Na noite da última quarta-feira, aquele que é, certamente, um dos oriundos mais conhecidos de Tocantinópolis (TO) espantou quem o conhece no dia a dia recente. A imagem de Luiz Fernando, aos 21 anos, três meses de Botafogo e a mão direita tapando o nariz rodou o mundo. A timidez fora das quatro linhas não lhe impediu de tomar as dores do "chororô" alvinegro, e devolver a provocação feita por Vinicius Júnior, do Flamengo, no mês passado. Só não surpreendeu quem conhece o meia-atacante há mais tempo.
Contratado junto ao Atlético-GO, Luiz era outro em campo desde os tempos de base do Dragão. Conhecido pela personalidade forte nas partidas, chegou a precisar ser contido por cartões recebidos e embate com árbitros. Conversas chegaram a acontecer para manter o equilíbrio da jovem promessa.
- É um excelente garoto. Em campo, se impõe, se libera. Um menino muito competitivo, focado, mas novo. Então tivemos alguns movimentos quando ele começou tomar muitos cartões - explica, ao LANCE!, Adson Batista, diretor de futebol da equipe goiana.
O herói do último jogo do Alvinegro, Luiz admitiu, após o gol na vitória sobre o Vasco, na semana passada, que estava "se soltando". Ele precisou se soltar também na vida. Deixou a pequena cidade natal, de 23 mil habitantes no norte do Tocantins, após se destacar numa escolinha. Chegou a Goiânia (GO), onde tinha apenas um tio, e morou muito tempo nas dependências do Atlético.
Fora de campo, falava pouco, assim como até hoje não é tão expansivo no Glorioso. Em campo, porém, a "metamorfose" lhe dava intensidade que a torcida botafoguense deve se acostumar a ver mais. Além do gol e da comemoração, foi tomar satisfação de Cuéllar quando foi atingido pelo colombiano nas pernas e no rosto.
Titular já na primeira rodada deste ano, Luiz Fernando não convenceu de início. Virou reserva, mas retomou a posição e, pelo visto, vai se consolidar. Guardadas as devidas proporções, lembra a história de Jefferson. Hoje ídolo do Botafogo, ele chegou ao clube em 2003, e foi reserva durante praticamente toda aquela temporada. Depois, se destacou ao ponto de ser vendido, voltar e se tornar histórico no clube. E pede paciência com o jovem companheiro.
- O Luiz Fernando é um pouco tímido, retraído. Quando se chega num clube grande como o Botafogo, às vezes é difícil. Sabíamos que ele precisava de um tempo para se adaptar. Ele está numa crescente e pode crescer muito mais, assim como os outros que chegaram, como o Renatinho. E o Luiz não abre a boca para reclamar de nada. Saiu do time, continuou trabalhando e está voltando bem - entende o goleiro, que conclui:
- Com todos que estão chegando nós temos que dar tempo. Às vezes, as pessoas não dão tempo para os jogadores renderem - avalia Jefferson.