Entra ano, sai ano e aparece um goleador no Goiás. Desde Túlio Maravilha, passando por Iarley, Fernandão, Dimba, Grafite, Souza, Walter, Erik, etc. O da vez é Pedro Raul, que responde por 14 dos 28 gols marcados pelo Goiás. Fez metade dos gols do time no Brasileirão e ultrapassou os argentinos Calleri e Cano na briga pela artilharia do campeonato. Mas como são feitos os gols de Pedro Raul?
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Pedro Raul, que tem 1.92m, fez apenas dois gols de cabeça. Fez dois gols com a perna esquerda e os outros dez gols foram feitos com a direita: a perna boa. Somente um veio de uma penalidade máxima. Os gols de Pedro Raul vêm quase sempre de transições rápidas dos comandados de Jair Ventura, sejam em jogadas que o centroavante aparece para o último toque, ou sejam em transições longas que o nosso personagem tem que gerar jogo sozinho, ganhando duelos aéreos ou segurando a zaga adversária com escoras para a chegada ao ataque de seus companheiros. Tudo isso tocando menos na bola que em sua média, em razão do modelo de jogo de transições rápidas e às vezes longas do Goiás.
A média de Pedro Raul em suas últimas temporadas tem sido de 63 ações por partida e, no Brasileirão, o centroavante toca na bola em média 53 vezes. Mesmo participando menos, Pedro Raul mantém sua taxa de sucesso, dando sequência em torno de 40% das jogadas, o que é um bom índice para quem joga isolado no ataque. Sua média de finalizações no Brasileirão também é menor que a média histórica, caindo de 3 arremates para 2.6 por partida.
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No entanto, saindo da esfera quantitativa para a qualitativa, Pedro Raul subiu sua eficiência, acertando 50% de seus chutes pelo Goiás contra uma média de 38% de acertos anteriores. O resultado se traduz em gols. Se o jogador vinha com uma média de 0,38 gols por jogo, alcançou maravilhosos 0,64 pelo Esmeraldino.
E, diferente do que possa parecer, Pedro Raul não é só referência dentro da defesa adversária com sua altura. Os gols feitos por Pedro Raul na última rodada, contra o Santos, mostram valências interessantes tanto para o sistema de Jair Ventura como para times que aluguem o campo ofensivo.
O primeiro gol nasce de uma bola roubada pelo meio de campo goiano e o posicionamento de Pedro Raul à frente de Bauermann, zagueiro do Peixe, é para receber a bola no corpo e não no espaço. Distante da área santista, a decisão natural seria ganhar o espaço entre o zagueiro e a bola e escorar para a subida de mais jogadores do Goiás. Com a bola sendo lançada à sua esquerda, Pedro Raul roda protegendo a bola e, confiante, finaliza de longe e com a perna esquerda para tirar de João Paulo, goleiro do Santos, o tempo para impedir o gol de cobertura.
O segundo gol do Goiás e de Pedro Raul contra o Santos, que lhe deu a artilharia isolada do Brasileirão até a 26ª rodada, tem um incansável trabalho de desmarque e de pequenos trotes no espaço de dúvida entre os zagueiros Maicon e Bauermann, forçando a vigília ininterrupta dos dois jogadores adversários. O ataque começa no corredor esquerdo e troca de perfil, tendo a bola sido alçada na área do Santos pelo lado direito do ataque do Goiás.
O movimento de Pedro Raul para fintar Maicon é muito parecido com o que vemos seu xará rubro-negro executar, com o primeiro passo para dentro do miolo da zaga e os demais para correr para as costas do zagueiro do lado oposto, ganhando o espaço entre zagueiro e lateral oposto e finalizando sem nenhum desequilíbrio.
Outro detalhe tático que chama a atenção em Pedro Raul é estar quase sempre em vantagem posicional ao identificar as diagonais de quem ataca o primeiro pau. Está sempre mais à frente em lançamentos que venham da esquina da grande área e, acompanhando o arco da bola, Pedro Raul se posiciona atrás da linha dos demais atacantes em lançamentos que venham da linha de fundo.
Não é que a bola procure o centroavante, o centroavante é que se posiciona bem para receber o lançamento que não é cortado em um primeiro momento.