Felipe Rolim: ‘Convocação da Seleção; o último ensaio’
Tite convocou, nesta sexta-feira, 26 jogadores para dois amistosos da Seleção Brasileira
Definitivamente o técnico da Seleção que mais abertamente falou de termos táticos e que mais foi transparente em suas convicções. Que podemos discordar, mas que guardaram coerência até o fim do ciclo. Mas há alguns mistérios no penúltimo ato, na última convocação antes da lista oficial que embarca para o Catar.
Tite manteve os três goleiros que o acompanharam em quase todo o ciclo. Alisson, Ederson e Weverton. O Brasil está bem servido. E ainda há João Paulo e Cássio que fazem uma temporada brilhante.
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No miolo de zaga, o trio de ferro – Thiago Silva, Marquinhos e Militão – sempre esteve nos planos. Lucas Veríssimo parecia ser o quarto zagueiro, como Leo Ortiz também já foi. Hoje a vaga é toda de Bremer depois de uma temporada muito segura no Torino. Gabriel Magalhães, zagueiro alto e canhoto, ainda parece ter chances, mas o testado será Ibañez, que cresceu demais na Roma com Mourinho.
Ibañez entra na categoria full-back, como se chama na Europa o defensor capaz de atuar em toda a última linha, o que dá a Tite a faculdade de chamar apenas um lateral direito.
Danilo é o único escolhido e o torcedor precisa tirar do imaginário jogadores do perfil de Cafu e Maicon. O lateral pela direita, por uma escolha de modelo de jogo de Tite, é um lateral construtor, que vai trabalhar mais na base da jogada do que fazendo ultrapassagens em velocidade, tão brasileiras quanto o samba. Cabe ao lateral esquerdo pisar mais na linha lateral no campo ofensivo, para que (possivelmente) Vinicius Jr. possa ter mais liberdade de circulação. Alex Sandro e Alex Telles não estão em seu melhor nível e mesmo que estivessem não mantêm o nível do imaginário da nossa Seleção; o de Branco, Roberto Carlos ou Marcelo. Estão mais para o Gilberto, que jogou em 2010 na África do Sul.
Para o meio de campo há seis jogadores convocados e acredito que este seja o número de jogadores que Tite levará para a Copa. Bruno Guimarães, Casemiro, Fred, Fabinho e Paquetá são nomes constantes. Everton Ribeiro volta a aparecer na Seleção e, em minha visão, na vaga de Coutinho. Até nem vejo essa similaridade toda, entendendo que o jogador do Flamengo é mais armador e Coutinho mais atacante. Mas Tite o vê assim e Coutinho, que não vinha bem nem quando foi chamado da última vez, pode ter sua cadeira não tão cativa sendo ameaçada.
No setor ofensivo, que compreende os centroavantes, os ponteiros e os atacantes de faixa central (como Tite vê Neymar e Firmino), o mistério é Gabriel Jesus. Voltou a jogar de centroavante no Arsenal, vem jogando bem e vem fazendo gols, mas não foi convocado. O mais provável é que já esteja encaminhado para a Copa, por Tite o conhecê-lo bem. E também é o setor onde há mais briga por vaga. O outro Gabriel do Arsenal, o Martinelli, não foi chamado e deve ficar para o próximo ciclo. Gabriel Barbosa também parece fora da lista. Neymar, Vini Jr., Antony, Raphinha, Richarlison e Rodrygo estão nos vinte e seis finais.
Sobram Firmino, Matheus Cunha e Pedro. Os três foram convocados, mas uma das vagas pode ser de um lateral direito reserva se um dos zagueiros (ou Fabinho) não assumir a suplência de Danilo. Outra vaga, possivelmente a de Firmino, ainda pode cair no colo de Coutinho, que conta com uma confiança além da expectativa comum com o técnico da Seleção. E ainda tem Gabriel Jesus para voltar para lista. Logo, a briga dos três convocados, mais do que ser dentro do trio, se estende a outros fatores para continuarem na lista.
Os jogos serão contra Gana e Tunísia, mas quem se importa? O que interessa, por ora, é acertar a lista final e desvendar os mistérios desta!