Abro meu calendário e verifico que a Copa do Mundo começará dentro de 55 dias.
Mais precisamente, dia 20 de novembro, com Qatar x Equador.
Quatro dias depois, o Brasil estará em campo, contra a Sérvia.
Esta será uma Copa bem diferente, até por causa da época do ano em que se disputa.
Minha primeira impressão é que as seleções europeias não têm do que reclamar (embora reclamem), porque em geral chegam em uma Copa do Mundo ao fim de suas temporadas e os jogadores estão cansados.
Agora, eles estão em época de subida de produção.
É verdade que, como a imensa maioria da Seleção Brasileira está mesmo na Europa, nossos jogadores também estarão em subida de produção.
É o caso, por exemplo, de Neymar. Ele está em boa forma, parece ter deixado de lado as habituais controvérsias e deverá estar supermotivado, porque sabe, ou deveria saber, que esta é sua última oportunidade de ser campeão do mundo.
Numa Copa do Mundo “sui-generis” como esta, muitos fatores precisam ser considerados para uma previsão do que poderá acontecer.
As seleções europeias estão disputando a Liga das Nações, competição de alto nível.
Já o Brasil, justamente por causa desta Liga das Nações, se vê obrigado a fazer amistosos com seleções africanas, de um patamar mais baixo.
No passado, tínhamos a oportunidade não apenas de dispor de mais tempo de preparação como a de fazer tal preparação exatamente contra times europeus, o que não acontece agora.
No lado positivo da equação, temos não só Neymar como uma geração de jogadores promissores, como Richarlison, Lucas Paquetá, Raphinha, Antony e Vinícius, além de veteranos importantes como Casemiro e Alisson. Thiago Silva é outro nome importante,
embora já um pouco além do ponto ideal.
Sobretudo, temos Vinícius. Ele está em forma e representa como ninguém o futebol brasileiro alegre e ofensivo. Pra frente, como dizia aquela famosa marchinha da Copa de 70.
Está também com a moral elevada, depois daquela controvérsia sobre seu direito de dançar ou não ao comemorar gols na Espanha. Ganhou solidariedade do mundo inteiro.
O que quero dizer é que Vinícius, além de jogar bem, pode ser uma inspiração para o Brasil no Qatar.
Agora, abro os jornais e verifico que Tite não vai escalá-lo neste último amistoso antes da Copa, amanhã, contra a Tunísia.
Espero que Tite não vá escalá-lo porque já decidiu que Vinícius será titular e não precisa ser mais testado.
Mas, se Vinícius vai ser titular, precisa ser escalado cada vez mais, não cada vez menos.
Esta pode ser a Copa de Vinícius.