porém, em meio à tensão, não deu para frear o ímpeto de Paulinho.
O aproveitamento recente ainda não chegou a afetar de maneira aprofundada o desempenho longe de casa. São 18 pontos conquistados em 11 jogos, e aproveitamento de 54,5% (atrás do Flamengo, que tem um jogo a mais como visitante).
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IRREGULARIDADE OFENSIVA
O Botafogo também não vem repetindo uma sequência de jogos com criatividade ofensiva. Os comandados de Bruno Lage chegam a apresentar números significativos de posse de bola, mas, na hora de concluir, a equipe vem pecando.
O Glorioso tem suas melhores médias quando atua no Nilton Santos. À exceção da partida contra o Santos, a equipe viu sua pontaria patinar.
No confronto com o Cruzeiro, a equipe pouco ficou com a bola e em raros momentos foi incisiva. Eduardo era muito visado e os atacantes avançavam de maneira afobada.
Diante do São Paulo, o Alvinegro penou com a falta de criatividade, mas viu momentos promissores em jogadas de Eduardo e Janderson. E neste momento, faltou capricho.
Na partida contra o Atlético-MG, por sua vez, os botafoguenses se mostraram um deserto de ideias. Eduardo teve atuação aquém do esperado e Tiquinho Soares pouco apareceu em um jogo com péssimas condições do gramado. Sem o mesmo vigor, os comandados de Bruno Lage viram seu único lampejo culminar no gol anulado de Diego Costa.
Enquanto isso, o Alvinegro se lança ao ataque de maneira mais impetuosa quando atua no Nilton Santos. Como mandante, a equipe de Bruno Lage costuma ser mais objetiva, a ponto da posse de bola ficar equilibrada.
O maior percentual de posse de bola do Botafogo com Bruno Lage no Nilton Santos aconteceu na vitória por 3 a 0 sobre o Bahia. A equipe ficou 56% do tempo com a bola no pé.
Na derrota por 2 a 1 para o Flamengo, os alvinegros tiveram uma leve vantagem na posse de bola: 52% contra 48% dos rubro-negros. Porém, finalizaram menos do que o adversário (que mandaram sete arremates na meta de Lucas Perri).
QUAL CAMINHO SEGUIR?
Outro aspecto passa pela formação ideal para o Botafogo. Após a saída de Gustavo Sauer, o treinador não encontrou um nome ideal para atuar pela ponta-direita. Matías Segovia e Júnior Santos vêm revezando no setor, sem conseguirem deslanchar como titulares.
Em paralelo a isso, Lage indicou que pode testar variações, especialmente com Tchê Tchê. Atualmente, o camisa 6 varia entre os lados para tentar municiar o ataque.
Em entrevista ao "ge", o treinador acenou com a possibilidade de variar formações e lançar Tchê Tchê ao lado de Gabriel Pires.
- Olhamos para o que a equipe pode nos dar a cada momento. Conheço bem o Gabriel (Pires), acho que posso tirar partido dele, ele fez um retorno bom, o melhor momento dele em Portugal foi comigo. Acho que o meio pode ter mais força com ele. E estamos falando do Tchê Tchê, que é um jogador fantástico. As vezes, peço para ir lá embaixo, ele faz muito bem, e do nada ele aparece nas zonas de finalização. As pessoas falam que tê-lo no lado direito não resulta (em nada), mas o Diniz, hoje na Seleção, o utilizou lá e até como lateral. Desperdício é um treinador com Marlon ou Danilo, Gabriel e Tchê Tchê não tentar, em determinado momento, ver se eles podem jogar juntos - disse.
Em meio à busca por implementação de ideias, o Botafogo tenta retomar suas forças diante do Corinthians na sexta-feira (22).