O São Paulo tem um novo mito. Se neste domingo Rogério Ceni disse adeus à carreira de 25 anos, o Tricolor foi salvo pelo xará do goleiro-artilheiro. O atacante Rogério saiu do banco de reservas após suar para se recuperar de lesão na coxa direita e marcou um golaço para sacramentar a vitória por 1 a 0 sobre o Goiás no Serra Dourada. O resultado levou o time paulista à próxima edição da Copa Libertadores da América e rebaixou o Esmeraldino após três anos na elite.
Os mais de 30 mil torcedores presentes no Serra Dourada pareciam todos engasgados, sem forças para cantar. Os são-paulinos, mesmo que em situação mais confortável, engoliam seco a cada susto provocado por sua desentrosada linha defensiva. O Goiás, atrapalhado pelas próprias limitações, avançava e errava demais. A fragilidade técnico da partida fica evidenciada pelo fato de que a primeira chance real de gol saiu aos 39 minutos, quando Thiago Mendes tabelou com Alan Kardec e parou em grande defesa do goleiro Renan.
A formação praticada por Milton Cruz neste domingo é um esboço do que restará ao São Paulo na próxima temporada. Com Rogério Ceni e Luis Fabiano na tribuna e Alexandre Pato no banco - todos sairão para 2016 -, o Tricolor foi um time modesto em campo, dependente do esforço elogiável de Hudson para uma forte marcação e nos lampejos de Thiago e Kardec na frente. Já Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos participaram muito pouco da partida e arrancaram xingamentos da torcida que compareceu ao Serra Dourada.
No segundo tempo, com os resultados de Figueirense e Avaí, a queda do Goiás foi sendo concretizada. O silêncio da torcida deu lugar a ameaças e os militares da tropa de choque cercaram todo o gramado com cães, armas de fogo e cassetetes. A tensão também pairou sobre a tribuna destinada à diretoria do São Paulo. Torcedores sem camisa grudaram em grade próxima ao local e cobraram a saída do vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro.
O terror técnico persistiu, e os tricolores cada vez mais se distanciavam em campo. Cada atleta era uma ilha no extenso gramado do Serra e nas próprias vaidades. Os sempre criticados Reinaldo e Lucão faziam jogo impecável, enquanto as fontes de habilidade do time eram nulas. A primeira alteração, feita após os 30 minutos, irritou a torcida. Wesley entrou no lugar de Bruno, comprovando a intenção de somente gastar tempo e assegurar o empate suficiente para permanecer na quarta colocação.
Em Goiânia, o São Paulo foi espelho de todo seu ano turbulento. Decisões erradas de Milton como se fora os cabeças da gestão Carlos Miguel Aidar: sacar Thiago para a entrada de Lyanco, causando recuo exagerado da equipe, é apenas um exemplo. Mas como disse Luis Fabiano na semana passada, o interino costuma ter sorte e a vaga na Libertadores saiu.
O interino chamou Rogério aos 43 minutos do segundo tempo e viu o talismã driblar a marcação na ponta esquerda e acertar o chute da salvação no ângulo de Renan. Festa são-paulina nas arquibancadas, em campo e na tribuna da diretoria, com olhos marejados do presidente Leco. Choro também dos esmeraldinos, que mantiveram a tensão no Serra Dourada com bombas e ameaças de confronto com a polícia e os são-paulinos. Que venha 2016!
FICHA TÉCNICA
GOIÁS 0 X 1 SÃO PAULO
Local: Serra Dourada, em Goiânia (GO)
Data/Hora: 6/12/15, às 17h
Árbitro: Ricardo Marques Ribeirto (MG)
Assistentes: Fabiano da Silva Ramires (ES) e Pablo Almeida da Costa (MG)
Público pagantel/Renda: 34.284 pessoas/ R$ 329.310,00
Cartões amarelos: Liniker, David e Alex Alves (Goiás); Ganso (SPFC)
Gols: Rogério (0-1), aos 47'2ºT.
GOIÁS: Renan, Gimenez (Arthur 38'2ºT), Alex Alves, Fred e Rafael Forster; Patrick, David, William Kozlowski (Juan 43'2ºT) e Liniker (Carlos Eduardo 17'2ºT); Erik e Bruno Henrique. Técnico: Pachequinho.
SÃO PAULO: Denis; Bruno (Wesley 33'2ºT), Lucão, Edson Silva e Renaildo; Hudson, PH Ganso e Carlinhos; Thiago Mendes (Lyanco 37'2ºT), Alan Kardec (Rogério 43'2ºT) e Michel Bastos Técnico: Milton Cruz.