CAMPO NEUTRO: Incluir Tite já é exagero
José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo do esporte
Confesso que não acompanhei a goleada do Brasil contra a Coreia do Sul, em jogo válido pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Mas tenho uma boa desculpa, pois estava a bordo de um avião internacional. Já em meu destino, assisti ao jogo em tape.
Não há dúvida que a melhor formação do Brasil é aquela, com Casemiro, Paquetá e Neymar no meio de campo. No ataque, Richarlison de centroavante e Gabriel Martinelli como um bom reserva para Vinícius. Na ponta-direita, acho que Raphinha e Antony podem disputar a posição. Na defesa, o ideal é Danilo na direita e Alex Sandro na esquerda, mas Militão entra bem na lateral direita, quando necessário. Pena que Alex Telles tenha se machucado. No gol, estamos muito bem servidos com Alisson e Ederson. Estão entre os melhores do mundo.
Podemos discordar de Tite em um ponto ou outro. Eu teria levado Roberto Firmino, no lugar de Gabriel Jesus, mas nem um nem ou outro ameaçaria no momento o domínio de Richarlison - e Gabriel Jesus, um centroavante que quase não faz gols, já foi desligado.
É importante, claro, fazer um gol nos primeiros minutos de uma partida, para forçar o
adversário a sair de sua postura defensiva. Mas o que o jogo contra a Coreia do Sul sobretudo mostra de novo é que o mais essencial no futebol é ainda ter em seu time jogadores que são tecnicamente superiores àqueles de que o adversário pode dispor.
Se olharmos o que a Copa do Mundo vem nos oferecendo até agora é que a atual geração
brasileira, no seu todo, é muito boa, e que jogadores como Neymar - que parece ter se livrado da compulsão de rolar pelo gramado a toda hora como se atropelado por uma locomotiva - fazem a diferença. Foi o que Neymar mostrou naquele lance contra Coreia do Sul em que driblou até o juiz. Se você tem a bola em seu poder e o juiz está no caminho, por que não driblá-lo?
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Resta a questão da comemoração dos gols, que parece irritar um ou outro critico europeu,
como Roy Keane, ex-jogador do Manchester United e da Seleção da Irlanda. Roy Keane, lembro, nunca foi um jogador muito disciplinado. Na Copa do Mundo de 2002 era o capitão do time mas praticamente implodiu qualquer esperança que a Irlanda pudesse ter
ao brigar publicamente com o técnico. Dizem alguns que foi expulso da delegação, outro que foi embora porque quis, mas sua fama foi esta, a de sempre criar casos. Agora está implicando com a alegria brasileira.
Suas críticas e a de alguns outros jornalistas europeus sugerem que talvez nossa seleção deva moderar um pouco suas danças depois de fazer gols.
Que os jogadores exibam duas ou três coreografias ensaiadas está certo. Mas incluir o técnico Tite já é exagero.