A fatalidade, a infelicidade, a negação, o corpo presente e o luto. Como transformar esse momento num momento positivo? Que habilidades os dirigentes podem desenvolver e como podem aproveitar todo esse sentimento para criar um clube ainda maior?
O incidente com a Associação Chapecoense de Futebol emocionou todo futebol mundial, a NBA e outros esportes ao redor do planeta! Infelizmente, o acidente com a Chape se transformou num luto no esporte e para muitos brasileiros. A chegada dos corpos ao estádio foi acompanhada por todos, via rádio, televisão, internet em todo o mundo! Foi muito comovente e triste essa cena. Mas, psicologicamente falando, extremamente importante para todos os familiares, amigos, torcedores e admiradores da Chape, principalmente aqueles que vivenciaram a cerimonia no estádio. Importante para a recuperação emocional, mesmo após um sofrimento intenso e às vezes descontrolado. A intensidade e qualidade das emoções liberadas é que colaborarão no processo de luto.
O sentimento de luto é uma emoção muito forte e, como todas as emoções podem originar pelo menos duas atitudes, uma construtiva e outra destrutiva. A destrutiva caminha pela tristeza, frustração e depressão e a construtiva busca caminhos para a reconstrução.
Sempre, quando possível, tendo o suporte adequado, o melhor caminho é a reconstrução. Essa reconstrução deve estar baseada nos valores, nas crenças, nas alegrias, nas vitórias, nas derrotas lembrando as atitudes positivas que os colegas deixaram como exemplo, tendo orgulho e gratidão ao apoio recebido de todos (governo, federações, clubes, torcedores, mídia, patrocinadores e todos que sempre apoiaram ao clube). Mas, agora, o clube terá que mostrar que o clube está maduro e se reconstruir mais forte do que foi até a trágica terça-feira.
A Chape é o resultado de um sonho! E esse sonho deve sempre continuar, independente de quem são seus interlocutores! Sabemos que as pessoas não são permanentes, mas também temos certeza que somente a história que a Chape escreveu no futebol é permanente. Os que passaram na Chape até hoje, conseguiram concluir mais uma fase desse sonho. A Chape de 2016, através de todos seus jogadores, da sua comissão técnica e seus dirigentes trouxeram ele até aqui!
Quem entrar, terá o desafio, deverá ter a mesma ou maior determinação e motivação para reconstruir o clube por tudo que foi feito até hoje, dedicando cada gota de suor e lágrima a todos os companheiros que nos deixaram tragicamente e também aos que ficaram com a obrigação de fazer melhor do que eles estavam fazendo! O processo de reconstrução do time e do clube fará parte do processo de luto, mas tudo o que for feito vai ser também em homenagem aos deixaram o exemplo, a garra e o sonho vivo.
O presidente deve aproveitar as oportunidades e tentar melhorar o que foi feito até agora. Procurar montar uma equipe que o ajude a dar continuidade ao que foi feito até hoje. Agradecer a cada um, a dedicação, a determinação e tomar como exemplo para os que vierem tocar a Chape daqui para frente.
A Chape não é mais só um time, a Chape é um exemplo de determinação, de gestão, de garra, de honestidade, humildade e é hoje um furacão de emoções!
Chape, a sua força está no exemplo e nos sentimentos e emoções que você despertou no mundo inteiro.
Parabéns pelas vitórias e conquistas. A superação do luto a reconstrução do time será sua própria conquista. As vitórias continuarão, porque o sonho não é só mais de Chapecó. O sonho da Chape virou o sonho de muitos novos torcedores do Brasil e do mundo!
*Gustavo Korte é psicólogo, formado pela PUC/SP. Mestre em Pesquisa em Psicologia da Atividade Física e Saúde pela Universidad Autonoma de Barcelona, Espanha; Doutorando pela University of Jyvasklya, Finlândia; possui dois cursos de pós-graduação em psicologia aplicada ao alto rendimento e psicologia em idade escolar.