Cuca e Galo ainda têm 18 rodadas para tentar arrancar no Campeonato Brasileiro. Não seria inédito para Cuca fazer um turno dos sonhos, como já aconteceu no Goiás, no Fluminense que não caiu e no próprio Galo no ano passado. Pensando assim, o que são 10 pontos de diferença para o Palmeiras se comparados com os 99% (noventa e nove por cento) de chances de queda do Fluminense em 2009?
O time não engrenou com o Turco Mohamed comandando os campeões de 2021. Houve mudanças de posicionamento de jogadores importantes em sua gestão. Hulk dividiu o ataque ora com Sasha e ora com Keno – embora já estivesse mais sozinho nos últimos jogos -, Nacho Fernández completou mais jogos sem ser substituído e Keno voltou a ser mais ponteiro e atacante. O Turco também não tinha um modelo de jogo definido, apresentava um futebol mais pragmático e que não guardava as mesmas características nem dentro de uma mesma partida. O que mais chamou atenção, para o mal, foi o desequilíbrio defensivo, com o Galo tomando 23 gols até agora no Brasileirão. Com Cuca, na campanha do “Ai, Credo”, tinham sido somente 14 gols sofridos em 20 rodadas.
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O que podemos projetar, taticamente, são mudanças que tentem espelhar o que o time apresentou de melhor em 2021. Hulk consolidado como o centroavante do time e o Galo voltando definitivamente para o 4-2-3-1. Hulk mantém a liberdade para circular entrelinhas e deixar que outros atacantes se projetem, mas volta a ser a referência no meio do ataque. Keno, com Cuca, era mais um jogador que atacava espaços no corredor central do que nas pontas. Aparecia próximo aos volantes e finalizava de média distância ou atacava o espaço entre zagueiro e lateral adversários. Uma pequena revolução feita por Cuca com um jogador já bastante rodado e consolidado como um jogador de beirada ou um segundo atacante. Taticamente, foi a marca do Galo em 2021. Além de nos mostrar um Keno desconhecido, ainda abria a beirada para a subida de Arana, potencializando muito o lateral do Galo e da Seleção.
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Por fim e um pouco mais difícil de prever é o aproveitamento de Nacho Fernández. Como Turco Nacho jogou mais minutos, foi menos substituído e foi mais organizador que um articulador perto da área adversária. Como o Turco desmontava rapidamente a pressão alta e baixava em linhas defensivas, Nacho, aparentemente, não se desgastava tanto. Mas, com Cuca, o jogo de Nacho era mais denso. Mais intensidade e menos minutos em campo. Menos Nacho na saída de bola e construção e mais do argentino na fase ofensiva dando passes preciosos e assistências.
O ano mudou, alguns jogadores que não estiveram em 2021 chegaram e é diferente planejar as partidas estando dez pontos atrás do líder. Mas há a memória de um bom trabalho, de jogadores que foram potencializados e de um Cuca que mostrou mais que os apelidos de Cucabol e Galo Doido. Mostrou bem mais. Cuca foi o grande técnico no Brasil de 2021. Agora o desafio é grande e o tempo é curto.