CAMPO NEUTRO: Da natação ao atletismo

Em sua coluna, José Inácio Werneck aborda variados assuntos ligados ao esporte

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Amigos, estou de passagem pelo Rio de Janeiro e aproveito para informar que durante os próximos 30 dias vou tirar férias. Hoje, porém, quero voltar rapidamente a um assunto que abordei outro dia: o efeito da discriminação racial nos Estados Unidos na formação de nadadores negros.

Como enfatizei naquela coluna, é desproporcionalmente pequeno o número nadadores negros de elite em comparação, por exemplo, com o número de negros que se destacam em competições de atletismo. Não inventei e nem imaginei coisa alguma.

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Vejam aqui, por exemplo, um trecho de um artigo publicado recentemente em “The Chronicle of Higher Education”:

Jeff Wiltse, a professor of history at the University of Montana, who has published extensively on the history of swimming pools in the U.S., said Black Americans today are about half as likely to know how to swim as white Americans. “Clear and obvious past discrimination still is a primary, if not the primary, reason why we have these disparate swimming proficiency rates today,” Wiltse said.

According to the Centers for Disease Control and Prevention, drowning is one of the three leading causes of unintentional-injury death among Americans under 29 years old, and from 1999-2019, American Indian or Alaskan Native people died from drowning at twice the rate of non-Hispanic white people, while non-Hispanic Black people died from drowning at 1.5 times the rate.

Wiltse said that the United States saw two significant periods of swimming-pool construction, in the 1920s and ’30s, and in the 1950s and ’60s. During both booms, more white Americans learned how to swim, while Black Americans were banned from most public pools and only allowed to swim at pools that were typically smaller, poorly maintained, and lacked many of the amenities available to white swimmers, such as lawns, sandy beaches, and sundecks.

Para resumir, houve e, de certa forma, ainda há, muitas restrições ao acesso da populacão “não branca” (incluindo-se aí hispânicos, que são considerados um grupo étnico e podem ser brancos ou não) a piscinas, com a consequência de que há poucos nadadores negros de alto nível e a possibilidade de afogamento por parte dos negros é bem maior do que a por parte dos brancos, segundo o trecho do artigo citado acima.

O resumo da ópera é que as grandes universidades e faculdades dos Estados Unidos estão pondo fim à exigência de “comprovada habilidade em natação” para a admissão de seus alunos. Idealmente, é claro, seria bom que todos tivessem “alta proficiência” em natação, mas, na prática, a teoria é outra.

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Quanto a provas de atletismo, a história é diferente, com muito mais variedade racial. Neste próximo domingo teremos a Maratona do Rio. Os principais inscritos entre os homens são Asefa Bekele, Belay Bezabh e Justino Pedro da Silva. Entre as mulheres, Mirela Saturnino de Andrade e Viviane Amorim Figueiredo.

O grande destaque, porém, será no sábado, quando se disputará a Meia-Maratona. Nela, o melhor corredor brasileiro de longa distância, Daniel do Nascimento, vai tentar bater o recorde sul-americano, que é de outro brasileiro, Marílson dos Santos, com 59 minutos e 33 segundos.

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