Há nos Estados Unidos um interessante programa de televisão chamado “Finding Your Roots” (Descobrindo Suas Raízes). É dirigido por Henry Louis Gates Jr., professor da Universidade de Harvard. Intelectual da mais pura cepa, historiador, produtor de cinema e televisão, crítico literário,
Gates Jr. tornou-se personagem de um rumoroso caso, durante o primeiro mandato de Barack Obama, quando foi preso por um policial branco, em Cambridge, ao tentar entrar em sua própria casa. Ele acabara de chegar de uma viagem à China, tinha perdido a chave da porta e ia pulando o
muro quando o policial deu-lhe voz de prisão e conduziu-o à delegacia, denunciando-o como ladrão.
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O caso tornou-se ainda mais rumoroso quando Obama, perguntado a respeito em uma entrevista coletiva, disse que, no mínimo, faltara bom senso ao policial, pois qualquer pessoa que se deparasse com Gates - pequenino, magro, com seus 60 e poucos anos, óculos sem aro, aspecto totalmente inofensivo - teria desconfiado que ele falava a verdade quando explicou “ei, eu moro aqui!”. Era, claramente, um episódio de racismo, como na velha e maligna piada “branco quando corre é atleta, negro quando corre é ladrão”.
Este mesmo professor Henry Louis Gates Jr. é o apresentador do programa “Finding Your Roots” na televisão americana. O programa é dedicado a entrevistar pessoas célebres, na música, no teatro, no cinema, na literatura, no esporte, e pesquisar seus ancestrais, voltando atrás muitas e muitas gerações. Em suma, um estudo de genealogia, incluindo exame de DNA. Entre os resultados, um que especialmente chama a atenção: o típico negro americano tem 24% de sangue europeu. Ou seja, o negro americano tem um quarto de sangue branco em suas veias. Isto ocorre porque em tempos passados os fazendeiros brancos sabidamente faziam “visitas” a suas senzalas, convidando (ou forçando) as escravas negras a um “encontro” com eles “lá fora”. Criou-se assim, a princípio na base da coerção e, com o passar dos anos, voluntariamente, um processo de miscigenação racial. Alguém duvida que o mesmo aconteceu no Brasil? Afinal, nossos colonizadores portugueses nunca se mostraram hostis a uma saudável mistura. E os espanhóis? Eles estão ali pertinho, na Península Ibérica, não?
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Quando leio nos jornais que a polícia espanhola está prendendo e interrogando os torcedores racistas que insultam o brasileiro Vinícius em seus campos, chamando-o de “macaco” e “otras cositas más”, penso que deveria também submetê-los a uma pesquisa genealógica. Os meliantes poderiam mudar de atitude ao descobrir que também têm um pé na África e, afinal, todos nós pertencemos a uma única raça, a raça humana. DNA neles.