Será coincidência que nos dias atuais, ao abrirmos as páginas de esporte de um jornal como o "The New York Times", vemos mais espaço e mais matérias dedicadas ao futebol do que ao beisebol?
O futebol? Aquele esporte antigamente ridicularizado, porque nele uma partida podia acabar em 0 a 0 (algo inconcebível para a mentalidade americana), contra o beisebol, de ídolos como o lendário Babe Ruth, protagonista de inúmeros filmes, peças de teatro e canções famosas como “Take me to the Ball Game”?
Ball Game, jogo de bola, era para o americano comum sinônimo de beisebol. Você não precisava explicar mais nada. O futebol, conhecido onde quer que você fosse nos Estados Unidos como “soccer”, era um jogo para estrangeiros. Se não todos, ao menos aqueles mais recém chegados, que ainda não tinham se convencido de que tudo que se inventava nos Estados Unidos era superior ao que se fazia lá fora.
Mesmo o futebol - caso as pessoas insistissem em usar este nome - tinha uma versão americana que era “sem dúvida” superior. Uma versão em que você podia usar também as mãos, mesmo não sendo goleiro, e o resultado final de uma partida ia a números como 49 a 37 e assim por diante. Daí tal jogo, conhecido no resto do mundo como futebol americano, passar a ser simplesmente “futebol”. O futebol como jogado em outros países teve que se contentar com o nome de “soccer”.
Cedo, o futebol americano superou o beisebol como o esporte favorito nos Estados Unidos. Agora, para desgosto de gerações mais velhas e tradicionais, o “soccer”, o nosso futebol, também vai crescendo em popularidade e ameaçando o beisebol. Ainda falta uma boa distância, é verdade, pois o futebol é no momento apenas o quarto esporte mais popular nos Estados Unidos, à frente do hóquei no gelo, mas atrás do beisebol em terceiro e do basquetebol em segundo. Sim, o beisebol já está atrás do basquetebol em popularidade e, mais importante, em números de audiência de televisão.
Resta saber quanto tempo mais levará para perder o lugar também para o antigamente ridicularizado “soccer”. Não é surpresa que agora, em plena temporada de beisebol, diversos times europeus (sobretudo os ingleses) estejam nos Estados Unidos disputando amistosos de pré-temporada, à espera do inicio oficial de seus campeonatos.
É um filão que eles vêm aproveitando há vários anos, algo que também fazem na Ásia. Filão nos Estados Unidos e na Ásia que, diga-se, não são bem aproveitados por clubes brasileiros.
O beisebol está caindo em popularidade porque seu ritmo é quase incompatível com a vida moderna. A média de duração de seus jogos é atualmente superior a três horas, com diversas partidas que se estendem por tempo bem mais longo e precisam continuar no dia seguinte, com pausas frequentes em que os “managers” entram
lentamente no chamado “diamond” para conversar sobre táticas com seus “pitchers” - os lançadores.
As novas gerações estão hoje bem mais propensas a jogar “soccer” do que beisebol. O futebol “soccer” chegará um dia a ser mais popular do que o basquetebol e o futebol americano? Provavelmente não, embora possa se aproximar. Mas, quanto ao beisebol, o “soccer” é uma verdadeira ameaça.