Nos Estados Unidos, tudo acontece em dimensão mais alta. Era inevitável que isto também viesse a suceder com a próxima Copa do Mundo. O evento está marcado para 2026 e hoje, em Kigali, Ruanda, onde está reunida, a FIFA deve oficializar uma expansão de 24 jogos além dos que já estavam programados.
Tudo isto acontecerá, ao menos em parte, para satisfazer o desejo de países de menor capacidade técnica que não desejam ser alijados da competição depois de disputarem apenas duas partidas.
O resultado será uma autêntica maratona, com 48 seleções disputando 104 partidas em 40 dias em três países. Sim, três países, pois é bom lembrar que, além de jogos nos Estados Unidos, acontecerão também partidas no México e no Canadá, embora em menor número e de menor importância.
O indiscutível mesmo será que a Copa de 2026 terá 40 partidas mais do que as disputadas no Qatar no ano passado e 24 mais do que as inicialmente previstas. Dezesseis cidades estarão envolvidas e o número extra de jogos agora obrigará os organizadores a remanejarem seu calendário de eventos, aí incluídos concertos e outras programações típicas de um verão nos Estados Unidos.
Ontem à noite os responsáveis pelas seis confederações internacionais integrantes da FIFA se reuniram com Gianni Infantino, o presidente da entidade, e nenhum deles apresentou objeções quanto à expansão da Copa de 2026. Ou pelo menos não apresentou objeções publicamente.
Hoje, terá-feira, os 36 membros do Conselho da FIFA - em outros tempos conhecido como Comitê Executivo - deverão sacramentar o que já foi decidido entre Infantino e os presidentes das diversas confederações internacionais.
Haverá resistência ao que a FIFA decidir? Creio que sim, principalmente por parte de sindicatos de jogadores e clubes importantes, sobretudo os europeus, já contrariados com o que consideram uma carga demasiada sobre os ombros (ou as pernas) de seus profissionais.
Mas a FIFA está entusiasmada demais com considerações financeiras para se deixar levar por argumentos desta espécie. Seus dirigentes tinham previsto rendimentos de 11 bilhões de dólares para o período de 2022 a 2026, quase quatro bilhões mais do que o rendimento dos quatros anos anteriores. Agora, os rendimentos serão ainda maiores.
Victor Montagliani, presidente da CONCACAF, que vem a ser a Confederação do América do Norte, América Central e Caribe, já deixou claro que a FIFA não vai se impressionar com eventuais queixas de clubes ou sindicatos de jogadores. Disse, em alto e bom som: "os jogadores profissionais são muito bem protegidos. É tolice dizer que eles jogam demais".