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Coluna do Bichara: ‘No México, uma corrida morta, digna do Dia de los Muertos’

Luiz Gustavo Bichara analisa os acontecimentos do GP do México

GP do México - Max Veratappen
Max Verstappen foi o vencedor do GP do México, triunfo que deu ao holandês o recorde de vitórias em uma única temporada (AFP)

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Os irmãos Ricardo e Pedro Rodriguez foram pioneiros mexicanos na F1. De forma trágica, ambos morreram ao volante de seus carros. Os Hermanos Rodriguez dão nome ao desafiador circuito mexicano onde, pela 60ª vez, foi disputado o GP local.

Essa é uma pista muito rápida, onde foi registrada até hoje a 2ª maior velocidade de um carro de F1 (372,5 km/h cravados por Valteri Bottas, pilotando uma Williams na classificação em 2016). O traçado tem curvas desafiadoras - embora a mais famosa delas, a Peraltada (com 15 graus de inclinação e fama de maldita pela quantidade de pilotos que nela se acidentaram) tenha desaparecido na última reforma do traçado.

Apesar de o campeonato restar decidido em favor de Max Verstappen, muitos pilotos chegaram ao México com motivações especiais. O holandês buscava bater o recorde de vitórias numa mesma temporada; as Mercedes buscavam a inédita vitória no ano; o herói local Sergio Perez e Charles Leclerc buscavam o vice-campeonato.

Fora da pista, o principal tema era a punição sofrida pela Red Bull por violar o teto orçamentário. Como comentei na última coluna, a equipe havia sido condenada, mas sua pena ainda estava em suspenso. Acabou sendo fixada em US$ 7 milhões e uma “penalidade esportiva menor”: redução no tempo de uso do túnel de vento e simulações de computador. Toto Wolf, esperto que só ele, já disse que considerou a punição adequada. Todo mundo esperava que ele fosse espernear. Mas, é óbvio, o chefão curtiu a jurisprudência: à essa altura, confiantes na punição branda da FIA, o teto da Mercedes já deve estar mais furado que "táubua (sic) de tiro ao Álvaro", como cantaria Adoniran Barbosa. Se está difícil para malandro, que dirá para otário...

Outro assunto que foi bastante comentado é a confirmação da chegada da Audi à F1 em 2026, por meio da aquisição do controle da Sauber – time suíço hoje arrendado para a Alfa Romeu. De fato é uma notícia para se comemorar: a Audi, empresa do grupo Volkswagen, chega para sacudir a categoria.

+ Acertamos? Lembre quem o LANCE! apontou em 2018 que poderia estar na Copa de 2022

No sábado, enquanto a nação rubro-negra comemorava seu título na Libertadores (aliás, saudações rubro-negras aos meus cinco leitores!), a classificação era disputada com muita expectativa em torno das Mercedes de Lewis Hamilton e George Russel. As flechas prateadas haviam sido mais rápidas em todos os treinos livres, e pareciam estar muito competitivas. Mas foi só chegar ao Q3 para que o mundo da F1 recebesse a visita da realidade: Max Verstappen cravou mais uma pole, mostrando quem manda. Russel e Hamilton foram 2º e 3º, deixando Perez apenas em 4ª, para frustração da animadíssima torcida local. Indagado se poderia favorecer seu companheiro de equipe que corria em casa, Verstappen deixou a gentileza para outro dia respondendo: “não sou Papai Noel”.

No domingo, enquanto a nação brasileira assistia eletrizada à apuração das eleições presidenciais, foi dada a largada. Todos sabiam que a única chance das Mercedes seria pular na frente na longa reta que separa o grid da 1ª curva. Praticamente uma luta contra uma impossibilidade. Claro, não rolou. Verstappen tracionou melhor e não deu chance para ninguém. Logo atrás, Perez largou bem e superou Russel assumindo a 3ª posição. O mexicano vinha vestido de esperança e chegou até a ameaçar Hamilton na luta pelo 2º lugar, até que, na volta 24, a Red Bull cometeu um raro erro e perdeu tempo demais no seu pit stop.

Russel conseguiu esticar sua 1ª parada até a volta 35, metade da corrida. Parecia que ele teria um trunfo partindo para uma parada, enquanto os demais já tinham trocado pneus e davam pinta de partir para duas. Mas, para tristeza da audiência, mesmo os pilotos que haviam parado antes conseguiram levar seus carros até o final sem outro pit stop, o que tornou a corrida bem enfadonha, sem surpresa e nem sequer alteração de posição na pelotão frente. Verstappen venceu, sendo, agora, o recordista absoluto de vitórias numa mesma temporada (14 and counting...) seguido de Hamilton e Perez (que ao menos deu essa alegria aos torcedores mexicanos – em terra de saci qualquer chute é voleio). Russel veio em 4º, seguido – de muito longe - pelas Ferrari de Sainz e Leclerc, que por pouco não tomaram uma volta do líder.

Perez ultrapassou Leclerc por 5 pontos e desponta como favorito para o vice-campeonato.

O GP do México teve Mariachis, muita festa em comemoração ao dia de los muertos (que lá é comemorado alegremente, como um Carnaval) mas emoção na pista que é bom nada. Mais um GP modorrento e previsível. A F1 precisa, com urgência, repensar suas regras. Infelizmente tudo o que foi feito nos últimos anos para fomentar competitividade não foi suficiente.

P.S.: No domingo fez 34 anos do 1º título de Ayrton Senna. Vale ver – ou rever – a entrevista que o brasileiro deu para Reginaldo Leme naquele dia:

P.S. 2: Resta uma única vaga no grid para 2023, na Haas – Mick Schumacher não foi confirmado. Pietro Fittipaldi pilotou no TL 1 na no México, e foi bem, ficando apenas a 2 décimos de Schumacher. O brasileiro agora tem um bom patrocínio, da Oakberry, e crê que pode ser uma alternativa para a equipe americana no próximo ano (embora todos tratem o veterano e recordista de GP’S sem pódio Nico Hulkemberg como favorito para a vaga). Vamos torcer!

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