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Entre memórias de Flu e Furacão, ex-goleiro afasta outra polêmica de 96

Ao LANCE!, Ricardo Pinto lembra 'ritual' com a torcida do Atlético-PR que foi visto com desconfiança por tricolores , e fala de títulos marcantes nos dois clubes

Recuperando de operação, Ricardo Pinto distribuiu bonés antes de Atlético-PR x Criciúma. Atitude foi questionada por tricolores
Ricardo Pinto - Atlético-PR 1x2 Criciúma - 1996

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Em 1996, a rivalidade entre Fluminense e Atlético-PR foi além da "batalha campal" ocorrida nas Laranjeiras. Na última rodada, em 24 de novembro, o Furacão, já classificado, recebeu o Criciúma, que lutava contra o rebaixamento, assim como o clube carioca. O fato de a equipe paranaense ter poupado jogadores e, antes da partida, Ricardo Pinto, ainda em recuperação da cirurgia para retirada de um coágulo no cérebro, entrar em campo e distribuir bonés, foi visto de forma controversa pela torcida tricolor.

Porém, o ex-goleiro atribui seu gesto a uma forma simbólica de se manter próximo da torcida atleticana:

- Eu tinha um ritual nesse ano de entrar um pouco antes para fazer o aquecimento, e a torcida fazia uma festa. Como não estava naquele jogo, entrei sem uniforme e junto com os goleiros. Naquele jogo, em que eu estava com pouco mais de uma semana de operado, fui até onde o pessoal se aquecia, andei cerca de dez metros, cumprimentei os torcedores e depois voltei para a arquibancada, para assistir ao jogo - lembrou, ao LANCE!.

A decisão do Atlético-PR em poupar jogadores no Caldeirão do Diabo (onde a equipe mandou jogos antes da criação da Arena da Baixada) foi atribuída à sequência do Brasileirão. Segundo o ex-goleiro, a preocupação com o resultado do Fluminense ficou restrita às arquibancadas:

- Aquele foi um jogo atípico, o Atlético já estava classificado e não queria correr risco de perder jogadores por lesão para as quartas de final com o Atlético-MG. O Criciúma jogou a vida dele na competição, o Atlético-PR se dedicou ao máximo, porque os jogadores têm dignidade, mas ganhou quem fez mais. Mas que fique claro: o jogo era entre Atlético-PR e Criciúma, não tinha nada a ver com o Fluminense.

Enquanto os jogadores do Furacão saíam de campo, atletas do Criciúma comemoravam a permanência na elite ao lado de torcedores, tanto da equipe quanto dos donos da casa. Em um dos momentos, um jogador do Tigre atirou uma camisa do clube para a torcida rival, e lhe "retribuíram" com uma camisa rubro-negra. Houve coro ironizando a queda do Fluminense para a Série B.

RICARDO PINTO LEMBRA TÍTULOS POR TRICOLOR E FURACÃO

No entanto, a polêmica tem um espaço bem distante na memória de Ricardo Pinto ao lembrar de quando defendeu Fluminense e Atlético-PR. Anos antes da confusão nas Laranjeiras, o ex-goleiro viu uma partida no estádio ser sinônimo de sorrisos: ele era titular da equipe que bateu o Volta Redonda por 1 a 0 e sagrou-se campeã da Taça Guanabara de 1993, última conquista celebrada em uma partida no estádio.

-  Jogar no Fluminense era muito bom. Saí do interior do Espírito Santo (Cachoeiro de Itapemirim) lutando sozinho, morei na concentração em Xerém e consegui ser titular por quatro anos de uma das maiores equipes do país e do mundo. Para mim, treinar já era um grande motivo, ser campeão então, foi muito importante. Participar deste momento foi fundamental porque projetou meu nome e me deu condição de continuar jogando até 1999.

Em relação à conquista da Série B de 1995, pelo Atlético-PR, Ricardo Pinto cita que tudo começou por uma escolha arriscada. E acertada para sua carreira:

- Foi algo ímpar na minha carreira, pois eu tinha optado por sair do Corinthians (onde esteve no elenco que venceu a Copa do Brasil de 1995). Foi uma escolha bem feita, a meu ver. Cheguei no Atlético-PR, e pude jogar com nomes como Paulo Rink, Oséas, Alex Lopes, Luís Eduardo, que já conhecia no Fluminense, João Antônio, que foi ídolo no Paraná. Tivemos uma campanha simplesmente fantástica porque o grupo o grupo era fantástico. Um grupo vitorioso, aberto, amplo, dedicado, trabalhador... Passamos por dificuldades mas, no fim, culminou no acesso. 

A volta ao Furacão depois de pendurar as luvas é vista como um "prêmio". Segundo ele, que foi treinador de goleiros na equipe campeã brasileira de 2001, a união foi crucial para a conquista:

- O que mais me surpreendeu foi rever em um grupo a vibração e confiança que eu tinha visto em 1995. Era cheio de vencedores, com o Nem, Cocito, Adriano Gabiru, Alex Mineiro. O Flávio é um goleiro que jogou comigo e tive possibilidade de trabalhar com ele, e é um dos melhores que vi jogar ao lado do Paulo Vítor. Foi um prêmio para mim, coroou todo sacrifício do ano. O Geninho me deu total apoio, mesmo sendo goleiro nunca interferiu no meu trabalho. Foi uma época maravilhosa, fico muito feliz de guardar na minha história.

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