CAMPO NEUTRO, por José Inácio Werneck A FINAL QUE EU QUERIA

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Avon, CT (EUA) - Sm, amigos, estou sendo egoísta: eu queria a final entre Real Madrid e Liverpool na Champions League.

O Manchester City que me perdoe mas, apesar de seus ilustres jogadores e apesar de seu ilustre técnico, o clube não tem o pedigree que um Real Madrid e o Liverpool podem oferecer na decisão da mais importante Liga do futebol mundial. 

Mohamed Salah também queria esta final.

Ele pretende se vingar do que aconteceu em 2018, quando Sergio Ramos o tirou de campo, ainda com poucos minutos de jogo, recorrendo a uma falta cínica que ele procurou inutilmente disfarçar.

Foi também o jogo de duas lamentáveis (muitos diriam, com razão, grotescas) falhas de Loris Karius, um goleiro que ainda faz parte do elenco do Liverpool mas que nunca mais entrou em campo pelo clube. Andou emprestado e agora, ao que parece, participa dos treinos.

No marcador ao fim do jogo, 3 a 1 para o Real Madrid, marcador que o Liverpool, não sem razão, considera uma injustiça.

Mas o Real Madrid tem uma história especial com esta Liga, desde os tempos de Don Alfredo di Stéfano e de Ferenc Puskás, o Major Galopante.

Já a ganhou nada menos do que 13 vezes.

O Liverpool a ganhou seis vezes e uma da qual se recorda com especial predileção foi a de 2005, quando perdia por 3 a 0 no primeiro tempo para o Milan dirigido  exatamente por Carlo Ancelotti, que é agora o técnico do Real Madrid.

Ao fim, depois do tempo normal e da prorrogação, empate em 3 a 3, com vitória dos ingleses na disputa por pênaltis.

Esta final de agora terá duas equipes de estilo bem distinto. O Liverpool impetuoso, com o gegenpressing de seu técnico alemão Jürgen Klopp, a pressão constante sobre os adversários, em todos os setores do campo.

Para Klopp, o combate ao adversário é fundamental a partir do momento em que um jogador do Liverpool perde a bola, seja na defesa, no meio de campo ou no ataque.

O Real Madrid é mais plantado, mais cauteloso e, ultimamente, vem confiando muito na velocidade de Vinícius para seus contra-ataques.

Esta tática poderia ter dado resultado ainda no primeiro tempo do jogo desta quarta-feira no Santiago Bernabeu: Vinicius foi lançado, ia escapando de Kyle Walker e este o derrubou com um empurrão com o braço.

O juiz, que estava no lance, fingiu que interpretava como tranco de ombro e deixou seguir. Deixou seguir porque sabia que, se marcasse a falta, estaria obrigado a expulsar Kyle Walker, que era o último homem da defesa.

Mas em um jogo como este de ontem, falar em táticas é quase supérfluo. O que se impôs mesmo foi a mística, a tradição, a aura de um time como o Real Madrid, capaz de operar milagres quando  todos já o consideravam derrotado, morto e sepultado. 

O Santiago Bernabéu está ali para isto mesmo. Sua história, seu passado, sua presença, representam ao menos metade do resultado, como se viu este ano sucessivamente contra o PSG, o Chelsea e, agora, o Manchester City.

A final porém será em Paris. Sergio Ramos não mais está no Real Madrid, mas Mohamed Salah está no Liverpool.

Será o Hala Madrid y Nada Más contra o You'll Never Walk Alone.

Uma grande final. A final que, me perdoe Pep Guardiola, a maior parte do futebol mundial quer ver.

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