CAMPO NEUTRO: VAR: anjo ou demônio?
José Inácio Werneck aborda temas em alta no mundo dos esportes
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O VAR está em apuros na Inglaterra. Está, como eles mesmo dizem, “in hot water”. Em água quente, pelando, abrasando, afogueando, ardendo. Há duas decisões que agora a própria Associação de Árbitros (Professional Game Match Officials Board) reconhece terem se constituído em erro: a anulação de um gol do Newcastle United contra o Crystal Palace e a anulação de um gol do West Ham contra o Chelsea. Ambos na badaladíssima Premier League.
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Houve ainda a falha do equipamento conhecido como “goal line technology”, que deixou de registrar um tento do Huddersfield contra o Blackpool, pela Segunda Divisão, embora a bola tivesse cruzado a linha.
E vocês aí no Brasil ainda reclamam das arbitragens patrícias...
Mas nem vou falar destes casos. Vou voltar à Premier League, para tratar de um jogo que vi de cabo a rabo: Manchester United x Arsenal.
Quero abordar um outro tópico também relacionado ao VAR: o de que ele foi criado especificamente para interferir nos casos de “erro claro e óbvio” por parte do juiz. Nos demais casos, o VAR deve ficar na moita. Mas não foi isto o que aconteceu quando Gabriel Martinelli fez o que teria sido o primeiro gol da partida, para o Arsenal.
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O juiz estava em cima do lance quando Christian Eriksen, do Manchester United, foi desarmado perto do círculo central por Martin Odegaard, dos Gunners. Daí o Arsenal foi ao ataque e, em segundos, Gabriel Martinelli marcou o que teria sido um belo gol. Só que Bruno Fernandes, do Manchester United, passou a buzinar no ouvido do juiz Paul Tierney que, ao que tudo indicava, permanecia pouco disposto a mudar de opinião. Mas em breve veio o letreiro: “VAR Review”. O juiz foi à telinha, olhou, olhou - e anulou o gol.
O resultado da controvérsia? O resultado, segundo meu correspondente honorário e plenipotenciário na Inglaterra, John Brealey, é que comentaristas importantes como Gary Lineker, Alan Shearer e Roy Keane acham que o gol deveria ter sido considerado válido. Outro comentarista influente (Gary Neville) achou que o lance foi duvidoso. Apenas um (Jamie Carragher) considerou a anulação correta. Se tais autoridades divergem, quem sou eu para meter meu bedelho?
O inegável porém, para mim, é que o erro está na intromissão do VAR em casos semelhantes. Afinal, não custa repetir que ele foi criado para intervir apenas em “erros claros e óbvios”.
Quanto à partida em si, diversos brasileiros estiveram envolvidos: Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli jogaram bem pelo Arsenal, enquanto Gabriel (o zagueiro) foi apenas regular. Antony estreou muito bem pelo Manchester United e marcou um belo gol. Quanto a Casemiro e Fred, entraram apenas no segundo tempo.
Li na imprensa brasileira que Tite ficara contente porque Casemiro e Fred estariam jogando pelo Manchester United e afinando seu entrosamento para a Copa do Mundo. Mas foram conclusões precipitadas. Fred é claramente reserva no atual Manchester United. Casemiro ainda poderá ganhar o lugar de titular, mas me parece que pelo menos no momento o técnico Erik ten Hag prefere Scott McTominay no time.
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