Nesta quinta-feira (4), Cuiabá e Chapecoense se enfrentam pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro tendo modelos bem distintos de administração. Clube-empresa desde a fundação, no ano de 2001, o Dourado é uma das referências do modelo de gestão empresarial no país. Já a equipe catarinense, vivendo uma enorme crise financeira após sua ascensão meteórica e períodos gloriosos na década anterior, discute internamente a migração do modelo associativo para a sociedade anônima.
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Caçula na Série A, o Cuiabá se tornou uma das sensações do Campeonato Brasileiro. Com a vitória no último jogo diante do Bragantino por 1 a 0, na Arena Pantanal, o time mato-grossense deu um passo importante para alcançar o principal objetivo no ano: a permanência na elite.
Na 10ª posição do Brasileirão, zona de classificação à Sul-Americana, a equipe tem um retrospecto de oito vitórias, 14 empates e sete derrotas. E um dos segredos para os bons resultados esportivos, até mesmo financeiros e administrativos da agremiação nos últimos anos, está na gestão.
- A estrutura de funcionamento é a mesma desde o início, com setores responsáveis, o clube nasceu como uma empresa. Por ser uma equipe com dono, é muito mais fácil de se administrar. No Brasil, o tema está em alta, vejo muita gente discutindo sobre as associações, enxergo isso como ultrapassado, o futebol se tornou muito caro, acho questão de tempo para o modelo do Cuiabá passar a ser comum no país - conta Cristiano Dresch, vice-presidente do Dourado.
Seguindo os passos do Cuiabá, a Chapecoense, no último mês, aprovou a mudança de gestão para o modelo de empresa. Diante de uma realidade financeira delicada, os conselheiros e sócios votaram a favor do projeto. A Chape vive um momento difícil dentro de campo, porém, além do iminente rebaixamento para a Série B, que fará com que os dirigentes trabalhem com um orçamento ainda mais curto na próxima temporada, ainda lida com uma dívida de R$ 120 milhões.
Além da Chapecoense, outros clubes do futebol brasileiro também cogitam a possibilidade de migrar o modelo de gestão para a SAF, casos de América-MG, Athletico-PR, entre outros. No entanto, apesar deste assunto estar em evidência no Brasil, apenas dois clubes dos 40 que compõem a primeira e segunda divisões do Campeonato Brasileiro possuem formato empresarial.
Na Série C, o Botafogo-SP, uma das equipes mais tradicionais do interior paulista, aprovou a terceirização do futebol no fim de 2018. Para Adalberto Baptista, idealizador do projeto, é um caminho viável pensando na saúde financeira:
- Tenho absoluta certeza de que a saída para as instituições vai ser a profissionalização e a transformação em uma empresa, como já foi feito aqui. Os insucessos dentro de campo podem acontecer com ou sem S/A, não é isso que vai caracterizar o desempenho em determinada competição. Mas é isso que pode, sim, estipular uma vida mais saudável e estável a médio e longo prazo, é o que batemos na tecla.
Especialista em direito desportivo, Eduardo Carlezzo entende que a transformação dos clubes em empresa é um processo sem volta e no qual estamos há décadas atrasados quando olhamos para o que ocorre na Europa e Estados Unidos:
- O modelo atual, de associação, é comprovadamente falido e para isso basta ver a situação de vários grandes do futebol brasileiro. Portanto, estaremos passando nos próximos anos por uma mudança cultural e, como qualquer mudança desta natureza, terá os seus solavancos.