O Campeonato Brasileiro ainda aguarda por suas últimas emoções. Porém, esta edição já traz uma curiosa marca para o mercado dos treinadores: sete dos 20 clubes são comandados por interinos ou antigos interinos.
A começar pelo atual líder Corinthians, que depositou suas fichas em Fábio Carille desde o início de temporada, foi campeão paulista e pode terminar a temporada com o Brasileirão nas mãos. Já outros clubes do estado recorreram à "solução caseira" após duas demissões no ano.
O ex-jogador Elano comandará o Santos, que viu os medalhões Dorival Júnior e Levir Culpi decepcionarem na Vila Belmiro. Já no Palmeiras, caberá a Alberto Valentim aprumar o Palmeiras da forma que Eduardo Baptista e Cuca não conseguiram.
A zona de classificação para a Copa Libertadores ainda traz outro nome: Jair Ventura, que tornou-se técnico do Botafogo após a saída de Ricardo Gomes, está no clube desde agosto de 2016. O Sport promoveu a técnico Daniel Paulista, após as passagens frustrantes de Ney Franco e do badalado Vanderlei Luxemburgo. Enquanto isto, o Atlético-GO tenta com João Paulo Sanches fazer uma reta final redentora, depois das passagens mal-sucedidas no Brasileiro com Marcelo Cabo e Doriva.
FALTA DE CONVICÇÃO, MUDANÇA NATURAL...: OPINIÕES DIVERGEM
Este cenário trouxe vários pontos de vista entre especialistas e treinadores. Blogueiro do LANCE!, Fabio Chiorino apontou que a "aposta", muitas vezes, surge por acaso:
- Nem sempre os clubes recorrem aos interinos por convicção. O caso mais emblemático talvez seja o do próprio Fábio Carille, que acabou sendo efetivado após as tentativas do Corinthians por um novo técnico não surtirem efeito. Jair Ventura e um bom exemplo de como um treinador que está começando o trabalho pode se sair bem tendo o respaldo absoluto da diretoria. É o que acontece há dois anos no Botafogo, que consegue resultados bem satisfatórios, tendo em vista suas limitações de elenco e dificuldades financeiras.
Chiorino vê alguns técnicos ficando para trás no momento:
- Os medalhões estão ficando para trás por culpa deles próprios, já que a maioria simplesmente se recusa a buscar novos aprendizados na profissão e simplesmente repetem fórmulas que já não surtem o mesmo efeito no futebol de hoje. Além disso, ainda tem a questão técnica. Poucos clubes são capazes de formarem times realmente competitivos para a temporada, então não justifica mais salários absurdos para técnicos que naturalmente terão seu trabalho limitado pela falta de evolução tática ou pela limitação natural do futebol que se disputa por aqui. E ai os jovens treinadores e os interinos passaram a ocupar este espaço diante do novo contexto.
Zico vê com bons olhos esta "nova geração":
- Tudo é válido, principalmente quanto os resultados aparecem. Tivemos uma supervalorização de técnicos, e isto agora deve estar pesando para os clubes. Deu margem para o surgimento de uma nova geração de treinadores - afirmou, ao L!.
Aos olhos de Evaristo de Macedo, a renovação é "natural", e os próprios medalhões deveriam ficar atentos ao novo panorama do futebol nacional:
- Isto é normal, no futebol existe uma renovação sempre. Os treinadores mais antigos já tiveram seus momentos, e creio que poderiam ter outra ocupação em vez de ainda ficar à beira do campo. Em especial, porque estamos em um momento em que o futebol brasileiro não investe nos treinadores na mesma forma do que os clubes europeus - afirmou, ao LANCE!.
Porém, Evaristo deixa um alerta aos interinos e ex-interinos que começaram a ficar em voga no mercado:
- Mesmo com uma renovação maior, que dá espaço a técnicos que foram lá para fora, não acredito em uma evolução no futebol brasileiro. Os técnicos vão entrar no mercado onde o que vale é ganhar. Você não é julgado pelo que seu trabalho vale, e sim pelos resultados.