Linha de quatro? Três zagueiros? Linha de cinco ou linha sustentada com a volta do meia aberto? O jogo do Corinthians contra o Flamengo pelo Campeonato Brasileiro foi um exemplo prático e claro para o torcedor entender a movimentação defensiva do Timão, em especial o lado esquerdo com Fabio Santos e Lucas Piton.
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Contra o Flamengo, o Corinthians jogou dois terços da partida no 4-2-3-1 e terminou no 5-4-1. Durante o primeiro tempo todo e até o Flamengo se reorganizar ofensivamente após o gol, Lucas Piton era o meia aberto pela esquerda do 4-2-3-1, e Fabio Santos não era terceiro zagueiro; era lateral. Comportamento clássico de linha de quatro, com Rafael Ramos e Fabio Santos recompondo com a zaga quando o Flamengo fazia a transição ofensiva. Lucas Piton, não. Piton vigiava a subida de Rodinei. Se houvesse a dobra pela ponta com Gabigol, baixava sua posição acompanhando o lateral adversário.
Lembram da polêmica com Vinicius Jr. acompanhando Isla em Brasil e Chile? É o mesmo conceito: se o seu time não marca pressão, seus homens abertos precisam acompanhar a descida do lateral ou ala adversário. Piton era o responsável por auxiliar Fabio Santos pela esquerda, e Cantillo fazia o mesmo pela direita com Rafael Ramos.
No último terço do jogo e atrás no placar, o Flamengo adiantou o time, e Dorival fez mudanças que impactaram na troca de esquema do Corinthians. Com Marinho pela direita, Pedro e Gabigol centralizados e Lázaro ou Ayrton Lucas pela esquerda, Vitor Pereira percebeu a necessidade de se defender com cinco jogadores. É quando Fabio Santos se torna o zagueiro esquerdo com Raul Gustavo centralizado e Gil de zagueiro direito. Rafael Ramos e Piton saem, e os alas defensivos da linha de cinco passam a ser Bruno Méndez e Bruno Melo.
Não passa pelos jogadores, mas pelo confronto e pela necessidade de cada jogo. No jogo de volta contra o Boca Juniors, Lucas Piton foi ala defensivo e Giuliano se posicionou aberto pela esquerda para manter o 5-4-1 sem um meia central avançado. No jogo da volta contra o Santos pela Copa do Brasil, também o 5-4-1. Um jogo que já começava condicionado pela goleada na ida. Lucas Piton e Rafael Ramos foram alas defensivos em uma defesa de cinco (Gil, Raul Gustavo e Bruno Melo como zagueiros) que, como padrão, trabalhava em uma linha baixa.
Por fim, a ideia do texto – e do vídeo também (na abertura da coluna) – é mostrar que a pergunta “como joga a defesa do Corinthians” é para ser respondida jogo a jogo. Vítor Pereira demonstra o mesmo cuidado que Abel Ferreira na montagem do sistema defensivo para anular vantagens e tirar proveito do ataque adversário. Números não são linhas de ônibus. São didáticos e ajudam a explicar, respeitando o contexto e o caos de confrontos coletivos e individuais, como é jogado o futebol.