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Venda de Jonathan é a quinta do Botafogo para quitar dívidas

Lateral-esquerdo negociado com o Almería, da Espanha, é mais um nome a deixar o clube de General Severiano para o pagamento de dívidas e salários atrasados do elenco

Montagem Botafogo
imagem camera(Arte: Marina Cardoso/Lance!)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 19/08/2019
17:58
Atualizado em 20/08/2019
07:00

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A grave crise financeira que que assola o Botafogo fez mais uma vítima. O lateral-esquerdo Jonathan foi negociado com o Almería, da Espanha, na última segunda-feira, por cerca de R$4,5 milhões. O valor será destinado ao pagamento de salários na CLT de parte do elenco do futebol profissional e de funcionários. Em um ciclo que parece não ter fim, o drama se repete em General Severiano. Para quitar dívidas, o que se vê obrigado a vender atletas promissores para fazer caixa. A transação do lateral-esquerdo é a quinta na temporada em circunstâncias semelhantes, depois das saídas de Matheus Fernandes, Igor Rabello, Leandro Carvalho e Gláuber.

As vendas de jogadores são o recurso restante a um clube com dificuldades de gerar receitas e, ainda assim, ficaram abaixo da meta traçada pela direção para este ano. Desde março, quando se encerrou o contrato com a Caixa Econômica Federal, o Botafogo está sem um patrocinador master. O clube ainda tem que conviver com as penhoras decorrentes de ações judiciais e com restrições nos valores ganhos pela cota de televisão com a Rede Globo e com as Certidões negativas de Débitos (CNDs).

A esperança dos torcedores está no projeto que envolve os irmãos Walter e João Moreira Salles. A auditoria encomendada pela dupla junto à Ernst & Young está pronta e aguarda aprovação pelo Conselho Deliberativo. O projeto prevê a separação do futebol, que seria transformado em uma sociedade anônima, com aporte de investidores, da parte social do Glorioso.

Saídas precoces
O primeiro nome a deixar o clube para amenizar a asfixia financeira foi o volante Matheus Fernandes, vendido ao Palmeiras, em dezembro, por aproximadamente R$ 15,5 milhões, depois de terminar o ano como um do destaques do Brasileirão 2018, em que foi um dos melhores ladrões de bola da competição. A transação salvou o fim de ano do Alvinegro que pôde pagar salários de novembro, dezembro e férias do elenco.

Em janeiro, foi a vez do zagueiro Igor Rabello, mais um nome da base, se despedir do clube, rumo ao Atlético-MG. O Galo adquiriu 70% dos direitos econômicos do jogador, por cerca de R$ 13 milhões. Na época o jogador, fez um desabafo nas redes sociais sobre a situação.

– O Botafogo de Futebol e Regatas para sempre estará em meu coração. O clube vive um momento de crise financeira e sei que minha venda ajudará de alguma maneira. Tenho consciência de que minha decisão de sair também foi pensando nesta situação e na realidade dos seus funcionários . Que o Glorioso se recupere, que os atuais e futuros dirigentes tenham sabedoria na gestão deste clube e que em breve, o Botafogo não tenha mais a necessidade de negociar seus jovens atletas – escreveu Rabello na ocasião.

O respiro financeiro, no entanto, durou pouco e mais duas joias da base precisaram ser negociadas para que o clube pudesse honrar os compromissos. No início de março, o atacante Leandro Carvalho teve 40% de seus direitos econômicos negociados com o Ceará, por R$3 milhões. Dias depois, o clube de General Severiano teve 20% do valor total da negociação penhorado por conta de uma ação judicial do treinador Oswaldo de Oliveira.

Em junho, a solução paliativa para as finanças do clube veio da venda do zagueiro Glauber, de 19 anos, que sequer chegou a estrear na equipe profissional, apesar de ter participado de alguns treinamentos. O destino foi o Al-Nasr, time dos Emirados Árabes Unidos, que adquiriu 70% dos direitos econômicos do atleta por R$3 milhões.

A venda de Jonathan, na última segunda, portanto, é a mais recente de um ciclo que se repete no clube.

Jogadores protestam internamente
O elenco não passa imune ao problemas extra-campo. Só este ano, os jogadores já organizaram duas vezes protesto pelos salários e premiações atrasadas. No mês passado, decidiram ficar sem falar com a imprensa e sem participar de ações de marketing. Na primeira delas, em abril, os atletas resolveram não se se concentrar para a partida contra o Juventude, pela Copa do Brasil.

Contraste com rivais cariocas
O abismo financeiro do Botafogo em relação aos outros grandes clubes do Rio de Janeiro tem como raiz a diferença na capacidade de gerar receitas. Segundo a Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol de 2018 promovida pelo Itaú BBA, o Alvinegro é clube com a maior dívida total no país, com R$ 672 milhões, além de um aumento de R$ 18 milhões de 2017 para 2018. A receita total, por outro lado, caiu de R$ 201 milhões para R$ 170 milhões no mesmo período.

O Flamengo foi o clube com a segunda maior receita em 2018, atrás apenas do Palmeiras. O Rubro-Negro arrecadou R$ 536 milhões em 2018 e tem as contas em dia e realiza contratações milionárias. Fluminense e Vasco também sofrem com atrasos de salários, mas têm um cenário menos desanimador que o clube de General Severiano. Enquanto o Tricolor teve crescimento de 19% das receitas totais de 2017 para 2018, com a venda de jogadores, o Cruz-Maltino conseguiu diminuir a dívida total de R$ 533 milhões para R$ 496 milhões, com os R$ 86 milhões recebidos pelas negociações de atletas.

*Sob supervisão. 

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