Luiz Gomes: ‘Palpitômetro do Brasileirão. Quem chega mais longe?’

Flamengo e Palmeiras, com seus elencos milionários, começam quase que naturalmente como os favoritos Cruzeiro. Grêmio e Internacional entram nessa corrida cabeça a cabeça

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Nesses dias e noites que antecederam ao início do Brasileirão, o que mais se viu e ouviu nos programas de TV foi gente dando palpite sobre o que vai acontecer a partir deste fim de semana e até o final do ano. Esta coluna, como sempre, não poderia agir diferente e também tem seus palpites. E essa, convenhamos, é a palavra mais adequada - são palpites mais do que análises.

E a explicação para, digamos, minimizar as apostas dos especialistas, é bem simples. Num campeonato que vai ficar pelo menos um mês parado durante a disputa em junho da Copa América, em que os clubes estão sujeitos a perder jogadores de peso na janela de transferência europeia no meio do ano, a situação que se vê agora pode mudar completamente no segundo semestre, exatamente na reta final da competição. Sendo assim, não há argumentação analítica que se sustente em um cenário de turbulências como esse. Seria preciso ter a bola de cristal ou a cartola dos mágicos para adivinhar o final da história.

O nosso Brasileirão tem características particulares. Diferentemente das principais ligas europeias, como a espanhola, a italiana, a francesa, a alemã, e a portuguesa - só a Premier League é uma exceção neste quesito - por aqui não existe a previsibilidade que facilita a indicação dos campeões Não há um Real ou um Barcelona, uma Juventus, um PSG, um Bayern, um Porto ou um Benfica que reinam soberanos conquistando títulos em sequência. Quando a bola começa a rolar nos estádios tupiniquins, há, como na Inglaterra, cinco ou seis times que surgem em condições de brigar pelo caneco. É isto é muito bom para nós.

O lado ruim, contudo, é que não raramente, ao contrário da liga inglesa, esse equilíbrio de forças ocorre por baixo. É o nível técnico ruim do futebol nacional que faz a diferença de pontos oscilar pouco entre o primeiro colocado e os que estão no meio da tabela. É a falta de qualidade dos times que faz tantos lutarem, ponto a ponto até a última rodada, para fugir da zona da degola e acordar na Segundona no ano seguinte. Aqui, vale lembrar que ao longo da história, apenas Flamengo, Cruzeiro, São Paulo, Santos e Chapecoense jamais experimentaram este dissabor.

O Brasileirão de 2019, contudo, pode não ser um destes. O equilíbrio pode vir com um sarrafo mais alto e mais gente tentando saltar na frente. Campeões de investimentos, Flamengo e Palmeiras, com seus elencos milionários, começam quase que naturalmente como os favoritos, aparecem em todas as listas. Mas não estão solitários, longe disso, nessa disputa pelo topo. Cruzeiro, Grêmio e Internacional, pelo menos os três, entram nessa corrida cabeça a cabeça. O ascendente São Paulo, o bem estruturado Athletico-PR, o Santos do bruxo Sampaoli, e o Corinthians do aplicado Carille também devem buscar seu espaço junto ao pelotão da liderança. E já falamos de nove times - quase a metade deles.

Há algumas incógnitas interessantes que merecem ser destacadas. Até onde podem ir o Fluminense do ousado Fernando Diniz e o Fortaleza de um Rogério Ceni em crescimento? Até que ponto o Atlético-MG terá forças para sair do buraco em que se meteu e que lhe custou a eliminação precoce da Libertadores ainda na fase de grupos?

A partir daí, a briga deve ser para equilibrar-se na corda bamba, sem despencar pelo abismo do rebaixamento. Vasco e Botafogo lideram esse pelotão que ainda inclui a Chapecoense, o Ceará e o Bahia. Já o CSA, o Avaí e o ressuscitado Goiás aparecem, no fim da fila, sem grandes chances de armar maiores surpresas, mas dispostos a brigar ferozmente para sobreviverem entre os 20 da elite quando dezembro chegar.

Palpites à parte, o fato é que, exceto para os clubes que disputam a Libertadores, e um ou outro que já pegou uma pedreira na Copa do Brasil, o início do Brasileirão é a hora da verdade de fato. A pré-temporada acabou no fim de semana passada, com as decisões dos estaduais. E títulos ali, como se sabe, podem significar muito pouco para o restante da temporada. A briga agora é de cachorro grande. E para usar um lugar bem comum na narrativa dos antigos locutores de rádio, que vença o melhor.

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