CAMPO NEUTRO: Alcaraz rumo ao céu
José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo dos esportes
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Foi uma das mais incríveis campanhas na história do US Open, repleta de partidas que teriam levado qualquer outro ser humano à exaustão. Uma delas foi a vitória sobre o italiano Jannik Sinner, nas quartas de final, que acabou apenas às 2h50m da madrugada de quinta-feira, seguida por uma obrigatória entrevista coletiva que
terminou às quatro da manhã.
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Quando o espanhol Carlos Alcaraz, de 19 anos, chegou enfim ao seu hotel em Manhattan, naquele dia, o dia já começava a clarear. Teoricamente, de acordo com a tabela, sua partida contra Sinner fora disputada na quarta-feira e ele só estaria de volta à quadra dois dias depois, na sexta, para jogar contra outra sensação, o americano Frances Tiafoe, que tinha eliminado Rafael Nadal. Na verdade, para Alcaraz, como ele só foi dormir na manhã de quinta-feira, o jogo era já no dia seguinte.
Foi uma nova, longa e árdua batalha. Tiafoe é um jogador imprevisível, capaz de erros frustrantes mas também de jogadas extraordinárias. Novamente uma refrega de muitas horas, em que Alcaraz perdeu dois tiebreaks para um adversário capaz de surpreender com bolas impossíveis. Ao fim, porém, sua vitória, outra vez, em cinco exaustivos sets.
A pergunta que todos se faziam era se Alcaraz teria pernas para a final, ontem, domingo. Pernas, braços, fôlego e determinação. Mas não é impunemente que alguém entra na quadra para enfrentar um garoto de 19 anos que alia uma incrível mobilidade com uma técnica primorosa, burilada por seu técnico, o ex-tenista espanhol Juan Carlos Ferrero, antigo número um do mundo.
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Desde o início da final, Alcaraz meteu o pé na tábua, subindo para a rede, descendo ao fundo da quadra, perseguindo bolas impossíveis que teriam levado qualquer outro tenista a delas desistir e, alcançando-as, de repente transformar a devolução em um ponto vencedor.
Tiafoe, depois de perder para Alcaraz na semi-final, já dissera: “nunca em minha vida joguei contra alguém capaz de se mover como Alcaraz se move. Ele vai ser um problema para qualquer adversário por muitos e muitos anos pela frente”. Tal elogio, vindo da parte de um tenista também dono de grande capacidade de perseguir bolas inverossímeis e transformá-las em pontos vencedores, como Tiafoe é, define o problema que Alcaraz será de agora em diante para todos os tenistas de Grand Slam. Afinal, Tiafoe era o homem que derrotara Rafael Nadal.
Na final, o norueguês Casper Ruud, de 23 anos, deu o que podia. Mas não foi o suficiente para impedir o triunfo de Alcaraz, em quatro sets.
Foi, para Alcaraz, ao fim de um exaustivo Grand Slam, um jogo mais fácil do que os que tivera contra Sinner e Tiafoe.
Com 19 anos, dono de uma energia imensa, ele está mais forte a cada dia. Ganhou seu primeiro Grand Slam e se tornou o mais jovem número 1 do ranking mundial de todos os tempos.
É uma nova era e a caminhada de Alcaraz rumo ao céu apenas começou.
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