CAMPO NEUTRO: Que vença o melhor
França e Argentina vão medir forças para decidir quem será a campeã da Copa do Mundo
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Fleitas Solich, icônico técnico paraguaio que deu ao Flamengo o tricampeonato de 1953-54/55, nunca discutia resultados. Não criticava adversários, não reclamava de seu time, não se queixava da sorte e, sobretudo, jamais falava mal das arbitragens. Sempre que, depois de uma derrota, um repórter pedia sua opinião, respondia:
- Ganó el mejor.
É o que desejo para a final desta Copa do Mundo. Que vença o melhor time. Se olharmos para as seleções que estiveram no Qatar, acho que quatro se destacaram em termos de qualidade de jogadores: a Argentina, a França, a Inglaterra e o Brasil. Os ingleses foram eliminados pela França, com um pênalti desperdiçado por Harry Kane, seu melhor jogador. Fleitas Solich teria dito: “Ganó el mejor”.
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Solich era de origem iugoslava, um canto do planeta que não mais existe. Explodiu em fins do século passado e pulverizou-se em nada menos do que sete outros países: Bósnia e Herzegovina, Croácia, Kosovo, Montenegro, Macedônia do Norte, Sérvia e Eslovênia.
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Mas a tradição do bom futebol nunca morreu por lá. Aí estão gente como Luka Modric, nascido na Croácia, e Zlatan Ibrahimovic, nascido na Suécia mas filho de um imigrante da Bósnia com uma imigrante da Croácia. Se eu digo que o Brasil esteve entre as quatro melhores seleções no Qatar, em matéria de qualidade dos jogadores, por que fomos eliminados logo nas quartas-de-final?
Fomos eliminados por nossa própria culpa. Repetiu-se o que sucedeu em 2014, a outra Copa em que Tite foi nosso técnico. Foi um ciclo mal sucedido e não se pode tirar de Tite a responsabilidade. Afinal, teve anos para trabalhar e o resultado em campo não correspondeu.
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Fala-se agora em um técnico estrangeiro. Não sou contra. Observo apenas que o melhor de todos eles, Pep Guardiola, já afastou a possibilidade de dirigir o Brasil. Lembro que, quando escrevi que já era exagero ver Tite em meio a dancinhas de jogadores na partida contra a Coreia do Sul, houve quem me criticasse, dizendo que eu era contra “a alegria brasileira”.
Não é ser contra a alegria, é ser a favor da seriedade.
Nosso time perdeu-se em exibicionismos de danças e cabelos pintados. Na hora em que se exigia maior compenetração, esquecemos a velha verdade na frase “bola pro mato que o jogo é de campeonato” e tomamos um gol de contra-ataque. Onde se viu um time que só precisa do contraataque ser eliminado justamente por causa de um contra-ataque do adversário?
Psicologicamente, ali, instalou-se o pavor na equipe, outra prova de que esta geração comandada por Neymar não tem liderança. Bastava ver a expressão no rosto de Thiago Silva na hora de tirar o cara-ou-coroa dos pênaltis para ver que o time já estava psicologicamente derrotado. Só nos resta assistir, de fora, a Copa de 2022 chegar a uma final em que deveríamos ter sido protagonistas.
Não torço por ninguém em especial. Que vença o melhor.
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