Felipe Rolim: a trilogia do Palmeiras e a paciência de Abel Ferreira para evitar armadilha de Dorival Jr.
Colunista analisa o desempenho do Palmeiras, líder do Brasileirão
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Contra o Corinthians, o Palmeiras saiu vencedor como visitante em um clássico paulista, algo cada dia mais difícil desde a implementação da torcida única. Contra o Flamengo, o Palmeiras entendeu o bloco médio de Dorival e não perdeu a paciência. O jogo contra o Fluminense, mais uma vez o jogo dito como primordial para manter a emoção do campeonato, dará ao Palmeiras um adversário de modelo de jogo mais fechado, que dificilmente fará grandes ajustes.
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Prendendo-nos mais ao jogo contra o Flamengo, dá para afirmar, claramente, que o Palmeiras manteve seu modelo de jogo e utilizou as mesmas armas de sempre. Houve ajustes que desconfiamos com os olhos e checamos com os números no pós-jogo. Ajustes que serviram para o confronto proposto por Dorival Jr. Ajustes de quem já havia estudado o Flamengo e que, dentro de seu modelo, criou o plano de jogo necessário. Um jogo que acabou empatado, que em um recorte isolado parece ter sido melhor para o Flamengo, que jogava fora de casa e descansando algumas estrelas. No entanto, o empate manteve o Palmeiras com oito pontos sobre o adversário mais próximo e freou o rubro-negro.
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O primeiro ajuste: a paciência, o desafio mental dos jogadores em campo a partir da proposta do Flamengo de fazer uma marcação mais baixa para ter campo para contra-atacar. Nitidamente os jogadores do Flamengo reprimindo a decisão de subir para pressionar enquanto os comandados de Abel Ferreira se seguravam para não forçar a saída de bola. O Palmeiras jogando contra um Flamengo mais retraído que o normal teve um pouco mais de posse de bola que o normal. Se adaptou, trocava passes mais lentos e precisos para distribuir o jogo desde a defesa e acelerava o ritmo quando a bola chegava nos pés de Scarpa, Veiga e Dudu. O Palmeiras tem uma média praticamente linear em seus campeonatos (Libertadores, Brasileirão e Paulista) de 54% de posse de bola. Teve 56% de posse contra o Flamengo que começava a pressionar mais na linha dos volantes. Apenas na Copa do Brasil o Palmeiras chegou a quase 60% de média, mas com a clara alteração de dois jogos contra a Juazeirense, que não oferece nível competitivo ao time de Abel Ferreira.
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O segundo e mais importante ajuste do Palmeiras: a construção com seus zagueiros, que eram os homens livres no sistema de marcação do Flamengo. Gómez e Murilo tem condição técnica para sair jogando e isso já acontece, mas contra o Fla de Dorival Jr. houve ainda mais necessidade. Zé Rafael e Danilo tinham marcações próximas e Raphael Veiga também vinha marcado quando voltava para ajudar na distribuição. Para se ter ideia da necessidade e da confiança depositada por Abel em seus zagueiros, Murilo chegou à marca de 73 passes na partida. Ao seu lado, Gustavo Gómez executou 62 passes, incluindo o lançamento que quebrou duas linhas de marcação e parou em Raphael Veiga logo no início do jogo, aproveitando que os atacantes do Flamengo deixaram suas posições e saíram para pressionar. Os 135 passes somados da dupla de zaga do Palmeiras superam e muito o padrão do time, que não costuma chegar a 100 passes começando na dupla de zaga. Para melhorar a comparação, David Luiz e Pablo, juntos, deram 73 passes na partida.
O que os números não mostram: não foram passes excessivamente laterais esperando o desmarque dos volantes, mas passes de progressão, em que Murilo já colocava Gómez mais avançado e o paraguaio já distribuía conduzindo a bola ou achando passes para meias e laterais. Assim que os zagueiros distribuíam o jogo, o Palmeiras entrava no seu padrão de ataque rápido, dribles e infiltrações. Tanto que, se a dupla de zaga assumiu a saída de bola, os meias tocaram menos nela. Gustavo Scarpa (19 passes), Raphael Veiga (21) e Dudu (23) ainda conseguiram se associar na faixa mais povoada do campo, enquanto Rony (6 passes apenas) era acionado mais para concluir os ataques.
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O saldo da vitória fora de casa contra o Corinthians e do empate contra o Flamengo é muito satisfatório, mostrando um Palmeiras confortável como visitante no clássico e tendo que trabalhar mais contra um adversário que mudou a marcação para tentar surpreender. O próximo jogo nos reserva mais um plano de Abel, agora contra o Fluminense de Fernando Diniz, o vice-líder do momento.
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