O Flamengo que Dorival Junior vem escalando nos jogos do Brasileirão não é o segundo melhor time do Brasil quando empata com o Palmeiras, como também não é um erro estratégico quando empata com o Goiás. Os extremos fazem parte da paixão cega da arquibancada e a verdade costuma estar no meio. O Flamengo de Copas – do Brasil e Libertadores – é uma máquina e o do Brasileirão é competitivo e pode melhorar.
Com o Flamengo garantido em duas finais de Copa, é natural que o clássico com o Fluminense seja visto como o jogo que mostre as pretensões do time no Brasileirão, uma vez que o Palmeiras tem nove pontos de vantagem para a dupla Fla-Flu e oito em relação ao Internacional. Então a hora do Flamengo do Brasileirão melhorar seu rendimento é agora.
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Com uma ausência sentida chamada Arrascaeta, o Flamengo do Brasileirão sem o uruguaio muda o jeito de jogar, saindo do 4-3-1-2 ou 4-4-2 em losango para o 4-3-3. E Dorival vem mantendo o 4-3-3, independente do adversário. Até contra times que o Flamengo enfrentou dentro e fora do Brasileirão, como Corinthians, Athletico-PR e São Paulo, o esquema com três homens de frente foi mantido no campeonato de pontos corridos.
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Mas a diferença não é só trocar Arrascaeta por um garoto (Victor Hugo ou Lázaro) que seja o centroavante exercendo a função de Falso 9. Os dois homens de lado, Marinho e Cebolinha, precisam subir o nível de suas atuações. Marinho é um jogador muito específico. Rende muito conduzindo em velocidade e em espaço curto da direita para dentro. Não é um grande assistente, não é de fazer triangulações e rende muito pouco quando assume o corredor esquerdo. Em suma, não é versátil em alto nível, mas muito perigoso finalizando as jogadas com sua perna esquerda. Cebolinha também ainda não correspondeu ao barulho de sua contratação. Vem de temporada mediana em Portugal e assim continua, longe de ser aquele jogador do Grêmio que prendia marcadores e desequilibrava defesas.
Há também uma diferença sutil no lado esquerdo do Flamengo do Brasileirão, que tem em Ayrton Lucas um lateral mais ofensivo que Filipe Luis, que se projeta mais e que passa mais da linha da bola. Ao seu lado, como meia esquerda, joga Arturo Vidal, que não guarda posição e sempre se posiciona perto do centro do jogo, perto da bola quando ela pertence ao Flamengo. Sem Filipe Luis e João Gomes acaba sendo um lado mais vulnerável. É também no Flamengo do Brasileirão que os novos contratados e as crias do Ninho entram com maia facilidade no time, gerando, por enquanto, a natural falta de entrosamento. Pulgar, Varela, Matheus França e Matheusão são exemplos fáceis.
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Nos números quantitativos, o Fla mantém uma linha comum nos pontos corridos e no mata-mata, com uma média de 14 finalizações e 55% de posse de bola. Nas métricas qualitativas a diferença aparece mostrando menos intensidade de jogo e menos ataques perigosos. A intensidade comumente se mede pelo número de passes trocados a cada ciclo de posse de bola. No Brasileirão o Flamengo troca 4.7 passes e nas Copas a média sobe para 5 passes. Duas ótimas médias, inclusive. Mas o calcanhar é o ataque, com o Flamengo das Copas criando mais ataques perigosos (xG de 1.89) e convertendo mais em gol (2.26 em média). O Flamengo do Brasileirão é menos perigoso no ataque (xG de 1.75) e menos eficiente para converter os ataques perigosos em gol, tendo marcado 1.58 em média por jogo.
Os números do Flamengo no Brasileirão estão longe de serem ruins ou medianos. São números de G4. A máquina das Copas ofusca e a distância para o Palmeiras, também. Há margem para melhora e talvez haja tempo. Com isso o Clássico contra o Fluminense vira mais uma decisão.