A apertada situação financeira não é novidade no Botafogo. O time conviveu com salários atrasados durante boa parte do ano e os jogadores chegaram a protestar por conta desse cenário, com uma greve de silêncio. A esperança por dias melhores, porém, se dá nos Irmãos Moreira Salles, ilustres torcedores do Alvinegro, que possuem o plano de participar das finanças do clube.
Nesta sexta-feira, a relação entre o Botafogo e os Irmãos Moreira Salles pode ficar cada vez mais próxima. Desde o ano passado, João e Walter têm o plano de participar das finanças do Alvinegro e, por isto, contrataram uma empresa para realizar um estudo financeiro do clube. O resultado da auditoria realizada pela Ernst & Young foi considerada positiva e, desta forma, a família permanece com o objetivo de participar ativamente da realidade da agremiação.
O próximo passo acontecerá nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro. A cúpula alvinegra, liderada por Nelson Mufarrej, presidente do Botafogo, vai se reunir com integrantes da Ersnt & Young, que vão indicar, de acordo com o resultado dos estudos realizados, como os Irmãos Moreira Salles poderão ajudar o clube. Se o resultado for positivo, a entrada da família será passada para o Conselho Deliberativo, que vai decidir sobre a mudança do estatuto e, por consequência, a entrada total de João e Walter nas ações financeiras.
Botafoguenses assumidos, João e Walter Moreira Salles são grandes acionistas do Itaú Unibanco e da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). De acordo com a Forbes, em pesquisa realizada em 2015, a fortuna de ambos é avaliada em R$ 12,96 bilhões.
Se todos os próximos passos forem considerados positivos, a expectativa é que João e Walter entrem nas finanças do clube já em 2020. O plano deles não é injetar dinheiro de primeira nos cofres do clube, e sim avaliar e buscar aliviar as dívidas que asfixiam o Botafogo, trazendo um alívio para o Alvinegro. Os dois já haviam ajudado o clube na compra do Espaço Lonier, local onde será o centro de treinamento do Glorioso será construído, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Quem são os Moreira Salles?
João Moreira Salles possui participação ativa no cinema brasileiro. Nascido em 1966, começou, com 19 anos, a realizar seus primeiros trabalhos na área. Após isso, criou uma produtora, chamada "Videofilmes", que produziu importantes tramas para o cenário do país, como "Notícias de uma guerra particular" e "Entreatos", que contou os bastidores da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002. Quatro anos depois, passou a se dedicar ao jornalismo, criando a "Revista Piauí", para analisar assuntos recorrentes sem a necessidade uma periodicidade fixa.
Walter Moreira Salles é formado em economia, mas sua ocupação também se dá dentro da empresa cinematográfica, se graduando em comunicação audiovisual. Durante sua carreira, colecionou prêmios importantes na área: "Terra estrangeira" ganhou o prêmio de melhor filme brasileiro em 1995; em 1998, "Central do Brasil" foi indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro e "Abril Despedaçado", três anos depois, foi indicado para um Globo de Ouro. A trama "Diários de Motocicleta", de 2005, que conta a história de Che Guevara, é considerado um fenômeno mundial.
Os dois são avaliados, pela Forbes, em nono lugar na lista de bilionários brasileiros. A fortuna veio de Walther Moreira Salles - pai de ambos, que faleceu em 2001-, que foi ministro da Fazenda, embaixador e criador do Unibanco. O pai criou o "Instituto Moreira Salles", uma organização sem fins lucrativos mantida por João, Walter, Pedro e Fernando, os outros dois irmãos.