Meus caros leitores devem se lembrar de Sebastian Coe, grande rival de nosso patrício Joaquim Cruz nas provas de meio-fundo de atletismo em meados dos anos 80, especialmente na Olimpíada de 1984. Nela, Joaquim Cruz ficou com a medalha de ouro nos 800 metros e Coe com a medalha de
ouro nos 1.500 metros.
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De lá para cá, a última vez que vi Joaquim Cruz foi no ano passado em San Diego, na Califórnia, onde ele estava trabalhando como técnico. Quanto a Sebastian Coe, enveredou pela política, elegeu-se para a “House of Commons” (Câmara dos Deputados) da Inglaterra, tornou-se “Par do Reino” e agora é Barão. Baron Coe, com direito a ser chamado de “Lord”, mas, para os íntimos, Seb Coe. Virou também Vice-Presidente da Federação Internacional de Atletismo e, depois, seu Presidente. A Federação Internacional de Atletismo, por sua vez, adota agora o nome de “World Athletics”.
Pois como tal, na qualidade de Presidente da “World Athletics”, Sebastian Coe deu, nos últimos dias, uma importante entrevista a respeito de corredores de fundo do Quênia. Quem acompanha provas de longa distância pelo mundo, especialmente as Maratonas, sabe que o Quênia é um dos dois países com mais prestígio na modalidade, sendo o outro a Etiópia, sua vizinha na África Oriental. O Quênia está mesmo um pouco acima da Etiópia. O problema é que nos últimos anos passaram a acontecer muitos casos de corredores quenianos, tanto homens quanto mulheres, desclassificados por uso de “doping”.
Em consequência, surgiu a tese de que, como já tinha acontecido com a Rússia, os atletas quenianos estavam se beneficiando de uma “dopagem estatal”. Isto é, o Quênia, como país, aprovava e dirigia programas de “doping” para seus atletas. A mesma acusação, contra a Rússia, já a tinha levado a ser banida de Jogos Olímpicos. Mas agora, Sebastian Coe anuncia: “Os casos da Rússia e do Quênia são diferentes”. E continua: “No caso da Rússia havia uma cumplicidade do governo, que encobria e até dirigia o ‘doping’ de seus atletas. Era um programa de nível federal, estatal. No caso do Quênia, posso dizer que isto não acontece. Na verdade, estou convencido que o governo queniano é o maior interessado em combater casos de ‘doping’”.
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Foi uma declaração que, para o Quênia e seus atletas, veio em momento mais do que oportuno, já que o pedido de alguns outros países para que os competidores quenianos fossem banidos de todas as competições internacionais aconteceu em novembro, a menos de dois meses. No momento, 40% de casos de “doping” em competições internacionais são de atletas quenianos, mas Sebastian Coe foi ao país, conversou não apenas com o Ministro de Esportes mas também com o próprio Presidente da República, foi informado do que eles vêm fazendo
e decidiu pela absolvição.
Como resultado da conversa e da absolvição pronunciada por “Lord Coe”, o Quênia já apresentou sua candidatura a sediar o Campeonato Mundial de Atletismo em 2029.