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Felipe Rolim: Fluminense x Corinthians – Vítor Pereira tinha razão de elogiar

Colunista do LANCE! fala sobre os principais destaques do Brasileirão


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“O Fluminense é uma obra”, “podia ter vindo uma coisinha mais fácil” e “uma forma de jogar tão particular”. Foi assim, com essas tiradas, que Vitor Pereira se referiu ao adversário do Corinthians da última rodada do Brasileirão. Isso, antes do jogo, como já havia feito depois de derrotar os comandados de Fernando Diniz na Copa do Brasil. Elogios, mas não muito, para não sofrer com críticas, porque Vitor Pereira já entendeu como a banda toca no Brasil. Mas quando o assunto é Fernando Diniz os elogios saem com facilidade.

Fluminense x Corinthians - Arias
Flu bateu o Corinthians (Marcelo Gonçalves/Fluminense)

Um elogio especial é quando Vitor Pereira fala em um jeito “particular” de jogar. Com esse jeito particular o Fluminense já goleou, empatou, perdeu e agora ganhou do Corinthians dentro da Neo Química Arena. Diniz já disse no “Bem, Amigos” que seu jogo é de posse mas não se confunde com o jogo de posição de Pep Guardiola. E não se confunde, mesmo. Contra o Corinthians o Fluminense impôs seu jogo de aglutinar jogadores em um só corredor. Parece simples, mas está longe de ser. Requer concentração e tomada de decisão sob pressão a todo instante, mas o resultado, quando dá certo, é bonito de se ver.

Com a sobrecarga de jogadores no centro do jogo, Diniz busca a desorganização das linhas adversárias e a superioridade numérica. Se o Corinthians marca com três, aparece o quarto jogador tricolor; se vier o quarto corintiano, vem o quinto do Fluminense e por aí vai. Além da busca pela superioridade no setor da bola, no espaço de ajuda mútua como se convencionou chamar, Diniz sempre tem um jogador que se coloca exatamente após a pressão adversária. Esse é o destinatário do passe-chave, que vai receber, orientar o domínio para progredir e acelerar o jogo em um campo mais aberto. Esse mecanismo fez crescer a importância de Ganso para achar o passe vertical, e a de John Arias, sendo o homem livre após a linha de marcação com a função de acelerar o ataque.

O Fluminense também não quer o jogo de transição e de contragolpes, por seu estilo de jogo e pelo seu ataque não se apoiar em velocistas. Ganso e Cano definitivamente não se beneficiam em um jogo de rapidez e força, bem como Arias também não é exatamente um jogador de sprint. Quando o time de Diniz é o protagonista o ataque organizado entra em cena. Não dá para confundir com cadência, porque há a movimentação de desmarque contínua do tricolor na saída de bola. Trazendo os números, o Fluminense tem uma média de mais de 29 ataques organizados por jogo no Brasileirão. No entanto, tem menos de dois contragolpes, em média, por jogo, o que ratifica a escolha do técnico.

Mas o que chamam de Dinizismo ainda não está maduro e o próprio admitiu recálculos na rota após a boa série de vitórias. O que é normal, independente do modelo de jogo adotado. Essa onda de apelidar os trabalhos autorais dos técnicos vem, primeiramente, do Cholismo, mas Simeone está há mais de uma década no Atlético de Madrid. O mais perto que tivemos, em alto nível, no Brasil, foi o “Renatismo” no Grêmio.

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Toda essa busca por conceitos dificulta claramente a defesa adversária. Como jogar em linha contra quem aglutina quase o time todo em um só corredor? Como defender em bloco médio dando o primeiro terço do campo para quem sustenta a saída de bola com praticamente nove jogadores? Como marcar pressão se terá que utilizar praticamente o time todo para pressionar campo inteiro? São perguntas que os adversários precisam responder antes de jogar contra o Fluminense, que acaba vendo o duelo acontecer com encaixes e perseguições que tem que ser muito bem coordenadas.

O Fluminense de Fernando Diniz encanta e preocupa técnicos adversários e torcedores tricolores que não querem ver a bola rondando a área de defesa por tanto tempo. Nem sempre dará certo, mas temos que concordar que essa é a melhor temporada de Fernando Diniz.

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