CAMPO NEUTRO: As surpresas que a Copa do Qatar nos proporciona

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Os americanos festejaram alegremente uma derrota nas eliminatórias da Concacaf para a Costa Rica, que jogou com um time cheio de reservas.

Festejaram porque poderiam ter perdido por até 5 a 0 e ainda se classificariam para a Copa do Mundo no Qatar. Perderam por apenas 2 a 0.

Os costarriquenhos pouparam seus jogadores titulares que estavam pendurados com cartão amarelo, guardando-os para o jogo que será  realmente importante, o playoff (repescagem) contra a Nova Zelândia, em junho.

Amanhã teremos em Doha  o sorteio dos grupos para a Copa, mas faltam ainda duas outras vagas a serem preenchidas, além da disputa entre Costa Rica e Nova Zelândia. 

Em uma delas, o Peru vai jogar suas esperanças, como representante da Conmebol, diante do vencedor do playoff entre Austrália e Emirados Árabes Unidos, pela Confederação da Ásia.

A vaga restante vem sendo complicada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Primeiro, haverá um playoff em semifinal entre Escócia e Ucrânia. O vencedor ficará com a vaga derradeira em um playoff contra o Pais de Gales.

Esta última vaga europeia poderá ser decidida em junho. Digo poderá porque, com o que vem se passando no leste do continente, é possível que haja um adiamento. Melhor dizendo, um novo adiamento.

O que nos interessa porém é olhar os potes e verificar, de saída, que a Alemanha foi colocada no pote dois, porque sua posição no ranking da Fifa no momento não é das melhores.

Por outro lado, o Qatar, embora ocupando apenas a 52ª. colocação no ranking da Fifa, está no pote 1, juntamente com o Brasil, a Bélgica, a França, a Argentina, a Inglaterra, a Espanha e Portugal, por ser o anfitrião.

Eu direi no entanto (sem ouvir estrelas) que o significado de tais colocações perde importância diante da constatação de que, para mim, esta Copa no Qatar tem tudo para ser surpreendente.

E surpreendente não apenas por ser disputada em novembro/dezembro, subvertendo todos os calendários de competições no futebol internacional.

Surpreendente porque a globalização mudou o estilo e até a fisionomia de seleções do passado. Basta uma foto do que era, por exemplo, a Seleção da França, a da Inglaterra, ou a da Alemanha, nos 50, e comparar com o que elas são hoje.

Ou  se atentarmos para o fato de que a Seleção do Canadá, inesperada primeira colocada das eliminatórias da Concacaf este ano, tem como sua grande estrela Alphonso Davies, um jogador nascido em um campo de refugiados em Gana, na África, com pai e mãe originários da Libéria, outro pais africano.

A seleção americana, que citei acima e que volta à Copa do Mundo depois de uma ausência em 2018, está também basicamente apoiada em jogadores cuja presença no país é explicada pelo crescente deslocamento de populações pelo mundo.

Vocês se lembram de George Weah, grande atacante liberiano (hoje presidente de seu país) que brilhou no Mônaco, no Paris Saint-Germain, no Milan, no Chelsea e no Manchester City?

Pois hoje seu filho, Timothy Weah, nascido em Nova York, é jogador da Seleção dos Estados Unidos e estará na Copa do Mundo no Qatar.

Estará com a Seleção Americana que se classificou com uma derrota para a Costa Rica, mas se classificou.

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