De um lado, a ótima campanha de recuperação do Fortaleza depois de um começo de poucos pontos e a manutenção de Vojvoda como treinador. Do outro, o Atlético-MG, que um dia pareceu que ia lutar pelo título, já trouxe de volta o campeão Cuca e nada aconteceu. Na 33ª rodada do Brasileirão esses dois mundos se encontram em uma briga direta pelas últimas vagas da Libertadores. Como chegam e o que precisará ser ajustado?
O Fortaleza, mandante, rouba o lugar do Galo na tabela com uma vitória simples. Os dois times teriam 47 pontos, mas o Leão levaria vantagem devido ao número de vitórias. É aquele momento do campeonato que algumas vitórias valem mais que outras, principalmente aquelas de confronto direto. Na memória recente das torcidas, o atropelo do Atlético-MG na Copa do Brasil de 2021, quando o Fortaleza vinha cansado pelo acúmulo de jogos, e o Galo voava para ganhar as duas competições nacionais.
Mas o tempo passou, e o Fortaleza vem se reinventando com o mesmo Vojvoda. A contratação certeira de Thiago Galhardo deu nova vida ao ataque do time que funciona muito bem em transições ofensivas de poucos toques e muitas progressões verticais. A faixa central do ataque do Fortaleza virou uma pista de corrida com Galhardo acelerando para as costas da zaga adversária, como se viu no último jogo contra o América-MG.
Mudou o jeito de atacar, mas Juan Pablo Vojvoda continua a sair jogando com três jogadores e um volante, mesmo defendendo com a tradicional linha de quatro. Avança Capixaba (lateral esquerdo) para a linha média do campo e diminui a distância de Benevenuto (ou Brítez) para o lateral direito Tinga.
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Entretanto, o que mais chama a atenção no desempenho do Fortaleza é a sua capacidade de pressionar, de incomodar o adversário grande parte do jogo, congestionando o setor da bola e tentando recuperá-la em todas as partes do campo. O segundo gol contra o América-MG é o melhor exemplo da teoria aplicada na prática.
Já o Galo, que com Cuca foi um time muito intenso em 2021, não consegue reeditar seus melhores momentos. Individualmente, Guilherme Arana faz muita falta, mas o que salta aos olhos é a passividade no momento sem bola. O Atlético-MG perde o jogo contra o Flamengo em uma jogada em que a marcação era frouxa na origem e na finalização. Fabrício Bruno, que lança bem desde os tempos de Red Bull Bragantino, teve a liberdade digna de um jogo dos anos 80 para achar Everton Cebolinha na área atleticana. Cebolinha também não teve dificuldade para ganhar o espaço entre o zagueiro e a bola e partir para a finalização.
Para o confronto no Castelão, os planos de jogo de Vojvoda e Cuca deverão sofrer alguns ajustes. Do lado tricolor, o time da casa deverá ter em Capixaba um lateral esquerdo menos ofensivo, já que é em seu setor que Hulk é mais perigoso. Ou, para não perder a ofensividade de seu lateral, manter um volante mais físico (José Welisson, provavelmente) protegendo o lado esquerdo da defesa. Há, ainda, a possibilidade de um terceiro zagueiro de origem, uma vez que o volante Caio Alexandre está suspenso da partida.
Se o Fortaleza tem cuidados para tomar com Hulk, o Galo precisará vigiar Moisés (ou Pedro Rocha) e Thiago Galhardo de perto. Os atacantes do Fortaleza não fixam a defesa adversária. São jogadores que gostam do um contra um e de dar opção passando da linha da bola. Tanto Moisés como Pedro Rocha afunilam, saindo da marcação do lateral e devem forçar os volantes do Galo (Otavio e Jair, talvez) a deixarem a entrada da área para diminuírem a cobertura de Mariano e Dodô. É nessa movimentação forçada dos volantes que Thiago Galhardo também se movimenta para receber contra a zaga desprotegida. Se o Fortaleza precisa proteger seus laterais contra Hulk e Keno, o Atlético-MG precisa ajustar as coberturas de meio campo sem oferecer a frente da área para Galhardo.
O jogo do próximo dia 24 de outubro promete bem mais equilíbrio que as semifinais da Copa do Brasil de 2021, quando Cuca ainda treinava o Galo e Vojvoda era uma bem-vinda surpresa no futebol brasileiro. Quanto à Copa Libertadores, ambos obtiveram classificação direta para a fase de grupos na temporada, o que não parece que vá acontecer novamente. Principalmente para quem sair derrotado.